Mercado de arroz permanece travado e com liquidez mínima
(Por Correio do Povo) Refletindo um ambiente de profunda instabilidade, o mercado de arroz permanece travado, operando com preços nominais e liquidez mínima. A constatação é do analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira.
As indicações regionais oscilam em patamares estreitos: na Fronteira Oeste gaúcha, os preços giram entre R$ 59 e R$ 61 pela saca de 50 quilos, enquanto na Campanha as referências se mantêm entre R$ 60 a R$ 62 a saca. “Esse quadro de estagnação não se limita aos números, mas tem se refletido diretamente no aspecto emocional e financeiro de toda a cadeia”, acredita Oliveira.
Segundo o analista, produtores, indústrias e corretores encontram-se desmotivados e sob forte pressão: rizicultores questionam a viabilidade de seguir na atividade, seja pela falta de recursos ou pelo baixo retorno, enquanto as indústrias relatam operar no prejuízo, com volumes comercializados bem abaixo da média histórica e em patamares de preço insustentáveis.
“O cenário se agrava com a notícia da reestruturação financeira de um dos grandes compradores do setor, adicionando mais incerteza a uma cadeia já fragilizada”, acrescente o consultor.
No front externo, a importação de arroz do Mercosul volta ao debate como um ponto sensível, dado o peso dos acordos internacionais. “O Brasil, com produção próxima de 15 milhões de toneladas frente a um consumo de cerca de 10,5 milhões, enfrenta o dilema de ajustar sua oferta interna ao equilíbrio de mercado”, pondera o analista. “Ainda que o ambiente atual seja adverso, prevalece a leitura de que se trata de uma crise passageira”, ressalta.
Em busca de medidas
A expectativa é de que a significativa redução de área projetada encurte o ciclo de baixa mais rapidamente do que se imagina, criando condições para uma recomposição gradativa da relação entre oferta, demanda e preços. “Para isso, no entanto, será essencial que o setor não permaneça inerte, mas busque medidas coordenadas de ajuste e reposicionamento, evitando que a retração momentânea se converta em uma erosão estrutural da competitividade da cadeia do arroz no Brasil”, destaca Oliveira.
A média da saca de arroz no Rio Grande do Sul (58/62% de grãos inteiros, pagamento à vista) encerrou a quinta-feira cotada a R$ 62,15, queda de 5,83% em relação à semana anterior. Na comparação com o mesmo período do mês passado, a baixa era de 10,88%, enquanto, em relação a 2024, a desvalorização atingia 47,50%.


