Mercado deve interromper trajetória de baixa
Esta perspectiva tem respaldo no quadro de oferta e demanda apertado e no bom desempenho das exportações do Brasil no primeiro trimestre deste ano comercial.
O mercado brasileiro de arroz manteve um ritmo moroso na comercialização. Na terceira semana de agosto, a saca de 50 quilos do grão em casca foi cotada a uma média próxima a R$ 27,00 no Rio Grande do Sul, principal balizador.
– A tendência é que a trajetória de baixa, iniciada no último dia 20 de julho, perca força – aposta o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento.
Esta perspectiva tem respaldo no quadro de oferta e demanda apertado e no bom desempenho das exportações do Brasil no primeiro trimestre deste ano comercial.
– Porém, a valorização do real frente ao dólar continua sendo um importante limitador de uma recuperação mais acentuada – adverte.
A boa notícia veio do mercado internacional, onde os preços reagiram, refletindo a forte quebra na safra 2009/10 de arroz da Índia. A produção do segundo maior produtor mundial, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), foi reduzida de 99,5 milhões de toneladas (beneficiadas), para 84,0 milhões. Na safra 2008/09, foram 99,15 milhões de toneladas (beneficiadas).
– Portanto, a redução na Índia em 2009/10 é de 15,6% em relação ao projetado no mês passado – frisa Bento.
Neste contexto, a estimativa de exportações da Índia caiu de 4 milhões de toneladas para apenas 1,5 milhão.
– E isto é extremante importante, pois a entrada do país asiático como um dos maiores exportadores era o principal fator baixista do mercado global – comenta.
Para o Brasil, este cenário significa a manutenção da tendência de expansão das vendas externas. Além disso, abre espaço para exportações dos Estados Unidos, Uruguai e Argentina.
– Isto pode fazer com que os preços nestas origens fiquem mais firmes e, consequentemente, reduzam o impacto da valorização do real frente ao dólar na paridade de importação e exportação – acrescenta.
Com a entrada do Brasil no mercado global como comprador e vendedor de arroz, os preços internacionais e o câmbio ganham cada vez mais importância como pilares de sustentação doméstica. Segundo o analista, os números de abastecimento interno são apertados e mostram a necessidade do país importar.
– O preço que este cereal chegará ao mercado doméstico determinará o comportamento das cotações – conclui.