Mercado do arroz à espera de um fato novo: a intenção de área semeada
(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados/Planeta Arroz) Com a retração do consumo registrada no primeiro semestre e, agora, com uma queda sentida na demanda por exportações de arroz do Brasil por causa da boa safra norte-americana que deverá nortear o abastecimento das Américas, a conjuntura de mercado no Rio Grande do Sul e no Brasil demandará um fato novo para reverter, a partir de setembro, a queda gradativa dos preços que está registrando em agosto.
O aquecimento das exportações e o anúncio da oferta de 110 mil toneladas de grãos dos leilões de contratos de opções pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) asseguraram uma recuperação de 4,2% em julho e relativa estabilidade nos primeiros dias de agosto.
Mas, sem volume expressivo nos novos pedidos internacionais, os bons números da safra estadunidense e as taxas anunciadas por Donald Trump, de 50%, sobre os produtos brasileiros exportados aos EUA – que são o segundo maior comprador de arroz branco de alta qualidade – além da pressão da grande oferta da safra 2024/25 do Mercosul, é preciso que surja novo fator para dar sustentação às cotações em patamares que ao menos compensem o custo de produção. Atualmente, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) avalia que o custo médio de produção não baixa de R$ 95,00 por saca de 50 quilos, valor mínimo para que o produtor “empate” com o desembolso.
FATO NOVO
Desta maneira, há quatro caminhos possíveis para uma quase improvável recuperação mais robusta nos preços: um aumento significativo do consumo, o que não acontece há décadas; a retomada de um volume expressivo de exportações, que diante do cenário de colheita abundante estadunidense não parece ser viável; nova intervenção do governo brasileiro no mercado por meio de aquisições ou contratos de opções em valores acima do preço mínimo e de mercado; ou o mais provável que é o anúncio da intenção de área semeada no Rio Grande do Sul – e no Mercosul.
A expectativa inicial é de que mesmo com as barragens cheias nesta entrada da época de plantio, haja uma retração de pelo menos 5% na área gaúcha a ser plantada, que com a previsão de La Niña tende a ser substituída, em parte, pelo aumento da área com soja em terras baixas. Ainda assim, se o clima se comportar entre Neutro e La Niña, pelo histórico, as produtividades tendem a ser mais altas por causa da maior disponibilidade de radiação solar e o ingresso no ciclo arrozeiro com água em abundância.
LIQUIDEZ
O mercado de arroz em casca no Rio Grande do Sul segue com baixa liquidez, devido à retração de compradores e vendedores, numa conjuntura de preços externos e internos em queda e com os leilões governamentais com valores acima dos praticados no mercado já no passado. Nesse cenário, os produtores optam por esperar antes de firmar novos compromissos, segundo o Cepea/Esalq.
Indústrias, pressionadas pela difícil comercialização do arroz beneficiado ao varejo e atacado, mantiveram limitações para repassar preços mais atrativos ao produto em casca. A preferência foi por negociar pequenos lotes já depositados — mas ainda pontuais — nas unidades de beneficiamento. Essas características refletem um mercado marcado por incertezas e negociações cautelosas.
PREÇOS EM QUEDA
Entre 15 e 22 de agosto, o Indicador Cepea/Irga‑RS (58% de grãos inteiros, pagamento à vista) caiu 1,3%, encerrando em R$ 67,85 por saca de 50 kg em 22 de agosto — terceira semana consecutiva de queda. No mês, a desvalorização chega a 2,2%; no acumulado do ano, 31,6%; a média mensal ficou 0,9% abaixo da de julho, e 41,6% inferior à de agosto de 2024, segundo dados do Cepea.
Nas microrregiões: Planície Costeira Interna –0,36% (fechando em R$ 70,16); Campanha –0,45% (R$ 65,88); Depressão Central – 0,54% (R$ 66,18); Fronteira Oeste –1,92% (R$ 67,57); Zona Sul –2,44% (R$ 68,59). Outros rendimentos também recuaram entre 15 e 22 de agosto: 50–57% de grãos inteiros –1,78% (R$ 65,55); 63–65% –1,24% (R$ 69,28); 59–62% –1,14% (R$ 68,24). As chuvas intensas e enchentes em partes do estado dificultaram carregamentos, paralisaram negócios e reforçaram a baixa comercialização. O Indicador CEPEA/IRGA‑RS fechou a R$ 67,40/sc, queda de 0,49% em relação ao dia anterior.
CENÁRIOS
A safra brasileira de arroz 2024/25 tem projeção de crescimento em 12,32 milhões de toneladas, uma alta de cerca de 16% sobre o ciclo anterior. Além disso, o Mercosul (Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil) gerou excedente de cerca de 5,5 milhões de toneladas comparado ao consumo da região, o que poderá levar a um estoque de passagem superior a 2,5 milhões de toneladas no Brasil ao final do ano. Uma safra “normal” no Mercosul, ainda levaria, segundo boa parte dos analistas e agentes de mercado, à expectativa de preços efetivamente remuneradores apenas em 2027. O que, obviamente, não é o cenário ideal para o setor.



2 Comentários
De que fonte tu tiraste essa redução de apenas 5% Claiton???? O Banco do Brasil não está enprestando $$$ sem garantias reais… O preço do arroz 424, 58/59, liquidos R$ 63,30 na fronteira-oeste… Custo de R$ 95,00… Reduzir 5% na área cultivada nem de perto será um FATO NOVO!!! Se não houver uma redução geral de no mínimo 20% os preços não chegarão aos R$ 80,00… Quem quiser arriscar e teimar vai quebrar a cara!!! Ano passado avisei… Esse ano tão tudo apavorado querendo protestar na Expointer!!! Esperar soluções desse governo fálido e populista é pura perda de tempo… Quem plantar vai vender a R$ 50,00 no próximo ano e dai sim, vão ter que vender as terras e os maquinários para pagar as contas! Plantem soja… Não queimem as gorduras com o que só vai dar sérios prejuízos pessoal!!! Sigam o exemplo dos Argentinos…
Concordo com o senhor seu Flávio o poblema é meter na cabeça de alguns produtores q tem q diminuir eu já estou com 60% das minhas áreas direcionada para soja.diminui 30% do arroz e acertei soja mas o q vejo na minha região q tem muito produtor q não quer plantar soja .