Mercado do arroz aquecido não supera crise, diz UCR

 Mercado do arroz aquecido não supera crise, diz UCR

Kochenborger: falta apoio ao produtor de arroz

Presidente Ademar Pinto Kochenborger afirma que lavoura está quebrada.

Apesar do arroz estar sendo vendido por R$ 50,00, o presidente da União Central dos Rizicultores (UCR), Ademar "Pinto" Kochenborger, afirma que o valor não é suficiente para o produtor rural superar a crise, pois amarga um prejuízo médio hoje de R$ 9,22 por saca, considerando a produtividade média de 6,9 mil quilos por hectare de lavoura. Ao analisar o cenário do arroz, Pinto enfatiza que grande parte dos agricultores não tem mais o produto para negociar e aproveitar este aquecimento do mercado. “A maioria dos produtores vendeu na faixa entre R$ 40,00 e R$ 42,00 a saca. Atualmente, o preço atingiu o patamar de R$ 50,00. Fica muito claro que houve o interesse escuso em não divulgar a verdade, ou seja, a quebra da safra é muito maior”, dispara Pinto.

O levantamento da safra feito pelo Instituto Rio Grandense do Arroz aponta uma quebra na casa dos 16%, com uma colheita de 7,3 milhões de toneladas no estado neste ano. Pinto não concorda com estes dados e a UCR estima que a quebra seja ao redor de 40% no estado. Segundo o Irga, a área semeada nesta safra chegou a 1,084 milhão de hectares no estado, enquanto Pinto afirma que o plantio apenas beirou um milhão de hectares. Para ele, alguns questionamentos são obrigatórios neste momento pós-colheita, como a real redução da produção e a acelerada alta nos preços.

Ele observa que o fenômeno climático “El Niño” realmente impactou negativamente na lavoura de arroz. Porém, o presidente da UCR destaca que colocar unicamente no clima a responsabilidade “pela elevada e real quebra da safra é faltar com a verdade ou desinformar a população”. Apesar de ainda não saber quem, Pinto acredita que existe gente tentando quebrar com os produtores para permitir que o mercado brasileiro passe a ser abastecido com arroz de fora, talvez o produzido nos Estados Unidos.

QUEBRADOS

Pinto enfatiza que atualmente observa-se um grande desânimo entre os produtores, que estão gradativamente abandonando a lavoura de arroz. “Muitos estão ficando pelo caminho, sofrendo arrestos, execuções, com baixa autoestima e com um elevado endividamento junto aos bancos e fornecedores de insumos. Hoje posso afirmar categoricamente que o arrozeiro quebrou”, desabafa Pinto, dono de uma lavoura de 600 hectares na Porteira Sete.

Segundo Pinto, nas últimas safras o resultado negativo, basicamente gerado pela elevação no custo de produção e baixo preço de venda, inviabilizou a lavoura de arroz. Ele observa que, enfraquecido e sem acesso a crédito oficial, o produtor ficou dependente dos engenhos, fornecedores e agiotas, o que lhe obrigou então a reduzir a tecnologia empregada na lavoura e a área de plantio, gerando desta forma um rombo financeiro. Pinto entende que isso exige uma nova securitização pelo prazo mínimo de 20 anos.

Arroz deveria valer R$ 80,00

O presidente da União Central dos Rizicultores, Pinto Kochenborger, afirma que o arroz vendido por R$ 50,00 a saca não salvará os produtores. “Há muito pouco arroz na mão do produtor e, pela produtividade média da safra, ele não cobre o custo de produção”, lamenta Pinto, acrescentando que, utilizando a inflação dos últimos 20 anos, a saca deveria custar R$ 80,00. Diante do cenário atual, Pinto alerta que grande parte dos arrozeiros não possui condições financeiras para encarar a próxima safra. “Das últimas 12 safras, em nove o produtor de arroz amargou prejuízo”, justifica Pinto.

UMA PERGUNTA

E as negociações solicitando ajuda do governo federal?

“O produtor sente-se abandonado, não tendo a quem pedir socorro. Nas diversas reuniões que ocorreram junto aos órgãos governamentais, vários documentos e relatos foram entregues, parte na última Fenarroz e outra parte diretamente nos gabinetes de Brasília. De concreto, como resposta, pouca coisa ou quase nada. Comentam de uma prorrogação por cinco anos para aqueles atingidos pelas enchentes, fato que não resolve e não enfrenta a crise, que é a falta de renda do produtor”, lamenta o presidente da UCR, Pinto Kochenborger.

3 Comentários

  • sr ademar arros produzido nos estados unidos 80% e hiblido com 50×18 gr e jessado

  • A que ponto deixaram chegar essa lavoura centenária e produtiva do alimento base do povo brasileiro…além de milho e feijão, agora vamos escancarar a falta de arroz. A saída é o que o Ademar aponta: limpar o CPF dos agricultores e apresentar um plano de REESTRUTURAÇÃO do setor, com prazo compatível de 20 anos, pagando um percentual do faturamento de 4 ou 5%, assegurando através de uma política agrícola uma comercialização que cubra o desembolso.

  • Vizzotto, o arroz americano tem um custo que varia de US$12,00 no Arkansas a US$20,00 na California, entretanto creio que nossos custos reais estão mais proximos ao custo da california, lá entretanto o produtor recebe pagamentos do governo para produzir, ou não produzir são os chamados direct payments aos agricultores que totalizam perto de 30 biliões de dolares anuais. Eles exportam o arroz excedente a valores abaixo do custo real para poderem exportar. Um detalhe esse custo é por cwt ou seja saca de 50kg. O impacto na economia mundial de arroz desse desconto para exportação provoca uma baixa na cotação do arroz no mercado mundial de arroz de 4 a 6% no preço. (Grain Drain: The Hidden Cost of U.S. Rice Subsidies) http://www.cato.org/publications/trade-briefing-paper/grain-drain-hidden-cost-us-rice-subsidies.
    Na realidade o preço praticado no mercado mundial está portanto abaixo do real em 4 a 6%
    A união européia inclusive paga a jovens agricultores para que permaneçam em atividade no campo e pagam subsídios diretos (direct payment) para os produtores agrícolas. Direct support schemes for European farmers http://www.europedia.moussis.eu/books/Book_2/6/21/04/02/?all=1
    Agora mais informações para alguns que dizem que existe livre mercado para produtos agrícolas na Europa, leiam os esquemas de ajuda diretos aos agricultores da união européia – Direct Aids Schemes http://ec.europa.eu/agriculture/direct-support/direct-payments/docs/direct-payments-schemes_en.pdf
    Ao Sr. Bud Fox por favor leia esses artigos e depois me confirme que existe livre mercado na Europa.
    O arroz se não tiver garantia de preço mínimo real, com uma margem de rentabilidade não tem condições de dar renda ao produtor, não adianta prorrogar para pagar sejam até em 100 anos, sem renda vamos todos quebrar e a produção vai pro saco, somos a grande maioria doentes terminais, vamos morrer logo logo.
    Ouvi de uma solução proposta de o governo entregar dinheiro para a industria financiar o produtor é tiro no pé, estamos hoje onde estamos graças a grande industria, assim vamos todos virar capataz sem salário e sem carteira assinada da industria, similar a trabalho escravo. Neo colonialismo no século 21 similar a relação do seringueiro com o dono do seringal nos anos 1900, vamos regredir mais de 100 anos.

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