Mercado do casca apresentou estabilidade nos últimos dias, mas a tendência é de começar a apresentar recuperação

Nas próximas duas semanas a previsão é de redução no ritmo das atividades de colheita considerando que a evolução do plantio ocorrido em novembro foi muito lento devido às más condições climáticas.

O preço do arroz em casca no RS depois de amargar dois meses consecutivos de baixa, apresentou estabilidade nas cotações na última semana, com o Indicador Esalq fechando estável em $ 26,99 na quarta-feira (variação de 0,07% na semana e -7,6% em março).

Os números divulgados semanalmente, pelo Irga, estão confirmando a quebra da safra no Ro Grande do Sul, sendo que o último dado informado hoje, 01 de abril, indica que 50,4% da área foi colhida, e a produtividade média alcançada é de 7.023 kg/há, 500 Kg, por hectare, inferior ao mesmo período plantado no ano anterior, quando a época de implantação da cultura atinge os melhores resultados de lavoura, segundo Maurício Fischer, Presidente do Irga.

Nas próximas duas semanas a previsão é de redução no ritmo das atividades de colheita considerando que a evolução do plantio ocorrido em novembro foi muito lento devido às más condições climáticas.

A expectativa segue de retração em torno de 13% o que resultaria na safra gaúcha em torno de 7 milhões de toneladas, mas com a agravante de que 35% da área foi implantada tardiamente. A safra brasileira está estimada em 11,5 milhões de toneladas, com redução de 8,7% sobre a anterior.

Os números de redução na oferta, efetivamente contribuem para um quadro de suprimentos muito ajustado para a safra 2010, cujo estoque final, deverá ser abaixo de 1 milhão de toneladas, o menor dos últimos dez anos, "indiscutivelmente, é um fundamento importante na composição dos preços neste ano-safra”, segundo Marco Tavares, Assessor do Irga.

A necessidade de importações acima de 1 milhão de toneladas para atender o consumo doméstico é outro fator que deverá pressionar as cotações do mercado interno, pois a exemplo do Rio Grande do Sul, os outros países produtores do Mercosul, Uruguai, Argentina e Paraguai, também deverão apresentar quebras estimadas em 15%, o que resultará na redução de aproximadamente 400 mil toneladas de excedentes exportáveis, segundo Rubens Silveira, Diretor Comercial do Irga. Em 2009, mais de 1 milhão de toneladas das exportações do Uruguai e da Argentina foram destinadas a terceiros mercados.

A redução na oferta por grande parte de produtores, em plena safra, devido à utilização de mecanismos de financiamento de estocagem, como o EGF, que proporciona capital de giro e liquidez e que também possibilita realizar a venda num momento de mercado mais favorável, com recursos disponíveis em R$ 600 milhões no Banco do Brasil, está contribuindo para reduzir a pressão nos preços, neste momento de safra.

Segundo a Superintendência do BB até o final de março foram negociados R$ 90 milhões através deste mecanismo, com o saldo disponível superior a 500 milhões, que poderão ser contratados até dezembro e com penhor reduzido para 15%(contra os 25% anteriores) e que favorece um escalonamento no fluxo de caixa do produtor e também na oferta, para a liquidação futura do contrato.

A alteração no padrão de classificação do arroz através da publicação nesta semana, da IN 12, aumentando a tolerância para os defeitos “vermelhos e pretos” e “amarelos” “permitirá maior flexibilização e destravamento nas negociações na safra onde as perdas quantitativas e qualitativas são inquestionáveis” segundo Gilberto Amato, Assessor do Irga.

Por outro lado, o cenário internacional, embora com preços estabilizados, deverá apresentar uma leve retração na produção e o quadro de oferta mundial, deverá apresentar uma redução dos estoques finais, em relação ao ano anterior.

Também o cenário mais favorável, depende de outros fatores importantes, como, o comportamento do câmbio, com impacto direto nas importações e nas exportações, cujo número projetado ainda é uma incógnita, assim como o comportamento dos preços internacionais, que determinará maior ou menor competitividade para o cereal nacional. Também se faz necessário, a alocação de recursos, já previstos, para a realização dos leilões de opções do arroz, para dar sustentação ao mercado e também um preço de referência nesta “intricada” safra de 2010, são outros fatores importantes para o mercado, conforme Tavares.

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