Mercado monopoliza inquietações de produtores de arroz

Preocupação é de que a conta não fecha entre preço pago a arrozeiro e o custo.

Mesmo que a intenção seja direcionar para um viés mais técnico e ter menos discursos na programação da 28ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, entre 21 e 23 de fevereiro, em Cachoeirinha, os temas de mercado dominaram, nesta segunda-feira (29), a apresentação do evento. A grande preocupação é a conta, que outra vez não fecha, entre preço pago aos produtores, hoje de R$ 36 a R$ 38 a saca de 50 quilos, em plena entressafra, enquanto o custo varia de R$ 43 a R$ 47.

– E isso sem indicação de supersafra. O produtor não vê, no horizonte, remuneração melhor – disse o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), Henrique Dornelles, lembrando que, devido a problemas climáticos e redução de área, a expectativa é colher no Estado 8,2 milhões de toneladas, ante 8,5 milhões de toneladas em 2017.

O coordenador da Comissão do Arroz da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Francisco Schardong, lembrou que a crise atual agrava a situação já delicada dos orizicultores.

– Cerca de 70% dos produtores não têm condições de buscar financiamento no banco – destacou.

O vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Nestor Bonfanti, ressaltou ainda que, enquanto o Planalto celebra o controle da inflação, em grande parte devido à queda dos preços dos alimentos, o quadro significa desequilíbrio que pode pender para outro lado da balança pela possibilidade de agricultores desistirem da cultura.

– Quem compra hoje um produto mais barato, em pouco tempo vai pagar mais caro – alertou.

A abertura oficial da colheita será na estação experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), em Cachoeirinha. Aspectos técnicos, integração com pecuária, rotação com soja, gestão e mercado serão alguns dos temas na pauta.

O Irga também vai apresentar nova cultivar de arroz, adiantou Maurício Fischer, diretor técnico da autarquia.

A semana será agitada para os arrozeiros. Além de encontro da Câmara Setorial do Arroz, uma reunião de produtores com a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura será a oportunidade para discutir alternativas como Prêmio para o Escoamento de Produto (PEP), Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) e Aquisições do Governo Federal (AGF) para escoar a produção e sustentar preços. Amanhã, em Restinga Seca, está prevista manifestação de produtores.

Dornelles também estima que, daqui a um ano, o estoque de passagem no país caia para 1 milhão de toneladas, melhorando as cotações. Hoje o volume é de 1,5 milhão de toneladas.

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