Mercado morno no Sul

Férias de julho interferem no mercado do arroz. Grande expectativa dos gaúchos e catarinenses para os leilões dos contratos públicos, apesar da queixa sobre os preços e prazos de pagamento.

As férias escolares de julho, definitivamente, estão afetando o mercado brasileiro de arroz. Esta é uma posição unânime entre as diretorias comerciais das indústrias gaúchas e catarinenses. A semana abriu com o mercado bastante fraco para o arroz em casca e também o beneficiado. Poucos negócios de maior expressão estão acontecendo. Os produtores, aguardando os resultados do primeiro leilão dos contratos públicos de opção, também estão segurando o produto.

Existe uma tendência de aumentar a oferta de produto em casca em regiões que estão pagando um pouco melhor pelo produto de alta qualidade, como é o caso da Fronteira-Oeste e do Litoral Norte (R$ 22,00 a R$ 24,00 pelo saco de 50 quilos de arroz com 63% acima das variedades Irga 417 e Irga 409). Esta oferta seria pressionada pelo vencimento dos contratos de custeio, que ainda não têm nenhuma garantia de prorrogação.

O arroz em casca, com 58% de inteiros, tem preço médio variando de R$ 19,50 a R$ 20,00 na maior parte das regiões gaúchas e catarinenses. No Mato Grosso, o arroz primavera com mais de 50% de inteiros continua chegando com preço final em Cuiabá de R$ 20,50. O cirad é cotado entre R$ 14,00 e R$ 15,00 posto em Cuiabá (MT).

BENEFICIADO

O mercado do arroz beneficiado esfriou bastante neste início de semana. O diretor comercial de uma importante indústria gaúcha afirmou que além das férias escolares interferindo no mercado, a competição é feroz entre os beneficiadores nacionais e do Mercosul, que chega a São Paulo com preço final de R$ 31,50 (fardo 30kg, beneficiado, tipo 1), valor raramente alcançado pela indústria nacional.

– Estamos tentando manter o fardo na faixa de R$ 31,00 posto em São Paulo, mas está muito difícil. Já existem algumas indústrias operando abaixo para cargas maiores, como R$ 30,50 – revelou.

Segundo este mesmo diretor, o mercado ainda está sendo prejudicado pela ação de algumas empresas gaúchas que adotaram a estratégia de aumentar a carteira de clientes e estão oferecendo produto em São Paulo por até R$ 28,00 de preço final. Esta semana uma grande rede de supermercados do eixo Rio-São Paulo anunciou que está fechando a compra de 70 mil fardos de arroz, tipo 1, com uma empresa da região da Campanha. O saco de cinco quilos de arroz deverá ser ofertado ao consumidor final por R$ 3,98.

Assim, o fardo de 30 quilos chegaria ao consumidor final por R$ 23,88. Considerando pelo menos 5% de margem da indústria, este produto estaria sendo vendido a R$ 22,69, preço final posto no destino. A negociação ganhou repercussão esta semana, com corretores e indústrias afirmando que trata-se de uma violência contra o mercado.

Há muito produto sendo ofertado nos supermercados paulistas por R$ 4,98, sacos de cinco quilos de arroz branco, tipo 1. Nestas condições, um fardo de 30 quilos (seis pacotes de cinco quilos) chega ao consumidor final com o preço de R$ 29,88. Todavia, na maior parte das vezes, isso se refere às marcas do Mato Grosso que chegam a São Paulo entre R$ 22,00 e R$ 28,00 de preço final, dependendo da marca e do cultivar (cirad ou primavera).

O fardo de 30 quilos de arroz branco com origem no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina é negociado com dificuldade por R$ 31,00 , preço final em São Paulo. É grande a pressão em direção aos R$ 30,00. O fardo do Mato Grosso é cotado entre R$ 25,00 e R$ 28,00 (primavera) e R$ 22,00 e R$ 25,00 (cirad).

AQUECIMENTO

Alguns nichos de mercado seguem bastante aquecidos nos principais estados produtores de arroz. É o caso do arroz de qualidade inferior (40% de inteiros) para parboilização, cujo saco de 60 quilos é cotado entre R$ 11,30 (cirad) e R$ 15,00 (primavera) postos em Cuiabá, da quirera (60kg) que perdeu preço, mas segue bastante procurada (R$ 20,50) no Rio Grande do Sul e do canjicão (quebrado) que é negociado na faixa de R$ 24,00 o saco de 60kg.

EXPECTATIVA

A expectativa do mercado do Sul do Brasil está toda focalizada no leilão de contratos públicos de opção que acontece nesta quarta-feira, com preço de R$ 24,00 para pagamento em 14 de setembro. Lideranças gaúchas ainda querem antecipar o prazo de exercício para agosto, mas a possibilidade é considerada remota mesmo pelos produtores. A expectativa é que a organização dos produtores dê resultado e que o ágio nas operações seja mínimo para eqüalizar preços no Rio Grande do Sul e Santa Catarina na faixa de R$ 22,50 a R$ 23,00 para o saco de 50 quilos com 58% de inteiros.

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