Mercado promissor na Costa Rica

O consumo per capita no país caribenho está entre os maiores das Américas.

Com o objetivo de diminuir as necessidades de abastecimento de produto externo e, por que não, buscar alternativas de exportação, a Corporación Arrocera Nacional da Costa Rica (Conarroz) convidou os consultores Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências Consultoria em Agronegócios, e Gilberto Wageck Amato, do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), para participarem do 6º Congreso Nacional Arrocero, realizado entre os dias 30 de junho e 1º de julho naquele país.

Barata apresentou um painel sobre a experiência brasileira no mercado internacional e Amato sobre agregação de valor através da parboilização. A partir do relato dos dois pesquisadores brasileiros, a Planeta Arroz elaborou um relatório que oferece uma visão panorâmica sobre a cultura do arroz no país, cujo déficit de consumo vem sendo suprido quase que exclusivamente pelo produto norte-americano.

A economia do arroz
Com a área de plantio estabilizada na casa dos 50 mil hectares, a produção costa-riquenha vem garantindo o abastecimento de aproximadamente 50% da demanda local. Ocorrem duas semeaduras ao ano, sendo a primeira responsável por 86%. O setor do arroz conta com cerca de 900 produtores e 12 agroindústrias.
Não obstante aos esforços dos setores público e privado, a Costa Rica necessita importar para suprir sua necessidade de abastecimento. Trata-se de um país com um potencial enorme no que se refere ao mercado de arroz. O consumo per capita do cereal é invejável, um dos mais altos no continente americano. A demanda interna é suprida pelo cereal estadunidense (branco e parboilizado), geralmente de boa qualidade.
É nítido que as grandes limitações naquele país caribenho são tecnológicas. A área de cultivo está estabilizada e a produtividade média tem ficado entre 3,5 e 4 toneladas por hectare. A baixa produtividade, tal como no Brasil, é devido à participação do sistema de cultivo de sequeiro. A expectativa local é de contar com o apoio das ações do Fondo Latinoamericano para Arroz de Riego (Flar) para incrementar a produtividade, diminuindo a necessidade de importação e, quem sabe, permitindo que passe de um importador líquido para uma nova fonte de arroz no mercado internacional.
 

 

 

Particularidades locais
O mundo do arroz se expressa com particularidades em cada país. Na Costa Rica as diferenças em relação ao Brasil começam pela magnitude dos números. Naquele país, com área total de 51.100 quilômetros quadrados e população de 4,4 milhões de habitantes, fica mais fácil buscar uma homogeneidade, por exemplo, em suas curiosas unidades de comercialização.

1 saco de arroz em casca = 73,6 kg
1 saco de arroz beneficiado = 46 kg

Cabe lembrar que no Brasil, em passado recente, coexistiram, para o arroz em casca, sacos de 45, 50 e 60 quilos, persistindo ainda os últimos dois, não obstante o esforço da Câmara Setorial do Arroz em buscar a uniformidade, já acordada pelos representantes estaduais em 50 quilos.

 

 

A importância da Conarroz

A Corporación Arrocera Nacional (www.conarroz.com) foi criada por lei nacional em 2002, tendo incumbências que vão da pesquisa à política setorial. Um exemplo é o decreto do Ministério da Economia, Indústria e Comércio – Meic, onde é fixado o preço mínimo que o industrial deve pagar ao produtor, equivalente a US$ 30,03 (cerca de R$ 52,50) o saco de 50 quilos. Este valor excede, em muito, os valores praticados no Brasil. Porém, essa análise merece ser contextualizada como sendo uma política governamental para fomentar a produção local.
O preço fixado para o arroz em casca (en granza) é referente à umidade de 13%, sendo as impurezas limitadas a 1,5%. Já o Decreto nº 35826/2010-Meic fixa os preços máximos entre vários elos da cadeia.

 

 

 

 

Consumo: arroz com feijão desde o café da manhã

No café da manhã, um prato tradicional da Costa Rica é o chamado gallo pinto, que consiste em arroz com feijão preto, misturados, acompanhados por frango Café da manhã costa-riquenho: bom apetite!e ovo (daí o nome), além de banana frita e legumes. Costuma ser temperado com pimentão doce, coentro e cebola. Assemelha-se ao baião-de-dois brasileiro, ao moros y cristianos de Cuba, Equador e México e outros pratos típicos recorrentes na América Latina. Numa típica refeição matutina, o arroz participa também de uma espécie de pamonha, denominada tamal.

O consumo per capita no país é de 54,6 quilos por habitante ao ano, cerca de 25% superior ao consumo brasileiro. O diferencial poderia ser creditado ao consumo matinal. Um saudável hábito para combater tanto a desnutrição como a crescente geração de obesos no Brasil!

 

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