Mercosul no caldeirão
Os protestos que marcaram o Caldeirão do Mercosul, evento promovido pelos segmentos produtivos prejudicados pelo ingresso de produtos a preços abaixo do custo de produção brasileiro, durante o Fórum Social Mundial em Porto Alegre, reuniram mais de cinco mil agricultores de todo o Rio Grande do Sul. O arroz-de-carreteiro gigante foi preparado para atender a um público de 15 mil pessoas que entraram na fila para o almoço gratuito.
O protesto, que ocorreu paralelamente ao Fórum Social Mundial, reuniu um público heterogêneo, com a presença de estudantes, ativistas e representantes de ONGs de diversos países. Além da Farsul, Federarroz e Fecoagro, participaram da manifestação Fearroz, Sindarroz, Sicadergs, Ibravin e Uvibra, tendo como apoiadores Fiergs, Fecomércio, Federasul e CDL. Para o preparo do prato foram utilizados um mil quilos de charque, 1,1 mil quilos de arroz, 50 quilos de alho, 200 quilos de cebola, 200 quilos de tomate e 300 litros de óleo vegetal.
Campo limpo
A Epagri está desenvolvendo uma nova variedade de arroz para o cultivo no sistema Clearfield. Seguindo o que foi desenvolvido pela Basf em parceria com o Irga (variedade Irga 422-CL) e com a RiceTec (Tuno-CL), os pesquisadores já trabalham com a linhagem PCW 16. A nova planta foi criada a partir da seleção de células resistentes a um determinado herbicida e está sendo cruzada com cultivares catarinenses que têm alto potencial produtivo. O arroz vermelho é a invasora que maiores prejuízos causa à orizicultura brasileira. Por serem da mesma espécie o arroz branco cultivado comercialmente e o arroz vermelho, torna-se difícil o controle químico.
Brusone
Considerada a principal doença da cultura do arroz, a brusone é provocada pelo fungo Pyricularia grisea. Para combater essa doença, os pesquisadores estão promovendo a hibridação de cultivares Epagri com a variedade Fedearroz 50, uma planta colombiana que foi lançada em 1998. A Fedearroz 50 apresenta resistência a muitas das variações genéticas do fungo causador da brusone. A doença é um dos maiores limitantes da cultura de arroz no Centro-oeste do país, onde as variedades da Epagri são usadas em cultivo em várzea.
Bicheira na mira
O gorgulho aquático Oryzo-phagus oryzae, conhecido como bi-cheira-da-raiz, que ataca principal-mente lavouras do centro-oeste, sudeste e sul do Brasil, está com os dias contados. A Epagri pretende apresentar ainda em 2005 uma variedade de arroz resistente, sou pelo menos tolerante, ao ataque desta praga. O prejuízo à cultura do arroz ocorre em razão da frag-mentação das raízes e a redução do volume da planta, provocando o baixo aproveitamento dos nutrien-tes do solo e perda de produtivida-de. Para combater a bicheira-da-raiz, os pesquisadores estão adaptando plantas que apresentam menor infestação de larvas ou que tenham maior recuperação do sistema radicular após o ataque.
Setentão, firme e forte
O Sindicato da Indústria do Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz-RS) entrou 2005 mais velho, mas com a mesma fibra de quem há 70 anos defende os interesses das empresas desse importante segmento econômico gaúcho. Fundado em Cachoeira do Sul, em 10 de dezembro de 1934, a entidade celebrou seu aniversário antecipadamente em 30 de novembro com a posse da nova diretoria, presidida pelo reeleito Élio Coradini.
Uma comovente homenagem aos quatro ex-presidentes, todos de Cachoeira do Sul, onde o sindicato teve sua sede por mais de 60 anos, foi realizada. Euclides Bacchin, Alfredo Treichel, Milos Schneider e Nilo Trevisan não esconderam a emoção de terem dirigido a entidade e relembraram vitórias e lutas históricas da classe empresarial arrozeira.
Além do ato de confraternização do aniversário do sindicato, aconteceu também o encerramento das atividades do Ano Internacional do Arroz no Brasil, e também a apresentação do projeto de campanha nacional de estímulo ao consumo de arroz e feijão pela coordenadora e chefe-geral da Embrapa Arroz e Feijão, de Goiás, Beatriz da Silveira Pinheiro.
Carta
Aproveitando que o Caldeirão do Mercosul estava fervendo no último dia 27 de janeiro, durante o Fórum Social Mundial, lideranças arrozeiras gaúchas entregaram uma carta com o diagnóstico da crise orizícola brasileira e um conjunto de reivindicações ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. O presidente foi receptivo e demonstrou estar a par da situação. Assumiu o compromisso de analisar o assunto com sua equipe.
Ameaça do ácaro
1 – Como se não bastassem os problemas que a orizicultura brasileira enfrenta no momento, no início de 2005 surgiu mais uma notícia preocupante na forma de um alerta quarentenário. Steneotarsonemus spinki é um ácaro originário da Ásia, que se aproxima perigosamente do Brasil. Em 2004 foi detectado na Costa Rica, Nicarágua e Panamá. Cuba, República Dominicana e Haiti sofreram o ataque do S. spinki ou ácaro do arroz, com prejuízos que atingiram até 90% das áreas atacadas. Sua disseminação se dá pelo vento, água, aves, insetos, restos culturais e intercâmbio de sementes.
2 – Segundo a pesquisadora Denise Návia, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Cuba a infestação do ácaro está sob controle, graças ao manejo com variedades resistentes, trato cultural como a padronização do período de plantio (variedades precoces) e destruição de restos culturais. Norte do Pará e de Roraima e o Maranhão são os mais vulneráveis, no caso de uma infestação vinda da América Central por meios naturais.