México mantém isenções ao arroz brasileiro em 2024
(Por Cleiton Evandro, AgroDados/Planeta Arroz) A cadeia produtiva arrozeira do Brasil, em especial tradings, corretoras e produtores, recebeu com entusiasmo a informação de que o México renovou para 2024 o pacote de isenções ao arroz brasileiro. Em 2022 e 2023, o país da América do Norte importou cerca de 800 mil toneladas de arroz em casca do Rio Grande do Sul, ou cerca de 20% do total exportado pelo Brasil nas duas temporadas.
Estes negócios impulsionaram as vendas na Fronteira-Oeste, Campanha, Zona Sul e Planície Interna, fortalecendo os preços internos e fomentando a disputa pela matéria-prima entre tradings e indústria e foram fundamentais para enxugar os estoques de passagem e estabelecer cotações muito mais favoráveis ao grão.
Um trader ouvido por AgroDados/Planeta Arroz, considerou esta uma grande notícia: “Há um conjunto de fatores que devem ser avaliados e o principal deles é que o México busca conter a inflação dos alimentos, como ocorre em vários países do mundo, e também percebeu que a qualidade do grão dos EUA, nesta safra em particular, ficou muito abaixo dos padrões do arroz do Mercosul. O arroz gaúcho ganhou espaço e abriu este mercado, se estabeleceu”, explicou.
Para o exportador, o grande problema no momento é que “não temos preços para concorrer com os estadunidenses em exportações do grão, pois o nosso produto está entre os mais caros do mundo em razão do câmbio e das cotações internas”.
A questão, agora, no entendimento do trader, é quanto do mercado mexicano seguirá o exemplo da Costa Rica e seguirá comprando do Brasil, mesmo mais caro, para abastecer uma parcela de consumidores, varejo e indústrias mais exigentes em qualidade. “Sabemos que acontecerá, que vamos nos manter ativos naquele mercado, agora se será em 5%, 15% ou 100% dos volumes que já remetemos, é cedo demais para saber”, resumiu.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) comemorou o decreto de renovação, por mais um ano, do “Paquete contra la inflación y la carestia” (PACIC) no México, publicado nesta quarta-feira (27) pelo Presidente Andrés Manuel López Obrador. A medida, que visa auxiliar no combate à inflação no país, isenta o imposto de importação aplicado para produtos que compõem o consumo das famílias mexicanas e tem se tornado um impulso para as exportações brasileiras, fortalecendo as relações comerciais entre os dois países.
A lista de produtos beneficiados pelo PACIC inclui itens como carne de aves, carne suína, carne bovina, milho, arroz e ovos – produtos nos quais o Brasil tem forte presença exportadora.
Em 2023, o México se tornou o 5º principal parceiro comercial brasileiro, atrás da China, Estados Unidos, Argentina e União Europeia. Também neste ano, o México passou o Chile e o Paraguai, colocando-se como segundo principal destino das exportações agropecuárias brasileiras na América Latina. A evolução deve-se, em grande parte, à implementação do PACIC em maio de 2022, que facilitou a entrada de produtos brasileiros no mercado mexicano, em especial no setor agropecuário, em razão da isenção temporária de impostos sobre importações de itens essenciais.
Os dados de comércio entre janeiro e novembro de 2023 revelam que as exportações brasileiras agropecuárias para o México atingiram cerca de US$ 2,259 bilhões, sendo que mais de 90% desse valor corresponde a itens da lista de produtos beneficiados pelo pacote anti-inflacionário mexicano. Com o PACIC, o Brasil passou a ser o segundo fornecedor de carne de aves ao mercado mexicano, e o México o décimo terceiro principal destino das exportações agropecuárias brasileiras, com participação de 1,7% no total exportado.
No final de novembro deste ano, uma comitiva do Mapa, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Roberto Perosa, visitou o México para negociar a prorrogação do referido pacote em reuniões estratégicas com autoridades do governo mexicano, representantes da Embaixada brasileira e parceiros comerciais.
“A renovação do PACIC é, portanto, uma vitória tanto para o agro brasileiro quanto para a economia familiar mexicana, reforçando a relação comercial entre os dois países e abrindo caminho para futuras oportunidades de crescimento e cooperação”, ressaltou Perosa.