Miniarroz, macropotencial

 Miniarroz, macropotencial

Arroz especial: o pequeno que satisfaz

Alta culinária garante
demanda para arrozes
de tipos especiais.

As gôndolas dos supermercados já oferecem inúmeras alternativas para quem cansou do arroz-com-feijão do dia a dia e quer alguma mudança ou inovação no cardápio sem perder qualidade nutricional. Para substituir os tradicionais arrozes branco e parboilizado, mais comuns na mesa do brasileiro, atualmente há opções como o arroz vermelho, o preto, o aromático, o cateto, os especiais de culinária japonesa (para sushi) e italiana (para risoto) e o miniarroz. Todos produzidos no Brasil, mais precisamente no interior de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, em São Paulo.

O miniarroz é o mais novo integrante da variada linha de produtos da Arroz Ruzene, empresa especializada em desenvolvimento, produção e beneficiamento de arrozes especiais de Pindamonhangaba (SP). Segundo o proprietário da empresa, Francisco Ruzene, trata-se de um arroz de origem japônica, com forma pequena e arredondada, aroma suave e levemente floral, resultado de uma seleção massal em áreas de plantio de arroz cateto. “Identificamos essa variação de grãos muito pequenos e, ao contrário do que se costuma fazer em cultivos tradicionais, que buscam eliminar os produtos diferentes, buscamos aperfeiçoar o cultivo e criar mais uma linha de arroz especial, que é nossa especialidade”, destaca o empresário.

Segundo ele, por se tratar de produto gourmet, o miniarroz é utilizado na alta gastronomia e também por consumidores que têm preferência por produtos diferenciados. Sua comercialização acontece em empórios, restaurantes e casas de produtos naturais. Atualmente, ao mesmo tempo em que desenvolve ações estratégicas de mercado, como a presença em feiras nacionais e internacionais, Francisco Ruzene desenvolve o cruzamento e pesquisas de arrozes exóticos, tanto nas formas quanto nas cores, aromas e sabores. Há previsão de novos lançamentos até 2014, mas os produtos ainda estão em fase de seleção e registro, portanto sob sigilo comercial.

MERCADO
Para Francisco Ruzene, esse nicho de mercado ainda tem muito o que crescer. “Trata-se de uma mudança no hábito alimentar das pessoas, por isso o consumo está em ascensão. A expectativa é de que aumente mais ainda. Há uma grande variedade de arrozes no mundo e tempos atrás o comércio brasileiro oferecia variedades especiais importadas. Atualmente, toda a linha Ruzene é produzida aqui no Brasil”, revela. A expectativa do empresário é de que o Vale do Paraíba, em São Paulo, se torne uma referência mundial para a produção de arrozes especiais.

 

Alex Atala e Chicão Ruzene: parceria de bom gosto

FIQUE DE OLHO
A última novidade das lavouras de Chicão Ruzene, o miniarroz, ainda “é coisa do Dr. Cândido Bastos”, que morreu em 2011, segundo define o produtor. Bastos era pesquisador do Instituto Agronômico de São Paulo (antigamente de Campinas, que deu origem à sigla IAC). O produtor define assim: “É um catetinho que saiu no meio de um catetão. Foi um cruzamento natural, espontâneo. O doutor Cândido achou uma planta que se destacou com grãos muito pequenos e foi multiplicando. Ela sempre ia dando grãos pequenos”, conta. “Foi ele quem me mostrou que essa característica de arroz especial gerada pela variabilidade genética, que naturalmente seria descartada numa lavoura comercial, tem alto valor para a gastronomia e se constitui numa oportunidade de negócios”.

PARCERIAS PARA CRESCER

Detentor da tecnologia de produção de variedades especiais de arroz, Francisco Ruzene amarra em duas linhas as suas parcerias para consolidar a posição de referência no mercado de arrozes exóticos do Brasil. Atualmente, sua empresa mantém parceria de produção com outros 10 pequenos agricultores da região de Pindamonhangaba (SP). A Ruzene entra com as sementes e a tecnologia de cultivo e os produtores com a terra e a mão de obra. “O valor de mercado destes produtos é superior ao do arroz branco, mas o sistema de produção exige cuidados especiais e muita dedicação. Cada tipo de arroz tem seu ciclo e o momento de entrar com cada etapa do manejo”, reconhece.

Em outra frente, a empresa firmou parceria com o renomado chef de cozinha Alex Atala, que avalia o potencial gastronômico de cada variedade pesquisada. “Por valorizar o pequeno agricultor e a produção nacional, Atala incentiva, divulga e utiliza nossos produtos e de outros produtores”, revela Ruzene. Com a empresa italiana Sardo Piemontese Sementi (Sa.pi.se.), líder no mercado europeu de pesquisa de sementes de arrozes especiais, a Ruzene desenvolve novas tecnologias na produção de sementes e de novas variedades.

Com o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) e a Associação Comercial de São Paulo, a Ruzene viabilizou a participação em uma feira nos Estados Unidos, onde irá expor seus produtos, contatar novos clientes e verificar as tendências do mercado norte-americano. “É o ambiente para mostrar que o Brasil tem produtos diferenciados e de qualidade”, argumenta.

Microcooperativa: Ruzene e 10 produtores são especialistas em arrozes especiais

As características
O miniarroz é uma planta de ciclo longo, isto é, leva cerca de quatro meses na lavoura. Plantado em setembro, é colhido em janeiro. Mas há também arrozes de ciclo curto, como o preto (100 dias), plantado em setembro e colhido em dezembro. É por isso que a variedade de ciclo longo é plantada apenas uma vez ao ano. Cada panícula (cacho) de arroz costuma ter cerca de 100 grãos. As variedades japônicas, como o cateto, em geral são as que têm maior número de grãos por panícula (superior a 100). E as que costumam ter menos são as tradicionais, como o agulhinha, de 60 a 70 grãos.

Miniarroz: comercializado branco e branco integral

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