Mobilização pode levar à diminuição da oferta

Produtores querem taxação do arroz do Mercosul e audiência imediata com o presidente Lula.

Em 15 dias, a oferta de um item básico na alimentação dos brasileiros poderá diminuir nos supermercados. A não ser que o governo federal decida escutar os apelos dos orizicultores gaúchos, que há vários dias bloqueiam o ingresso do produto do Mercosul ao Estado e, desde ontem, não estão comercializando seu próprio cereal. A previsão é do presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Valter Pötter.

– Não queremos que a situação se arraste. Mas é o tempo que levaria para começar a faltar, já que existe arroz nas gôndolas dos estabelecimentos comerciais, nos depósitos e nas indústrias – afirma o dirigente.

Segundo ele, os produtores estão desesperados:

– O custo da atividade está em R$ 30,00 por saca de 50 quilos. Mas a média que recebemos é de R$ 19,00. Em algumas regiões, o preço pago é de R$ 17,00 – acrescenta.

Segundo ele, hoje, os produtores teriam menos prejuízo deixando de comercializar a safra e tentando renegociar suas dívidas do que entregando o produto às indústrias. Uma audiência com o presidente Lula estava pré-agendada para esta quarta, mas foi cancelada em virtude da Cúpula América do Sul-Países Árabes.

– O governador Germano Rigotto está tentando marcar um novo encontro. Ele irá chefiar nossa representação – afirma Pötter. Além da Federarroz, a Federação da Agricultura (Farsul) e o Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) irão participar da reunião.

– Pode ser a qualquer momento – alerta o dirigente.

Ontem, conforme Valter Pötter, houve um protesto forte na BR–116, altura de Guaíba, com início das barreiras em Santana do Livramento. Hoje, São Borja entra para a lista dos municípios em que os arrozeiros estão realizando suas manifestações.

– Em breve, deve haver bloqueios também na fronteira com Santa Catarina, para impedir a saída do arroz do Rio Grande do Sul – afirma.

Delegação

Cerca de 30 orizicultores de Rio Pardo estão entre as cerca de 400 pessoas acampadas em Santana do Livramento, onde caminhões, tratores e caminhonetes impedem o acesso ao Porto Seco. O presidente do Sindicato Rural de Rio Pardo, Paulo Ene, diz que o grupo não tem data para retornar. Ontem à noite participaria de uma assembléia para a definição de novos pontos de protesto.

– Queremos que o governo fixe um preço mínimo mais justo. Hoje, é de R$ 20,00, mas o custo de produção está em R$ 30,00 – disse Ene.

O ideal, segundo o sindicalista, seria um mínimo de R$ 28,00. Mas o principal problema é a entrada do arroz do Mercosul.

– A concorrência é desleal. O custo de produção deles e a carga tributária são menores e há subsídios governamentais, o que possibilita um preço mais baixo. Queremos que o arroz de fora seja tachado em 50% – avisa.

Um grupo de Pantano Grande também participa do bloqueio em Santana do Livramento.

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