Muita expectativa, poucos negócios
(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados/Planeta Arroz) O mercado de arroz em casca no Rio Grande do Sul teve uma semana de baixa movimentação em volume de negócios, cotações entre estáveis e mais fracas e movimentação concentrada no porto de Rio Grande, onde está sendo carregada parte das excelentes vendas internacionais realizadas entre maio e julho. Pelo lado dos produtores, a queda de R$ 3,00 a R$ 4,00 em boa parte das praças ao longo das últimas semanas determinou uma posição de cautela, embora inicialmente esse cenário tenha provocado um aumento da oferta. Os agricultores recuaram e aguardam melhor cenário de preços para voltarem ao mercado.
De parte da indústria, depois de um avanço nas compras com a queda das cotações pela saída das tradings do mercado, a posição também foi de processar o arroz de estoques próprios e só adquirir matéria-prima que está a depósito e a valores competitivos. Nota-se que o mercado doméstico, neste momento, não é suficiente para dar suporte à valorização do arroz em casca. O varejo não assimila os reajustes. O anúncio, pela Conab, de uma safra de 11,2 milhões para a temporada 2022/23, também deu uma esfriada na comercialização.
Por outro lado, o dólar mantendo-se abaixo dos R$ 5,10 reduziu a demanda pelo arroz brasileiro no exterior, retirou as tradings do mercado e as negociações restaram lentas. O foco das tradings, no momento, é carregar os navios que estão ancorando em Rio Grande e movimentar as cargas para os armazéns e pulmões do porto. A expectativa é de que perto de 400 mil toneladas sejam embarcadas de 1º de agosto aos primeiros dias de outubro, ainda refletindo um avanço nas vendas entre maio e julho.
O mercado internacional vive momento de expectativa sobre a dimensão da safra norte-americana, uma vez que os primeiros resultados em produtividade são considerados muito bons. Ainda assim, nos últimos 10 dias foram fechados mais alguns negócios de exportação, principalmente de arroz em casca. A referência foi de R$ 83,00 a R$ 84,00 por saca, posto no porto.
INTERNACIONAL
Os olhos do mundo arrozeiro também estão voltados para a Ásia. A seca mais grave das últimas décadas na China, que também afeta a Índia, poderá gerar novos impactos no comércio global.
Além de uma queda de produção do grão na China, maior produtor mundial, que poderia chegar a mais de dois milhões de toneladas (dos 212 milhões previstos para esta temporada, em base casca) há também a estimativa de que a Índia reduziria em torno de 8% sua lavoura. Isso pode determinar, em curto prazo, a suspensão das exportações de quebrados de arroz com origem indiana, e a Índia é a maior exportadora mundial de arroz, representando 40% de todo o comércio mundial com 21 milhões de toneladas.
Portanto, num primeiro momento, espera-se nova valorização dos quebrados de arroz – quirera e canjicão – cuja demanda cresceu bastante no mundo como sucedâneos ao trigo e ao milho na ração animal. Mas, num segundo momento, estoques dos grandes produtores mundiais podem sofrer uma redução e isso interferir na oferta aos países importadores. Ainda que indiretamente, o Brasil poderá beneficiar-se desta situação.
SAFRA
Por fim, foi anunciada a projeção da Conab para a safra de arroz brasileira 2022/23, que está começando a ser cultivada. A previsão é de um avanço de 4,6% no total a ser colhido, que chegaria a 11,2 milhões de toneladas, mesmo sob uma redução de 1% na área cultivada. A média dos preços previstos para o ano que vem pela Conab, é de R$ 82,00 por saca. São números possíveis, mas improváveis, em termos de área. Apenas uma das seis regiões arrozeiras gaúchas já anunciou um corte de 16% na superfície cultivada de arroz, volume que supera a estimativa da Conab, para a temporada. Até o final da semana o Irga divulgará sua estimativa de área para o próximo ciclo no Rio Grande do Sul. Acredita-se que os números indiquem uma queda entre 20 e 30 mil hectares, diante dos 957 mil de 2021/22.
PREÇO AO PRODUTOR
Diante deste cenário, os preços do arroz pago aos produtores gaúchos, recuou 2,75% em agosto, segundo o Indicador Cepea/Irga-RS. Na sexta-feira, a saca de 50 quilos (58×10), à vista, no Rio Grande do Sul, recuou até R$ 75,65. Na equivalência em dólar, pelo câmbio do dia, a referência é US$ 14,91. O mercado, nesta segunda-feira, abrirá entre estável e mais baixo no valor ofertado pelas indústrias. A expectativa, porém, é que os números das exportações nos dois próximos meses (agosto incluso) poderão trazer novo fôlego aos preços no final do próximo mês e no pico da entressafra (dezembro, janeiro e fevereiro).
PREÇO AO CONSUMIDOR
Os preços aos consumidores se mantiveram praticamente estáveis nas últimas semanas, na faixa de R$ 21,00 a R$ 22,00, para o pacote de cinco quilos de arroz branco, Tipo 1, nas capitais pesquisadas por Planeta Arroz. Máxima de R$ 37,00 para variedades nobres e mínima de 14,50. A tendência é de estabilidade.
2 Comentários
Redução de 20.000 hectares só em Itaqui Claiton! Arroz a R$ 82 para um custo real de R$ 105 duvido que o pessoal plante tudo isso que a matéria diz! O preço dá industria prá 2022/23 é esse! Já colocaram na mesa e abriram o jogo! Quero ver quem vai se atracar nisso dai. Se alguém tá ganhando dinheiro com R$ 71 que se apresente aqui… Gostaria de trocar uma idéia!
Sr. Flavio, o senhor nem planta arroz, vive de arrendamento, não sou eu que estou falando, o senhor mesmo falou em comentários anteriores que parou e arrendou as terras. No meu entender, quem arrenda não esta preocupado com custo, mas sim preocupado em ganhar mais, percentual de arrendamento em cima de 82,00 é um, em cima de 105,00 muda né. Fala sério aí seu Flavio….kkkkkkkkk