Muito além da casca
Vai longe o tempo em que a casca de arroz era um subproduto indesejado que causava problemas de descarte, poluição e multas dos órgãos ambientais para empresas e transportadores. Hoje, a casca produzida em abundância no Rio Grande do Sul representa energia e produtos industriais de alta tecnologia e valor agregado. Depois das várias usinas termelétricas instaladas em polos arrozeiros, agora é a vez de Itaqui, na Fronteira Oeste, receber uma indústria, a Oryzasil, que transformará a casca de arroz em sílica, produto químico que é usado para a fabricação de pneus a até creme dental.
A inauguração aconteceu em 9 de maio, concluindo um investimento inicial de R$ 25 milhões do Grupo Ferrostal, da Alemanha. A previsão total é de quase R$ 300 milhões até 2022, segundo o CEO da empresa, Albert Ramcke. A primeira linha tem capacidade de 6 mil toneladas. Na segunda fase, chegará a 28 mil toneladas. A energia da empresa é produzida pela queima da casca, que então será convertida em sílica.
O principal produto da Oryzasil é a sílica precipitada, usada nas indústrias de pneus e borracha, creme dental, tintas e de mercados de nutrição e saúde. A empresa alemã se sentiu atraída pelo caráter sustentável do projeto, que é livre de efluentes e substitui a areia, uma matéria-prima não renovável.
O foco principal é a produção dos chamados “pneus verdes”, de alta eficiência energética, que podem economizar de 5% a 10% de combustível e, como consequência, reduzir as emissões de gás carbônico.