Municípios arrozeiros vão debater a crise no setor
Prefeitos e vereadores foram convocados pela Famurs para discutir quinta-feira o impacto social e econômico dos baixos preços do arroz em suas comunidades e regiões.
A cultura do arroz é um dos pilares da orizicultura na chamada Metade Sul do Rio Grande do Sul, região que concentra alguns dos mais baixos índices sociais e que em muito depende das lavouras e da indústria arrozeira. São 132 municípios que correspondem a mais da metade da área territorial do Estado e quase 40% da população. A crise do setor traz consequências econômicas e sociais graves para a região, a ponto de a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) convocar para a próxima quinta-feira, dia 10, às 14h, em sua sede, em Porto Alegre, um ciclo de debates sobre o tema.
A Crise da Cadeia do Arroz e o Impacto Econômico e Social nos Municípios será a temática central do encontro que deve reunir agentes da cadeia produtiva rizícola e políticos municipais, estaduais e federais. O objetivo é reunir ao menos 200 prefeitos, vereadores e representantes das comunidades regionais e arrozeiros. Haverá a apresentação de dados estatísticos e indicativos para linhas de ação em defesa das demandas da lavoura junto ao Estado e à União e instituições de crédito, entre outros segmentos afins.
A iniciativa tem o apoio da Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz), Federação da Agricultura e Pecuária do RS (Farsul), Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag). O Auditório da Famurs fica na rua Marcílio Dias, 574, no bairro Menino Deus, na capital gaúcha.
Silvio Rafaeli, prefeito de Tapes, arrozeiro e presidente da Comissão da Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente da Famurs, é um dos responsáveis pela mobilização. Segundo ele, a articulação acontece por iniciativa do presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, que buscou o envolvimento das prefeituras face aos reflexos da crise na economia dos municípios. “Conseguimos sensibilizar o presidente da Famurs, Salmo Oliveira, que encaminhou a convocação para os demais prefeitos, câmaras municipais e forças vivas destes municípios”, explica Rafaeli.
No seu entendimento, os chefes dos Executivos e Legislativos municipais precisam se envolver com o tema, uma vez que é nas prefeituras e câmaras municipais que “estoura a bomba da crise”, com as comunidades empobrecidas buscando acesso aos serviços sociais, de saúde, educação e segurança. Isso, sem contar os cortes nos orçamentos e retorno de impostos.
“Mesmo que a evolução tecnológica tenha reduzido a absorção da mão de obra nas lavouras, trata-se de uma cadeia produtiva muito extensa que utiliza de forma muito presente os serviços e o comércio das cidades”, enfatiza Rafaeli. Lembra também que a indústria do arroz é a principal dentre as estabelecidas na Metade Sul em geração de empregos, impostos, renda e que diversifica, gerando também energia. “Alguns municípios existem por causa da orizicultura e de seu alto valor agregado social e econômico”, acrescenta o prefeito de Tapes.
VOTOS
De acordo com Silvio Rafaeli, o momento é estratégico para os prefeitos fortalecerem os movimentos arrozeiros, uma vez que têm na mão uma ferramenta poderosa que é o ano eleitoral. “Somos cabos eleitorais de luxo para candidatos a deputados estaduais, federais, senadores, governadores, presidente. É importante que neste momento, a situação das lavouras e dos municípios seja exposta e os candidatos que vêm buscar nossos votos e apoio tragam em troca o comprometimento por uma solução para a crise arrozeira, a redução de impostos no Estado, das dívidas em nível federal e a recuperação do crédito oficial pelo agricultor. É preciso retirar essa pressão gigantesca do produtor e da economia dos municípios que é o endividamento, a perda de renda e da geração de riquezas”, destaca.
O dirigente municipal também alerta para quem uma quebradeira geral nas lavouras afeta. “Não apenas o nosso comércio e serviços serão afetados, mas isso sobrecarrega as prefeituras com o aumento do número de desempregados, demandas sociais, na saúde pública, na educação, na segurança. Pessoas desempregadas no campo refletem diretamente no aumento dos bolsões de pobreza da cidade e isso alcança o Estado, a União. Não podemos deixar chegar a este ponto”, avalia.
SEM TROCA
Rafaeli afirma que tradicionalmente os prefeitos e vereadores não dão muita importância para as dificuldades de alguns produtores porque, em geral, se um produtor deixa a área outro vem ocupar seu lugar. “Só que o risco agora é outro. Se aquele produtor deixar de produzir, vai ser bem difícil aparecer alguém disposto a perder R$ 9,00 por saca de arroz que colher, a assumir contratos de arrendamento que não se pagam, pois as dificuldades nunca foram tão grandes na lavoura de arroz”, resume.
6 Comentários
Quando era pra reduzir icms, cdo, sobre insumos nenhum prefeito se mexeu!!! Agora que mataram a galinha dos ovos de ouro querem se reunir… agora a merda tá feita… vai cair a arrecadação sim… vai ter desemprego em massa… Então Srs. prefeitos, representantes de classe, etc etc… parem de atacar a consequência… Ataquem a causa!!! Acabem com a CDO, reduzam o icms dos insumos e implementos, ajudem a reduzir os custos aos produtores e talvez alguns malucos ainda sigam plantando arroz com esse custo!!! Vai faltar dinheiros pras folhas de pagamento de vcs… A teta secou!!! Enquanto isso a indústria se esbalda ganhando dinheiros (os grandoes) liquidando CPRs a R$ 34!!!
Meu caro Evandro, não fale isso para os prefeitos, que na sua grande maioria não defende o aumento de ICMS. Temos a clara ideia de que baixando a alíquota, buscando a fiscalização efetiva, aumentamos a receita. Que não busca a devida política agrícola, é quem negocia com nosso produto, transformando o arroz , o leite, o trigo, em moeda podre de troca, o legítimo responsável, o governo federal.
Caríssimos. Qualquer ajuda politica no sentido de buscar soluções para a crise do setor é bem vinda. O ponto nevrálgico é o custo de produção maior do que nossos concorrentes do Mercosul. De fato, o maior poder de mudar esta equação está nas mãos do Governo Federal. De algum modo impedir o crime de lesa pátria cometido pelos Estados que desoneram importações do Paraguai em detrimento do arroz nacional. Compensar os altos custos de energia, combustivel, insumos, etc. (custo Brasil) na exportação (como já faz o Uruguai) também ajudaria muito. Facilitar circulação de insumos no Mercosul. Proibir importação de arroz contaminado com pesticidas aqui proibidos. A cartilha é de todos sabida. Só falta o empenho das autoridades em resolver. Sds
Nao falei que eles defendem aumento do icms. Falei que eles só se mexem quando dói no bolso das prefeituras ou alguém noticiou o apoio deles ao Te Mexe Arrozeiro em fevereiro ou em movimentos anteriores!!! Depender do governo federal estamos lascados… querem comida barata pro povão… arroz envenenado ou não tem que ter arroz com feijão!!! Mas seu Sartori poderia dar uma mão reduzindo icms e extinguindo a CDO que vai pro caixa único!!! Dinheiro que ao invés de ir prá pesquisa acaba sendo destinado a folha de pagamento do Estado… Que Deus nos ilumine com Bolsonaro Presidente!!!
Bolsonaro presidente, é militares no congresso. Talvez uma intervenção militar como de 1964 seria melhor, mas ainda estamos longe disso.
Desde que estou na atividade arrozeira observo o mesmo problema. Nenhum governo fez nada pra mudar este cenário.
Hoje o diesel e energia elétrica se tornaram outros vilões no custo de produção. É um absurdo pagar o imposto sobre o diesel, que é cobrado para manutenção de rodovias. Máquina agrícola não anda em rodovia. Diesel agrícola deveria ser mais barato.
Enquanto isso os paraguaios agradecem.
As prefeituras vão ter q achar um geito de taxar os bancos ,pq é lá q fica todo dinheiro do produtor. Se circular 1% no comércio local é muito. E DINHEIRO DE BANCO VAI DIRETO PRA BOLSA DE INVESTIMENTOS. SDS,