Não esqueçam

Autoria: Gilberto Mauro Scopel de Morais.

Quem gosta de ti não perde oportunidade para estímulos ou elogios, ressaltando as coisas boas que fazes. Dá presentes sempre que pode, mesmo que sejam coisinhas para demonstrar carinho e incentivo. Não esquece do dia de teu aniversário. Conhece perfeitamente o que te incomoda e afasta de ti tudo de ruim que puder.

Quem não gosta de ti faz exatamente o contrário. Só pensa em si, em suas conveniências e em tirar vantagens. Não perde oportunidade de mostrar seu desamor e pouco caso. Alfineta e amarga nas mínimas coisas. Em qualquer comentário, prefere defender os outros, em ressaltar direitos de quem não é parente e salientar que tudo que fazes não passa de tua obrigação.

Teus amigos te defendem, protegem e preservam. Quem não é, vive te cobrando, pois para eles, estás sempre devendo. Teus adversários fazem questão de recolher o que houver de desagradável para te manter informado sobre o lado ruim da vida. Quem te ama é como mãe, é pão quente, lençol térmico, flanela, doçura, almoço de domingo. Quem te odeia é como urtiga, lixa ou caqui verde, só serve para te dar tristeza. Como classificarias uma pessoa que, no meio da tua festa, viesse estragar tudo? A amizade provoca prazer de convívio, o inimigo, ao contrário, faz questão de ser chato e mesquinho.

Em toda a história dos agricultores do mundo, a colheita farta sempre foi sinônimo de alegria e festa. Fim de colheita generosa é momento de receber a família e os amigos para dividir o justo prêmio pela coragem de enfrentar e vencer o tempo adverso e as pragas. Não no Brasil, não no Rio Grande do Sul e não, mais precisamente, nas várzeas onde se planta arroz. Foi farta a colheita, mas mais farta é a postura inimiga de quem está no governo aqui e lá. Não chorem, mas marquem na paleta quem os despreza. Quando votarem outra vez, quando participarem das próximas campanhas políticas, não esqueçam de como estão sendo tratados.

Os arrozeiros gaúchos e brasileiros não tem amigos no governo, tem inimigos, francos adversários, que amamentam com carinho os produtores de arroz argentinos e nos dão pedras. Nós não podemos comprar insumos, diesel, máquinas, peças ou colheitadeiras na Argentina, mas o arroz deles pode ser importado à vontade pela nossa indústria e achatar barbaramente o nosso preço. Os governos estadual e federal sabem perfeitamente através do Irga e do Ministério da Agricultura que um saco de arroz custa R$ 29,00 para ser produzido aos custos brasileiros, mas assistem impávidos sermos depenados impiedosamente a R$ 18,00. Não esqueçam disto!

Além disto, há ou não hipocrisia nas cooperativas que buscam arroz do outro lado da fronteira, o beneficiam e distribuem no mercado ajudando a aviltar seus próprios sócios? Que a indústria autônoma do arroz faça isto, ainda se entende, pois não têm nenhuma obrigação com os produtores nacionais, mas qual a explicação para esta atitude das cooperativas que são associações de arrozeiros? Sobrevivência às custas de mais cordas para enforcar seus semelhantes?

Com mães e irmãos assim, quem precisa de inimigos?

 

* Médico e Agropecuarista

8 Comentários

  • Parabens pelo comentario.

  • Falou TUDO!!!

  • Solicito a publicação como noticia

  • Já estamos práticamente em Julho,daqui a pouco já estaremos na época do plantio e os governos Federal e Estadual como sempre só enrolando.
    Quem mais gosta de ti é tu mesmo,portanto a solução só virá através de atitudes nossas,como redução de área,principalmente dos grande produtores, que tem mais condições de mudar para soja,pecuária,etc

  • Parabéns também pelo comentário Gilberto !
    O GOVERNO E AS INDÚSTRIAS DIZEM SER NOSSAS PARCEIRAS, QUE RICOS PARCEIROS TEMOS !!!

    Solicito também publicação,artigo como NOTICIA DESTACADA ! ( Conforme já solicitou companheiro petry)
    Grato .

  • Senhor Gilberto, estamos de pleno acordo com seu pensamento. Parabéns pela clara colação dos fatos reais que estamos amargando.

    ESTE ARTIGO TEM QUE SER MANCHETE NOS MAIS DIVERSOS MEIOS DE COMUNICÂO DO PAÌS.

  • Senhor Gilberto, parabéns! Gostaria de ver divulgado esse comentário em jornais da grande circulação. Pessoas com pensamento bom fazem a gente pensar positivo e nos sentir um pouco melhor diante de tantas dificuldades.

  • Gilberto parabens, vou tentar colocar na imprensa escrita aqui em Campinas-SP.
    É no minimo o que todos que sobrevivem do Arroz deveria fazer. Mas infelizmente o que a gente acompanha no mercado é bem diferente. Sou Representante da Cotrijui, em Campínas, interior de SP. Vejo engenhos do RS e da região do estado SP, ofertando fardos de Arroz a R$ 28,00 / 29,00, colocado no cliente, conclusão os supermercadistas e os cesteiros (Cestas Basicas) estão ficando cada vez mais ricos e nos precisamos tomar cuidado para não quebrarmos financeiramente.
    Abraçõs
    alceu

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