Navegando contra o vento
Exportação de arroz bate mais um recorde.
O agronegócio brasileiro é especialista em encontrar alternativas criativas em busca de saída para suas crises, superando todas as probabilidades. No caso do arroz não é diferente. Em meio a toda a crise de preços no setor, câmbio desfavorável, falta de competitividade pela alta tributação, dificuldades de logísticas, burocracia portuária e subsídios concedidos pelos principais concorrentes, o Brasil conseguiu bater mais um recorde de exportação no primeiro quadrimestre de 2006. Em abril foram 27 mil toneladas. De janeiro a abril o Brasil embarcou 107,25 mil toneladas de arroz (base casca), o que representa 16% a mais do que no mesmo período de 2005.
Em abril, 93,3% das exportações foram de arroz quebrado e 6,7% de beneficiado e esbramado. Gâmbia, Suíça e Haiti lideram o ranking dos principais destinos. Em 2005, as exportações chegaram a 400 mil toneladas, o que representou um acréscimo de 643,8% com relação a 2004. Em maio estão programados novos embarques.
Com este desempenho – se mantido o cenário atual – e uma expectativa de alta nos preços internacionais do arroz, divulgada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) de até 8%, há grande expectativa no setor para aproximarse do desempenho de 2005, quando foram exportadas 400 mil toneladas (base casca). A projeção da Conab, no entanto, é bem mais pessimista: 250 mil toneladas. A safra menor no Brasil e a alta qualidade obtida no Sul vão gerar menor volume de quebrados, que é o principal produto de venda do Brasil. Isso deverá elevar os preços internamente no segundo semestre e gerar perda de competitividade.
Importações
As importações de arroz tiveram queda nos primeiros quatro meses de 2006. O país importou 245,6 mil toneladas, redução de 6% com relação a 2005. Em abril, 36,9 mil toneladas entraram pelas fronteiras do Brasil. Segundo a análise da equipe de Política Setorial do Irga, Uruguai, Argentina e Paraguai representam cerca de 99% das importações. O Rio Grande do Sul é a principal entrada dos produtos adquiridos externamente. O maior volume vem do Uruguai, com 25,9% ingressando em caminhões por Jaguarão (RS), seguido de Itaqui e Quaraí, na fronteira com a Argentina. Via hidroviária, o Porto de Suape, em Recife (PE), apresentou o maior volume do país, com 8,6% do total. Já por transporte ferroviário, o Porto Seco de Uruguaiana lidera a entrada do cereal, com 9,4%.