Nem tudo vai bem com as exportações de arroz do Paquistão

(Por Syed Ahmed, The Express Tribune Planeta Arroz) Há boas notícias sobre as exportações de arroz. E há más notícias também.

Nos primeiros sete meses do ano fiscal atual, ou seja, entre julho de 2021 e janeiro de 2022, as receitas gerais de exportação de arroz aumentaram para cerca de US$ 1,287 bilhão, de cerca de US$ 1,158 bilhão no mesmo período do ano anterior. Isso, claro, é uma boa notícia.

A má notícia é que as variedades de arroz Basmati e não Basmati obtiveram um preço unitário mais baixo.

O Paquistão faturou US$ 362,18 milhões com as exportações de Basmati nos primeiros sete meses do EF22, superior a US$ 281,67 milhões no mesmo período do ano anterior, apresentando um aumento de cerca de 28,6%.

Mas para alcançar tanto aumento nas receitas de exportação, ela teve que embarcar 41% mais Basmati – 414.190 toneladas em sete meses do FY22 contra 293.761 toneladas em sete meses do FY21.

Estas são estatísticas oficiais divulgadas pelo Escritório de Estatísticas do Paquistão (PBS). Os números do comércio também revelam que a receita de exportação de variedades não Basmati subiu para US$ 924,67 milhões este ano, de US$ 875,96 milhões no ano passado, um aumento de cerca de 5,6%.

Mas esse crescimento nas receitas de exportação também veio de um aumento muito maior nos volumes de exportação de variedades de arroz não Basmati.

Os volumes de exportação em julho-janeiro FY22 totalizaram 2,14 milhões de toneladas contra 1,89 milhão de toneladas em julho-janeiro FY21, um aumento de cerca de 13,4%.

O que tudo isso significa? Isso significa que o preço unitário do arroz paquistanês está caindo. Vamos ver por quê?

Os exportadores paquistaneses de arroz não Basmati fazem a maioria dos embarques a granel. As cargas a granel desembarcadas nos países importadores são vendidas a granel ou embaladas em pequenas embalagens personalizadas pelos importadores antes do varejo.

Em alguns casos, as variedades não Basmati são importadas primeiro pelos comerciantes internacionais com sede em Dubai ou Cingapura ou em outros lugares e reexportadas para outros países em forma solta ou após embalagem de varejo personalizada.

O mesmo acontece com os embarques de exportação de arroz Basmati, mas em menor escala e com menor frequência.

Como os preços do arroz a granel sempre permanecem mais baixos do que o arroz de marca em embalagens pequenas, a situação discutida acima mantém o preço por tonelada das exportações de arroz do Paquistão mais baixo do que poderia ser.

Como o comércio mundial está se recuperando após a recessão induzida pela pandemia de 2020, isso criou uma escassez de contêineres em todo o mundo. Isso também tornou mais difícil para os exportadores de arroz cumprirem os prazos de embarque negociados com os importadores, que querem arroz em pequenas embalagens entregues nos destinos de sua escolha no prazo.

É por isso que muitos exportadores de arroz, principalmente os comerciais, têm mais facilidade para atender pedidos de importação por terceiros que necessitam de cargas a granel de arroz solto, para as quais não há necessidade de contêineres, pois essa carga geralmente é transportada de um país para outro por meio de granel navios de carga.

Com base nos dados dos primeiros sete meses do EF22, o preço médio de exportação do Basmati chegou a US$ 874,4 por tonelada, substancialmente inferior ao do EF21.

Em sete meses do EF21, o preço médio de exportação do Basmati ficou próximo a US$ 959 por tonelada, revela uma análise dos dados da PBS.

Em sete meses do EF22, o preço médio de exportação do arroz não Basmati ficou em US$ 432,4 por tonelada, abaixo dos US$ 464,4 por tonelada no mesmo período do EF21.

Novos mercados, subprodutos

Ultimamente, o Ministério do Comércio, a Autoridade de Desenvolvimento Comercial do Paquistão (TDAP) e a Associação de Exportadores de Arroz do Paquistão têm feito esforços para penetrar nos novos mercados de exportação e o crescimento nos volumes de exportação indica que eles obtiveram sucesso.

Eles também precisam estar igualmente entusiasmados com a melhoria do preço de exportação por unidade de arroz Basmati e não Basmati.

A queda do preço médio de exportação entre julho de 2021 e janeiro de 2022 precisa de uma análise aprofundada por parte do TDAP, porque os preços médios dos cereais vêm apresentando uma tendência de alta ultimamente.

O Índice de Preços de Alimentos da FAO – que também leva em conta os preços do arroz – mostra que, entre janeiro de 2021 e janeiro de 2022, os preços dos cereais subiram 12,5%.

No futuro, as receitas de exportação de arroz podem ser aprimoradas não apenas por meio de um preço unitário mais alto alcançado por meio de marcas e embalagens de varejo, mas também por meio de exportações de subprodutos de arroz e produtos à base de arroz de valor agregado.

Glicose líquida obtida de trincas de arroz, flocos de arroz de trincas de arroz, xarope de frutose de trincas de arroz, amido de arroz e, finalmente, farinha de arroz são alguns produtos de valor agregado bem conhecidos.

O Paquistão exporta algum desses produtos de valor agregado em quantidade considerável? Certamente não!

Da mesma forma, palha de arroz, casca de arroz, gérmen de arroz, farelo de arroz, óleo e cera de farelo de arroz são alguns dos subprodutos mais reconhecidos.

O Paquistão exporta algum desses itens em quantidade considerável? Infelizmente, a resposta é novamente um grande não.

Mesmo nos mercados internos, a fabricação de farinha de arroz para uso na indústria de confeitaria e todo o negócio de preparação de arroz torrado e tufado permanece quase exclusivamente nas mãos do setor não organizado. No entanto, os consumidores preocupados com a qualidade preferem comprar os pacotes de arroz folhado de 1 kg e 0,5 kg importados de Bangladesh.

Esta não é uma situação ideal para um país que produz cerca de nove milhões de toneladas de arroz branqueado por ano com um histórico de produção total crescendo ano após ano.

Há dez anos, em 2012, o Paquistão produzia apenas 5,5 milhões de toneladas de arroz. Mas a produção de arroz em 2022 deverá atingir 8,9 milhões de toneladas, de acordo com as projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), de 8,4 milhões de toneladas em 2021.