No patamar superior
Arrozeiros esperam
soluções da União para
os gargalos do setor
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As cadeias produtivas do arroz do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina aguardam esperançosas por notícias do governo federal sobre as soluções que serão propostas a alguns dos principais gargalos da produção e comercialização no país. Em reunião com o presidente da República, Jair Bolsonaro, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e representante do ministro Paulo Guedes, da Economia, um grupo de 20 lideranças setoriais apresentou em Brasília (DF) as demandas da orizicultura.
Todas as dificuldades, entre elas o endividamento, a falta de renda, a concorrência desleal do Paraguai, as diferenças de custos e preços com o Mercosul, as dificuldades de logística, a falta de acesso ao crédito oficial, a carga tributária e a guerra fiscal entre os estados, que prejudicam os produtores do país foram colocadas à mesa no encontro. A impressão foi de grande receptividade pelo presidente e equipe.
“Mostramos que além de medidas emergenciais, de choque, para reduzir o impacto das dívidas e dos vencimentos imediatos diante da quase inexistência de renda na orizicultura na atual e nas últimas temporadas, o setor precisa de medidas estruturais que lhe deem fôlego e suporte para operar com renda e sustentabilidade nas próximas décadas”, avisa Alexandre Azevedo Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).
Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), endossou as palavras dos demais líderes e chamou atenção para a necessidade de soluções duradouras, uma vez que há décadas o setor vive de paliativos que se mostraram incapazes de resolver a situação. “Num primeiro momento a reunião nos traz certa tranquilidade, pois ficou claro que o presidente, a ministra e o governo sabem exatamente quais são os problemas do setor. Agora o desafio é convencer o Ministério da Economia e traduzir este conhecimento em propostas sólidas, soluções definitivas para problemas complexos”, reconhece.
Para Silvio Rafaeli, prefeito de Tapes e arrozeiro, o encontro foi positivo e deu a ele a oportunidade de destacar o impacto social e econômico da retração da atividade arrozeira na Metade Sul gaúcha. “Estamos convivendo com a desindustrialização e a perda de empregos, de renda e de receitas para os municípios realizarem o básico de seus orçamentos”, lamenta.
Segundo ele, a opção dos produtores em transformar mais de 300 mil hectares de áreas arrozeiras em soja reduziu a demanda por insumos, serviços e postos de trabalho nas cidades. E ao contrário do arroz, a oleaginosa vai direto para o porto a fim de ser exportada, praticamente não gerando receitas nos municípios. “O arroz beneficiado na região tem um peso social 20 vezes maior do que a soja para as comunidades”, enfatiza.