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Rio Grande do Sul é líder absoluto na produção de arroz
Produtor gaúcho se mantém na liderança da produção nacional
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Depois de colher uma das maiores safras de sua história em 2008, o setor orizícola do Rio Grande do Sul esperava ampliar o feito em 2009, impulsionado pelos ganhos em produtividade e pelo incremento da área plantada. De certa forma, a meta deverá ser atingida, mas em níveis bem abaixo do previsto inicialmente pela cadeia produtiva, devido princi-palmente às condições climáticas desfavoráveis em várias regiões do estado.
De acordo com o quinto levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em fevereiro, a safra gaúcha 2008/2009 está estimada em 7.606.500 toneladas, volume 3,3% superior ao obtido no período anterior, quando foram colhidas 7.361.700 toneladas do cereal. Ainda segundo o relatório, a área plantada está calculada em 1.095.400 hectares, o que mostra um incremento de 2,7% (28,8 mil hectares) em relação aos 1.065.600 hectares cultivados no ciclo anterior.
Já em termos de produtividade a previsão é de que a média geral do estado feche em 6.944 quilos por hectare, apenas 0,6% a mais em termos de rendimento, comparado aos 6.902 quilos por hectare da safra 2007/2008. Mesmo com os pequenos problemas ocorridos durante o período de sua implantação, a cultura vem se desenvolvendo em ritmo satisfatório. Ao final da primeira quinzena do mês de fevereiro, 66% das lavouras já estavam em estágio de desenvolvimento e floração e 34% em início de colheita.
Uma questão de números
Os números divulgados pela Conab apresentam uma pequena variação em relação à estimativa de safra levantada pelo Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga). Pelos cálculos da entidade, a produção do estado será de 7.700.000 toneladas, com uma produtividade média de sete mil quilos por hectare. A área plantada está estimada em 1.106.000 hectares, 46 mil hectares a mais do que na safra passada.
A diferença entre os números apurados pelos dois relatórios, na avaliação do chefe da seção de política setorial do Irga, se deve à metodologia de coleta dos dados de cada instituição e não compromete o resultado final, já que as estimativas estão muito próximas. Em âmbito nacional, com o volume a ser colhido pelos arrozeiros gaúchos, somado ao desempenho dos demais estados produtores, o Brasil deverá contabilizar 12,4 milhões de toneladas de arroz na safra 2008/2009, o que representa um aumento de 2,5% em relação ao volume produzido na safra passada.
Este cenário já havia sido antecipado pelo presidente do Irga, Maurício Fischer, em dezembro do ano passado, no programa Correio do Povo Rural, da Rádio Guaíba, que reuniu alguns dos principais representantes da cadeia produtiva para avaliar o andamento da cultura e as perspectivas do mercado de arroz para 2009. “Em 2008 conseguimos plantar perto de 1,09 milhão de hectares com um significativo incremento de área de aproxi-madamente 30 mil hectares. Com isso esperamos manter a produção do Rio Grande do Sul nos níveis de 7,5 milhões de toneladas”, destacou Fischer.
A estiagem em algumas regiões produtoras, como na campanha, e o excesso de chuva em outras, como na zona sul do estado, causaram danos pontuais e trouxeram algumas perdas irreversíveis para a cultura. “Tínhamos a expectativa de aumentar a produtividade pela adoção de tecnologia por parte dos produtores. Mas em função da conjuntura climática, principalmente na parte de estabelecimento da lavoura, isso ficou tecnicamente impossível. Passamos por vários extremos na época de semeadura, com 50% da cultura implantada antes das chuvas no final do mês de outubro e início de novembro. Hoje, com a lavoura estabelecida, acredito que teremos uma produção e uma produtividade semelhantes às obtidas em 2008”, observa o presidente do Irga.
O chefe da seção de política setorial do Irga, Victor Kaiser, aponta alguns danos pontuais causados pelo clima no estado, como as enchentes na fronteira-oeste, em São Borja e Itacorubi, onde 2.720 hectares dos 51.505 hectares plantados na região foram perdidos e precisaram ser replantados. “Isso vai representar um atraso na colheita e consequente-mente uma produtividade menor”, avalia. “Em Itaqui o granizo forte atingiu 1.900 hectares. Outros 8.100 hectares foram atingidos pela enchente deixando a lavoura embaixo d’água. Neste caso, porém, não precisaram ser replantados porque a água baixou e a lavoura pôde ser recuperada”, explica.
Em outras áreas a estiagem fez um contraponto com Santa Catarina, onde o excesso de chuva acabou prejudicando as regiões produtoras. “Faltou água em São Borja, Uruguaiana, Barra do Quaraí e Alegrete, com perdas em torno de 1.600 hectares. No contexto do estado, os estragos decorrentes do clima não farão uma diferença significativa, mas pontualmente é uma grande perda para produtores, que terão significativa baixa de produtividade”, informa Kaiser.
A preocupação para as semanas que antecedem a colheita é com as baixas temperaturas durante o período de floração. Este fenômeno, de acordo com Kaiser, ocorre todos os anos neste período, “mas nada comparado à safra 1997/1998, quando o frio prejudicou 25% da produção do estado”, tranquiliza. Com base nestas previsões, na pior das hipóteses, o Rio Grande do Sul deverá repetir o mesmo desempenho obtido na safra passada, que foi recorde. O que em tempos de crise não é nada mal.