Norte-americanos conhecem produção de arroz no MT

Produtores norte-americanos consideraram muito interessante o sistema de produção do Mato Grosso, mas reclamaram do frete.

Um grupo norte-americano de produtores de arroz esteve em Sinop, no Mato Grosso, na semana que passou (de 24 a 27 de janeiro) para conhecer os diversos sistemas de cultivo praticados na região. Eles foram recebidos pelos dirigentes da Associação dos Produtores de Arroz do Estado de Mato Grosso (APA/MT), que agendou visitas em algumas lavouras da região para mostrar a dinâmica de abertura de áreas, rotação de culturas, manejo, competição de cultivares, tecnologias de produção, armazenagem de grãos, industrialização e comercialização.

A comitiva esteve também em São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, conhecendo os sistemas de produção e as particularidades destes estados.

Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Arroz em Houston – Texas, Roberts Dwight, a diferença na forma de cultivo foi um dos fatores que mais chamou atenção. Nos EUA, as lavouras são 100% irrigadas, enquanto no Mato Grosso predomina o arroz de sequeiro, o qual depende das freqüentes chuvas da região para atingir boa produtividade.

Dwight comentou ainda que as condições climáticas do estado são excepcionais para produção. “Temos muitos anos de experiência no cultivo de arroz e ficamos impressionados com isso. Se chover hoje em nosso país na época de safra, por exemplo, teremos que esperar alguns dias para colher e aqui os produtores podem começar no dia seguinte. Essa é a grande diferença”, explicou.

O produtor norte-americano considera que seria impossível produzir arroz nos EUA utilizando o sistema de Mato Grosso. Ele afirma que nos seis estados produtores, as chuvas não ocorrem com freqüência e por isso necessitam muito da água de poços artesianos e rios, que é comprada a preços que variam de 80 a 280 dólares por hectare irrigado, dependendo da região.

Ele revelou também que é utilizado um sistema de colheita de socas (rebrote) para melhor aproveitamento da lavoura, já que o clima permite. Na primeira colheita é possível chegar a uma produtividade média de 7,5 mil quilos por hectare. Na segunda, sem nenhum investimento, a 1,5 mil quilos.

Com relação às máquinas, não há grandes diferenças entre os dois países, embora o produtor confirme que a semelhança é maior com o sistema utilizado no Rio Grande do Sul. O custo de produção alto e preço do produto baixo também é um problema enfrentado pelos americanos, mas outro fator que chamou a atenção deles é o preço do frete e a infra-estrutura para transportar a safra.

Roberts fez uma comparação de valores e disse que o frete pago de Mato Grosso a São Paulo equivale ao transporte do Vietnã a Cuba. “O dia que o Brasil reduzir o preço do frete mudo de país e venho produzir arroz aqui”, ironizou.

Contudo, os americanos afirmaram que a visita foi muito produtiva e com certeza vai trazer bons resultados para eles. O presidente da Associação dos Produtores de Arroz do Estado de Mato Grosso APA/MT, Angelo Maronezzi, também fez questão de dizer que essa troca de experiências é muito importante e está agendando um intercâmbio nos EUA.

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