Nova classificação do arroz deve vigorar só na safra 2009/10

A principal dúvida é se a produção formada com custos elevados na safra 2008/09 conseguirá mercado por preço remunerador este ano, apontou Hahn, que deu uma palestra sobre a crise financeira internacional e seus efeitos para o mercado de arroz.

A portaria que irá modificar o padrão de classificação do arroz deve vigorar apenas na safra 2009/10, conforme acordo feito hoje durante reunião da Câmara Setorial do Arroz em Cachoeirinha, região metropolitana de Porto Alegre. A nova classificação passaria a valer em 17 de junho deste ano, mas o setor produtivo argumentou que a regra pegaria a atual safra em andamento.

Até julho, os integrantes da câmara irão negociar quatro itens do regulamento nos quais ainda não há acordo, mas sua aplicação será na próxima colheita, explicou o gerente de alimentos básicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Paulo Morceli.
A classificação adotará padrões mais rigorosos de qualidade.

A parcela de arroz considerada de tipo 1, que na safra gaúcha representa quase 95% do total atualmente, cairia para 65% pelo futuro padrão, estimou Morceli.

– O que queremos é que o consumidor tenha um produto de melhor qualidade – disse.

Parte da perda de qualidade decorre da armazenagem ou da presença de invasoras como o arroz vermelho, acrescentou Morceli.

A câmara também fez ajustes no quadro de oferta e demanda de arroz, que serão divulgados na segunda-feira, junto com o novo levantamento de safra da Conab. Morceli adiantou que o estoque final da safra 2008/09 deve sofrer pequena redução. As importações devem cair da previsão de 1 milhão de toneladas para 950 a 900 mil toneladas. As vendas externas do Brasil devem ser estimadas entre 450 a 500 mil toneladas, ante 400 mil toneladas fixadas anteriormente. Os números ainda não são finais, porque a Secretaria de Comércio Exterior irá fechar a posição de exportações nos próximos dias, afirmou Morceli.

Com isso, o quadro de suprimento que já era considerado ajustado se mantém e o setor continua com a previsão de bons preços no ano, avaliou o assessor de mercado do Instituto Riograndense do Arrroz (Irga), Marco Aurélio Tavares. O estoque de passagem da safra 2008/09 deve ser inferior a 1 milhão de toneladas, suficiente para apenas um mês de consumo.

Apoio

Sobre o apoio à comercialização da safra, que já começou a ser colhida no Rio Grande do Sul, o governo informou que os recursos estão disponíveis, mas o preço atual – acima do mínimo – não justifica intervenções. Por enquanto, estão disponíveis R$ 500 milhões em Empréstimos do governo federal.

– Fazemos uma avaliação diária do mercado – disse Morceli.

A reunião da câmara foi realizada em paralelo à programação da 19ª Abertura Oficial da Colheita de Arroz, na estação experimental do Irga em Cachoeirinha.

No mercado internacional, o arroz está sendo negociado por preços bem inferiores à média do ano passado, que foi de US$ 640/tonelada. Dependendo da qualidade, o grão é cotado entre US$ 470 a 500/t atualmente, informou o diretor da Glencore no Uruguai, Ricardo Hahn.

A principal dúvida é se a produção formada com custos elevados na safra 2008/09 conseguirá mercado por preço remunerador este ano, apontou Hahn, que deu uma palestra sobre a crise financeira internacional e seus efeitos para o mercado de arroz.

O custo de produção na Argentina e Uruguai ficou entre US$ 1,6 e 1,8 mil por hectare na safra 2008/09, quando a anterior foi formada por US$ 1,1 mil/ha, comparou ele. Cinco países (Tailândia, Índia, Vietnã, Estados Unidos e Paquistão) representam 82% do comércio mundial de arroz. Destes, o Vietnã decidiu suspender exportações por quatro meses e a Índia fechou as vendas externas do produto de maior consumo, para conter a inflação doméstica. Para Hahn, a Índia deve reabrir as vendas nos próximos dois meses, o que aumentará a pressão sobre o mercado internacional.

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