Nova direção
Planeta Arroz – Lhe surpreendeu a indicação para presidente do Irga?
Guinter Frantz – Num primeiro momento sim, quando fui procurado em dezembro. Mas, agora, percebendo o foco profissional e técnico que o secretário Ernani Polo e o governador José Ivo Sartori quiseram dar à direção do Irga e o respaldo do setor produtivo, me parece natural. Tenho ao meu lado três diretores muito experientes e profissionais, aptos a dar ao Irga o máximo de dedicação, comprometidos historicamente com a orizicultura. Não poderia estar mais satisfeito ou melhor acompanhado. Maurício Fischer, Renato Rocha e Tiago Sarmento Barata trazem um grande respaldo setorial e profissional, conhecem profundamente o Irga e seu papel e já estão trabalhando muito.
Planeta Arroz – O Irga passou pela reformulação total do quadro funcional. É um desafio para a nova direção?
Guinter Frantz – Esse concurso, há mais de 30 anos era reivindicado pelo setor. Em minha opinião, mais do que desafio, é uma grande oportunidade para a lavoura orizícola e para a nossa administração poder treinar, orientar e qualificar mais de 200 técnicos. E temos profissionais jovens e muitos experientes, que através do concurso se mantiveram no Irga, como é o caso do novo gerente da Divisão de Pesquisa, Rodrigo Schoenfeld. Temos também o experiente Athos Gadea como gerente da Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater).
Planeta Arroz – Há uma meta que o senhor considera que é um ponto de honra na presidência?
Guinter Frantz – O desenvolvimento de tecnologias para o arroz é a nossa função básica, mas creio que podemos evoluir muito na transferência destas ao rizicultor. Elas precisam chegar à ponta, no agricultor, no aguador, no taipeiro, no operador de máquinas. Precisamos disso para eliminar essa diferença entre o arrozeiro gaúcho que produz acima de 10 mil quilos por hectare e aquele que produz 6, 7 mil quilos. Meu conhecimento na área de gestão de pessoas e processos agrícolas e administrativos valerá para dar ênfase à qualificação na eficiência da gestão da lavoura e da mão de obra e dos recursos, um dos gargalos da orizicultura. Isso será feito por parte destes 200 técnicos.
Planeta Arroz – Qual a sua posição sobre a diversificação de culturas na várzea?
Guinter Frantz – Sou um entusiasta. O cultivo da soja está permitindo grande avanço em termos de manejo do arroz, aumento da produtividade em pelo menos uma tonelada por hectare e melhor aproveitamento dos recursos, máquinas e mão de obra. Temos muito a evoluir para chegar ao patamar de 50, 60 sacas de soja por hectare, mas temos potencial. E vamos evoluir para a produção de milho em terras baixas e a integração lavoura-pecuária, com resultados econômicos, sociais, agronômicos e culturais expressivos não só para a lavoura, mas também para os mais de 130 municípios arrozeiros. Mas, repito, temos muito ainda o que desenvolver na pesquisa, no manejo, na transferência dessas tecnologias. E o produtor, muito a aprender com relação a soja, milho, pastagens.
Planeta Arroz – O Irga tem importante papel de agente político em relação ao mercado. Como será agora?
Guinter Frantz – Não muda nada. Além da presença política, precisamos ser mais competitivos. E vamos buscar tecnicamente viabilizar maior produtividade média, redução de custos e do uso de recursos naturais, como a água, e argumentos técnicos com relação ao mercado. Identificar o custo de produção é um passo importante para discutir preço e o apoio às exportações, com uma boa base logística. Arroz de qualidade e até certificação do produto são temas da nossa pauta. A competitividade frente às importações também. Não abriremos mão do papel político e de liderança setorial, conjuntamente com as entidades arrozeiras, e como elo com o Estado.