Nova safra traz um comportamento de mercado ainda sem roteiro

 Nova safra traz um comportamento de mercado ainda sem roteiro

Safra evolui no Rio Grande do Sul e, se não chover, deve chegar a 50% até o próximo final de semana

Matéria-prima não recua em plena colheita e varejo não assimila repasses mesmo com a alta do frete, numa semana pra lá de complicada para a indústria.

Se é bem verdade que cada safra é diferente da outra, e cada temporada traz um comportamento de mercado com humores diversos, a temporada 2020/21 parece estar testando toda a experiência acumulada da cadeia produtiva com mais um daqueles anos de muitas surpresas e poucas certezas. Tivemos mais uma semana para experimentar diferentes comportamentos ao longo do setor, desde o agricultor até o consumidor.

A colheita gaúcha alcançou 35% de área colhida neste final de semana, apesar da boa chuva que alcançou mais de 50mm em algumas regiões e parou as operações em algumas lavouras. Para a soja e as pastagens, as chuvas semanais no Rio Grande do Sul não poderiam ser melhores. Para o arroz, nem tanto. As produtividades vêm surpreendendo positivamente, apesar do alongamento do ciclo das cultivares e do clima que não foi tão favorável, segundo técnicos e consultores agronômicos.

O compasso lento da colheita é um dos fatores que está afetando o mercado. Sem oferta, os preços reagiram no mercado de matéria-prima nas duas últimas semanas após o enfraquecimento nos primeiros dias do mês. No mercado livre, preços bastante diferentes entre as regiões, mas que oscilam de R$ 85,00 a R$ 87,00 na fronteira oeste, R$ 82,00 a R$ 85,00 no restante do Estado e de R$ 86,00 a R$ 90,00 para variedades nobres da safra antiga.

O indicador de preços Esalq-Senar/RS chegou a R$ 86,70, com alta de R$ 2,25 sobre as menores cotações do ano, acumulando 0,25% de decréscimo sobre o primeiro dia do mês. Pelo câmbio de sexta-feira, alcança US$ 15,80 e se torna pouco competitivo no mercado internacional.

Uma recuperação mais forte nas cotações gaúchas, em especial na Fronteira Oeste e na Zona Sul, ao longo da semana que passou, está associada às investidas de uma trading que fechou embarques de arroz em casca para a América Central e ofertou R$ 87,00 a R$ 88,00 por saca de arroz colocada no porto de Rio Grande. Pequenas indústrias resolveram disputar o produto e acabaram com dificuldades de comprar. A trading já formou seu lote e saiu do mercado. Muito provavelmente formará mais dois lotes, que somam de 40 mil a 50 mil toneladas, no Paraguai, onde há cotações mais acessíveis.

FRETE

A escassez de caminhões e a alta do frete, com a disputa pelos transportadores com a safra do Brasil Central, afetou o mercado do arroz em casca e também o beneficiado esta semana. Os fretes subiram mais de 20% para buscar o arroz das lavouras para as indústrias, mas também registrou altas de 15% a 20% do Rio Grande do Sul para São Paulo e Rio de Janeiro. A indústria apresentou novas tabelas de preços na terça-feira, forçando uma alta média de R$ 4,00 a R$ 5,00 por fardo. Na quinta-feira, muitas delas, mesmo com a baixa assimilação do varejo – que espera comprar a preços muito mais convidativos no pico da safra, em abril – suspenderam as tabelas, ou seja, as retiraram para apresentar com valor novamente corrigido para cima.

O varejo segue argumentando que não houve reação de consumo que dê suporte à alta do grão. E continua apostando que a partir de abril as cotações devem buscar novo piso. Representantes de supermercadistas, reunidos na última semana em reunião pela internet, reforçaram não esperar que o auxílio emergencial de R$ 175,00 a R$ 250,00 por família vá ter a mesma reação de 2020 (quando eram R$ 600,00). Dizem que o consumidor sabe que os supermercados não vão fechar e que haverá arroz. “A cada mês, vão buscar preços menores”, entende um dirigente lojista.

PREÇO AO CONSUMIDOR

Os preços aos consumidores, diante da indústria tentando repassar custos da matéria-prima e do frete, não foi alterado nas redes varejistas. Em alguns casos, até apresentaram alta de alguns centavos por quilo. Nas sete capitais acompanhadas por Planeta Arroz, as médias subiram, ainda que levemente. Os preços referenciais do pacote de cinco quilos, Tipo 1, branco, ficam entre R$ 26,00 e R$ 27,00. Já o parboilizado está entre R$ 25,00 e R$ 26,00. O quilo do arroz branco, também do Tipo 1, oscila entre R$ 4,65 e R$ 6,50, em média, e o parboilizado entre R$ 4,50 e R$ 6,00.

A próxima semana ainda será de mais expectativas do que definições. Sem tradings disputando cargas com a indústria e com a oferta aumentando em razão da evolução da colheita – e aproximação do vencimento dos contratos de CPR – em contraste ao consumo estagnado e as indústrias tentando repassar custos ao varejo, espera-se o agravamento da queda de braço e dos difernetes interesses de cada elo da cadeia produtiva.

6 Comentários

  • Sigam vendendo a soja e segurem o arroz pessoal! Deixem os CPRs se esgoelarem! Eles que entreguem os arrozinhos deles a 80 pilas! Vamos ver se plantam ano que vem! E as exportações! Óbvio que vão seguir bombando! O pessoal do centro do país acha que vai ganhar no grito! Vão não!

  • Todo dia uma novidade,em tempos pandêmicos fica difícil uma previsão, é fato que os custos estão subindo, embalagem, fretes, a safra de arroz embora com boa produtividade estará na conta certa para o consumo e exportação(cotação do dólar volátil), acho que o consumo de arroz aumenta novamente esse ano pois continua sendo o produto mais barato e não há renda. Supermercados no RJ batendo na TV de hora em hora pacote de 5Kg de arroz à R$19,95, passa a ser a referência, para um produto que lhes chega no custo de 108 /112,00/fardo, margem bruta de 7% a 10%, para um arroz que deveria estar chegando hoje baseado num casca posto indústria/RS de 86/88 à 116,00/118,00-Cif- RJ, até quando a indústria consegue subsidiar esse consumo ‘estagnado’.?

  • E porque todos os dias o Datena mostra os preços do pacote R$ 29,99 ai em SP ? Seria fake ou matéria antiga? As grandes do sul com excecao de uma de Itaqui não baixaram!

  • Bom dia sr Flavio; o tal apresentador ama mostrar os extremos; aposto que o tal arroz de 29,99 é de produto semente nobre; então não dá pra escalar seu raciocínio numa informação que não bate com a realidade desta semana; os preços correntes de prateleira para marcas top 5 de giro no arroz branco, variam MUITO abaixo disso, com preços base começando nos grandes canais entre 18,99 e 19,90 (ofertas de 1 ou 2 dias), e fora de ofertas preços que equilibrem a conta; já no varejo médio e pequeno preços de venda daí para cima por questões de custos diversos de impostos ou momento de compras diferentes em relação aos movimentos do mercado.

    Na categoria sementes nobres que temos visto nos varejos diversos, extremamente raro de ver a este preço de 29,99 o pacotes nas prateleiras, em sua maioria são vendidas de 1 a 2 reais abaixo disso.
    Sugiro vá mais ao mercado e menos ao Datena (que está mostrando noticia desatualizada com rótulo novo);
    Ah..lembre-se, SP está bem acima de Porto Alegre no mapa, ainda temos o frete rodoviario daí pra cá que encarece a nossa conta final.

  • Sr. Evandro, de São Paulo não saberia lhe dizer, porém do Rio de Janeiro posso lhe afirmar preços na tv de hora em hora à R$19,95/arroz de 5Kg, o principal motivo da anomalia entre os preços do casca e do beneficiado nesses primeiros meses do ano, foi justamente o subpreço praticado por pelo menos duas grandes aí do sul, cujas sedes são bem longe de Itaqui. Agora o mercado vai paulatinamente se ajustando buscando equalizar o preço do casca ao do beneficiado, com muita dificuldade, uma vez que não há renda, não há emprego(RJ talvez o maior tx de desemprego), ou seja, ajustar preço nesta altura no varejo vai ser complicado.

  • Boa tarde! Gosto de debater com pessoas de alto nivel! Nao ha a necessidade de se ofender ninguem por ter opiniao diversa! Mas tenho informacoes fidediguinas que a area não plantada na fronteira-oeste, gira em torno de 10.000 hectares. Alem disso muita area que consta do levantamento do Irga foram abandonadas por falta de agua! Itaqui, Uruguaiana, Alegrete, Depressao Central e algumas regioes da zona sul também sofreram muito. Tiveram que utilizar agua salinizada! Nossos estoques privados foram zerados no ano passado! Industria não pode vender o que não foi comprado( os á deposito), industrias pequenas com dificuldade de compra, pessoal vendendo a soja! Pergunto: – Porque o atacado e o varejo não aproveitam e compram mais o que está disponivel agora para não tomarem um baita susto ali na frente? O povao ta sem dinheiro todo mundo sabe. Mas será que vão ficar sem arroz e feijão? Reflitam. A safra esta sendo muito boa. Mas vai só compensar as perdas e olhe lá!

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