Nova semente de arroz elimina o uso de fungicida

 Nova semente de arroz elimina o uso de fungicida

Maior produtividade e menor custo é o objetivo dos produtores

Experimento conseguiu aumentar produção e reduzir os custos com defensivos contra fungos
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Agricultores de uma propriedade rural do interior de Dona Francisca experimentaram uma nova semente sem o uso de fungicida e tiveram um aumento de cerca de 20% da produtividade e um custo de produção foi menor. Os arrozeiros cultivaram seis hectares de arroz sem o uso de fungicida durante a estação de crescimento. A semeadura ocorreu em 28 de setembro do ano passado e a colheita na última segunda-feira.

Conforme Loecir José Bastiani, um dos proprietários da terra que fica na localidade de Linha Soturno, na divisa com Faxinal do Soturno, foi usado um tipo de arroz resistente a brusone, que é a principal doença do cereal no Rio Grande do Sul, chamado de ¿cultivar Irga 424 CL¿. Mesmo com o investimento nesse tipo específico de arroz, houve redução no custo de produção.

– Notei um pouco de esterilidade de grãos, mas nenhum sintoma de brusone na lavoura – disse Bastiani.

A produtividade foi de 180,6 sacas por hectare (9 mil quilos por hectare). Ela está acima da média dos últimos anos na região, que foi de 151 sacas por hectare (7,5 mil quilos por hectare). Isso quer dizer que a expectativa foi superada. Bastiani disse que o cuidado com a lavoura precisou ser maior, com atenção redobrada quanto à época de semeadura, densidade e entrada da água na lavoura, tendo em vista as indicações técnicas para o correto manejo da cultura do arroz irrigado no Estado.

– O esforço foi maior, mas deu resultado. Optamos por produzir dessa forma justamente por usar menos fungicidas. Agora, queremos aumentar a área – afirma Bastiani, cuja família tem 28 hectares no total nas cidades de Dona Francisca e Rosário do Sul.

O fitopatologista e pesquisador do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Cláudio Ogoshi, conta que a tendência é que sejam usados cada vez menos fungicidas no cultivo das lavouras. Entre os motivos, a redução no custo do produto e a exigência do consumidor, que tem optado por uma alimentação mais saudável.

– Para isso há o desenvolvimento de exemplares resistentes a doenças. Exige um manejo diferenciado, mas dá resultado. É um tipo de arroz que ganha destaque no mercado – relata.

Conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a intoxicação por agrotóxicos pode ocasionar problemas em curto, médio e longo prazo, a depender da substância utilizada e do tempo de exposição ao produto. Mais de 200 mil mortes por ano acontecem no mundo em virtude de problemas gerados pelo uso de agrotóxicos, sendo que a maioria em países em desenvolvimento.

No entanto, conforme Ogoshi, para manter a produção de produtos agrícolas eles precisam ser usados, sempre de forma controlada e com regulamentação.

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