Novas altas moderadas nos preços mundiais do arroz
(Por Patrício Méndez del Villar, Cirad) Em abril, os preços mundiais do arroz tiveram altas apenas 1%, puxados principalmente pela demanda do Oriente Médio por arroz de alta qualidade. A demanda por arroz quebrado para ração animal parece estar estabilizando, exceto na China, o maior mercado mundial de ração animal, que continua sendo abastecido principalmente pelo Vietnã, elevando os preços vietnamitas do arroz de baixa qualidade.
O alto custo do transporte marítimo e a volatilidade dos mercados de câmbio tendem a limitar ainda mais as transações em todos os mercados asiáticos. Na Índia, os preços de exportação permanecem extremamente estáveis devido à abundância de suprimentos. Na Tailândia, os preços do arroz começaram a subir no final de abril devido à nova demanda do Oriente Médio e ao reaquecimento na demanda africana.
Além disso, as perspectivas para a segunda safra tailandesa são menos promissoras do que o esperado. Por outro lado, preços mais altos da energia e dos fertilizantes terão impacto nas áreas plantadas no hemisfério norte durante a temporada 2022/2023. Portanto, os preços de exportação poderiam aumentar significativamente a partir da segunda metade de 2022.
Em abril, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) subiu 1,7 pontos para 195,4 pontos (base 100=Janeiro de 2000) contra 193,7 pontos em março. No início de maio, o índice IPO tendia a se fortalecer para 200 pontos devido aos acentuados preços tailandeses e paquistaneses.
Produção mundial
Segundo estimativas da FAO, a produção mundial do arroz em 2021 aumentou 0,7% para 784,3 M t (520,8 M t base beneficiado) contra 778,6 M t em 2020. A produção asiática aumentou graças a uma safra recorde na Índia. A produção melhorou também na China, Tailândia e Vietnã. Nos Estados Unidos, a produção contraiu 10% em 2021 devido a uma redução das áreas plantadas substituídas por culturas mais lucrativas (milho, soja).
No Mercosul, a produção no Brasil melhorou em 4,5% em relação a 2020. Entretanto, poderia cair 12% em 2022. Na África subsaariana, a produção de arroz foi novamente perturbada pelas más condições climáticas, principalmente na África Ocidental. Em Madagascar, estima-se que a produção também tenha diminuído 3,5% em 2021.
Comércio e estoques mundiais
Em 2021, o comércio mundial do arroz aumentou significativamente em 13% para 51,4 M t contra 45,6 Mt em 2020. É o maior aumento desde 2017. As necessidades de importação aumentaram em 10% no sul da Ásia, especialmente no Bangladesh. As importações chinesas também aumentaram, assim como na África subsaariana onde se observou um forte crescimento nas importações, especialmente na Nigéria, com a reabertura de suas fronteiras terrestres no final de 2020.
Em 2021, a Índia bateu todos os recordes de exportação atingindo 21,4 M t, já 48% acima de seu recorde anterior em 2020 e respondendo por 42% do comércio mundial. A Tailândia, apesar de um aumento significativo nas vendas externas durante o segundo semestre de 2021, permanece na terceira posição, atrás do Vietnã cujas vendas aumentaram 5,5% em 2021. Em 2022, as primeiras projeções indicam um aumento adicional no comércio mundial, mas de apenas 3,8% para 53,4 M t.
Os estoques mundiais de arroz no final de 2021 aumentaram 2,2% para 190,5 M t, contra 186,4 M t em 2020, representando 37% das necessidades mundiais e ficando acima da média dos últimos cinco anos. Este aumento se deve principalmente ao aumento dos estoques indianos graças às boas colheitas em 2021.
Por outro lado, os estoques chineses marcaram uma queda de 0,5%, mas ainda são significativos, equivalentes a 70% do consumo anual e 55% dos estoques mundiais. Por outro lado, os estoques nos principais países exportadores aumentaram novamente em 5% para 52,5 M t, o equivalente a 28% dos estoques mundiais. Em 2022, as reservas poderiam aumentar em 1,2% para 192,7 M t.
Cenários globais
Na Índia, os preços do arroz permanecem inalterados, o que é um bom sinal do maior ex portador do mundo. Em abril, a demanda de importação foi relativamente reduzida tanto no segmento do arroz Basmati quanto no do arroz não aromático, devido aos altos custos de frete marítimo. No entanto, desde o início de maio, a demanda asiática e da África Ocidental tende a crescer.
As primeiras projeções para a produção de 2022/2023 indicam uma possível contração de 3% devido à seca. Além disso, os altos preços do óleo vegetal poderiam deslocar parte das áreas de arroz sequeiro para cultivos de oleaginosas. Em abril, o arroz indiano 5% permaneceu inalterado a $ 345/t Fob. O arroz indiano 25% também ficou estável em $ 325. No início de maio, a demanda de importação mostrou-se forte, mas os preços permanecem estáveis graças à segunda safra que começará a chegar ao mercado.
Na Tailândia, os preços subiram apenas 1%, incluindo o arroz quebrado, devido à demanda externa relativamente baixa. Além disso, há um risco de escassez de arroz no mercado local, o que começa a pesar nos preços de exportação. Em abril, o preço do arroz Tai 100%B atingiu $ 423 contra $ 419 em março. O arroz parboilizado subiu para $ 419 contra $ 414. O quebrado A1 Super subiu ligeiramente para $ 405 contra $ 403. No início de maio, os preços encontravam-se significativamente firmes.
No Vietnã, os preços de exportação mostraram tendências mistas. O Viet 5% diminuiu ligeiramente em um mercado fraco, enquanto os preços do arroz de baixa qualidade, especialmente o arroz quebrado, mostravam-se mais firmes devido à forte demanda chinesa. Os exportadores estão na expectativa de uma demanda asiática e africana mais ativa nas próximas semanas.
Entretanto, as autoridades vietnamitas mantêm uma política de exportação voltada para o segmento do arroz de alta qualidade. Em 2022, este segmento deve representar três quartos das vendas totais, dos quais 45% de arroz aromático. Em abril, o Viet 5% foi cotado a $ 416 contra $ 418 em março. O Viet 25% subiu para $ 398 contra $ 393. No início de maio, os preços estavam firmes.
No Paquistão, os preços do arroz aumentaram em média 2%, ficando acima dos preços indianos, os mais competitivos do mercado. A demanda de importação de arroz quebrado permanece forte e está sendo negociada acima do preço do Pak 25%. Em abril, Pak 25% subiu para $ 331 contra $ 326 em março. Enquanto isso, o arroz quebrado era comercializado a $ 350 em abril contra $ 345 um mês antes. No início de maio, os preços permaneciam firmes.
Na China, a situação atual continua sendo dominada pela forte demanda de importação de arroz quebrado para ração animal, em reação ao aumento dos preços dos grãos. Além disso, há uma forte pressão para aumentar a produção de oleaginosas, levando a uma possível redução na produção de cereais em 2022/2023.
Nos Estados Unidos, os preços do arroz subiram 3% dentro de um mercado pouco ativo. A oferta exportável é menor e as perspectivas para a produção de arroz não são muito promissoras devido às tensões nos mercados mundiais de grãos, o que poderia limitar ainda mais a área cultivada de arroz em 2022. Em abril, as exportações atingiram 220.000 t contra 230.000 t em março, marcando um atraso de 8% em relação a 2021 na mesma época. O preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 aumentou para $ 640/t contra $ 620 em março. No início de maio, o preço continuava firme para $ 650.
Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz paddy subiram 2% para $ 360/t contra $ 353 em março. No início de maio, os preços estavam firmes em $ 375.
No Mercosul, os mercados externos continuam ativos e os preços de exportação subiram em média 3% em relação a março. As exportações brasileiras marcam um avanço de 100% em relação a 2021. As exportações no Uruguai também são 50% maiores do que no ano anterior na mesma época. O preço indicativo do arroz paddy brasileiro aumentou 2%, para $ 310/t contra $ 305 em março. No início de maio, o preço indicativo tendia a cair para $ 278 com a chegada da nova safra.
Na África subsaariana, os mercados regionais de grãos apresentam novos aumentos de preços devido à forte pressão da demanda interna e à oferta limitada. Entretanto, medidas de acompanhamento, especialmente na África Ocidental, tendem a estabilizar o preço do arroz importado. A produção de arroz poderia diminuir novamente nas principais regiões produtoras de arroz após novos períodos de seca durante a ciclo de cultivo.