Novo chope utiliza arroz preto descartado no beneficiamento

O chope de arroz preto foi produzido numa planta-piloto com capacidade para produzir 200 litros pelo professor da EEL, João Batista de Almeida e Silva, e o aluno de mestrado Cláudio Marcelo Andrade.

Pesquisadores da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP criaram um novo tipo de chope, produzido com arroz preto. A matéria-prima da bebida, originária da China, é uma variedade exótica de arroz pouco conhecida no Brasil, mas com alto potencial de mercado. Um teste de análise sensorial do chope acontecerá neste sábado (22) na EEL, ao meio-dia.

O chope de arroz preto foi produzido numa planta-piloto com capacidade para produzir 200 litros pelo professor da EEL, João Batista de Almeida e Silva, e o aluno de mestrado Cláudio Marcelo Andrade.

– Durante o beneficiamento do arroz, ocorria uma perda de 25% a 35% dos grãos, o que encarecia demais o produto final – explica o professor.

– Esse resíduo (arroz quebrado) foi usado para obter uma bebida diferenciada, buscando agregar valor aos produtores agrícolas.

Segundo Almeida, o chope utiliza 35% de arroz, em substituição ao malte e a cevada.

– A bebida é muito brilhante e possui uma coloração acastanhada, um pouco mais clara que a da cerveja tipo bock – relata.

– O teor alcoólico é de 5,15% por volume (%/V) de álcool, enquanto na cerveja puro malte tradicional varia entre 3,5% e 5,5%/V, e na bock é de 7%/V.

Sabor

O arroz preto tem mais proteínas e fibras que o tradicional, dez vezes mais compostos fenólicos e maior maciez.

– Cozido, o arroz possui uma coloração violeta bastante intensa, além de aroma e sabor um pouco semelhantes ao do pinhão – diz o professor.

– Atualmente, ele é comercializado apenas na qualidade gourmet.

O chope criado na EEL é o primeiro a utilizar esta matéria-prima no mundo, embora o arroz preto já tenha sido empregado na China para obtenção de vinho e vinagre. O próximo passo da pesquisa será transformar o chope em cerveja, com a ampliação da planta piloto existente na EEL, projeto já aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

– Um pasteurizador será adquirido para se obter a primeira cerveja de arroz preto do mundo, pois a diferença entre o chope e a cerveja é simplesmente a pasteurização – relata Almeida.

– Também será desenvolvido um processo de malteação do arroz, para substituir até 100% do malte usado na produção de cerveja.

O teste de análise sensorial do chope de arroz preto acontece no campus 1 da EEL, na Estrada Municipal do Campinho s/nº, em Lorena (interior de São Paulo). Estarão presentes à demonstração representantes da regional de Pindamonhangaba da Agencia Paulista de Tecnologia.

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