Novo Plano Safra já nasce morto e sem apoio das instituições do agronegócio

O plano 2016/17, que traz um volume recorde de crédito de R$ 202,88 bilhões para agricultura nacional, de 8% a mais do que no ano passado, chega a público sem o apoio das principais entidades do agronegócio e, mais do que isso, sem a certeza de que poderá ser executado.

O governo da presidente Dilma Rousseff está caminhando para os seus últimos dias e também, consequentemente, a atuação de Kátia Abreu no Ministério da Agricultura. Ainda assim, o novo Plano Safra foi anunciado nesta quarta-feira, 4 de maio. Mas não seria este um plano que já nasce morto? A resposta das principais lideranças do agronegócio é sim.

O plano 2016/17, que traz um volume recorde de crédito de R$ 202,88 bilhões para agricultura nacional, de 8% a mais do que no ano passado, chega a público sem o apoio das principais entidades do agronegócio e, mais do que isso, sem a certeza de que poderá ser executado. O rombo nas contas públicas, afinal, passa de R$ 100 bilhões e é o maior da série histórica. Falta dinheiro e os números não fecham.

Além disso, mais uma vez neste ano, o setor não foi ouvido. A crise política e econômica agravou algumas das principais dificuldades do campo, as quais exigem mudanças, porém, as mesmas não são ampla e profundamente conhecidas pelos governantes, ou estão sendo ignoradas. E isso não é uma situação recente.

O Notícias Agrícolas, nesse cenário conversou com diversos representantes da agricultura e pecuária nacionais e a reação é a mesma entre todos eles: a de não apoiar o Plano Agrícola e Pecuário 2016/17. O setor não foi ouvido, as medidas não foram discutidas e debatidas e, por isso, não podem ser apoiadas, dizem as instituições. Para o deputado federal Luiz Carlos Heinze (PP-RS), que faz parte da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o plano foi construído com um restrito grupo dentro do ministério, com base em dados que, muitas vezes, não explicitam a realidade vivida pelos produtores rurais.

E como empregar certeza em um plano tão amplo como o Agrícola e Pecuário vindo – e antecipado – de um governo em fase final e com dificuldades financeiras de tamanha severidade? Esse é outro fator que aumenta e intensifica as dúvidas que essas novas medidas trazem. O governo federal está em sua fase final – a votação do impeachment no Senado Federal acontece em oito dias – e além da falta de recursos, portanto, há a latente falta de governabilidade enfrentada por Dilma Rousseff.

Há meses, e principalmente após a aprovação do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, um eventual governo de Michel Temer começou a ser articulado e o novo dirigente do Ministério da Agricultura ainda é uma incerteza. Segundo Heinze, a pasta deverá ficar com o PP e há alguns nomes sendo analisados, mas ainda nada definido. E até mesmo a postura de um novo ministro diante dessas medidas é desconhecida, se serão continuadas ou se passarão por mudanças, e se serão alteradas com discussões entre governo e agronegócio, ou não.

“Com a chegada de um novo ministro, será necessário se colocar esse plano em discussão com a Agricultura, a Fazenda, o Planejamento e o Banco Central para saber o que continua e o que não continua, o que é possível e o que não é possível, além de se discuti-lo com o setor. Por hora, ainda é muito incerto. Mas o que é certo é que nós iremos garantir que a agricultura, empresarial ou familiar, continue sendo respaldada”, diz o deputado.

Instituições de Mato Grosso – Acrimat, AMPA, Aprosoja MT, Famato e o Governo de Mato Grosso – criaram um documento listando as principais propostas e necessidades do estado para o novo plano para ser encaminhada à Kátia Abreu e demais dirigentes da pasta. São cerca de 22 itens.

"Cremos que estas propostas contribuem positivamente com esse Ministério a realizar sua missão de bem propor e executar as políticas públicas de amparo e desenvolvimento ao setor e que sejam aceitas para compor o elenco de medidas do Plano Agrícola e Pecuário 2016/2017", informa o documento.

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