Novo presidente da CTNBio defende arroz transgênico

 Novo presidente da CTNBio defende arroz transgênico

Paiva: preside a CTNBio

Edilson Paiva defende a revisão do tema para verificar se o veto é fruto de riscos biológicos ou econômicos.

A discussão em torno da liberação comercial do arroz transgênico ganhou um novo capítulo no dia 10 de fevereiro com a escolha do novo presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). O órgão é responsável pela análise dos pedidos de pesquisas e de liberação comercial de organismos geneticamente modificados. 

O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Edilson Paiva (que substitui o médico bioquímico Walter Colli) é conhecido por uma atitude mais favorável aos transgênicos. Ele já defendeu uma revisão da posição contrária da Embrapa à comercialização de arroz transgênico no país. 

A escolha de Paiva para a presidência do órgão foi feita pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, com base em uma lista tríplice montada horas antes por membros do colegiado. O novo presidente assume um colegiado dividido: um grupo majoritário, formado por cientistas pró-transgênicos, e uma ala verde, que reúne oito dos 27 integrantes da comissão. 

Paiva disse estar convicto de que a posição contrária da Embrapa à venda de arroz transgênico é fruto de um mal-entendido e defendeu uma revisão do assunto pela empresa, da qual também é pesquisador. “Com certeza não são todos da instituição que acham isso. Seria interessante uma revisão desse assunto para verificar se o veto é fruto de riscos biológicos ou econômicos”, afirmou. 

Pesquisador da Embrapa por 35 anos, com doutorado em engenharia genética, ele cita que culturas geneticamente modificadas já ocupam mais de 140 milhões de hectares no mundo. Paiva também se manifestou contrário à rotulagem de alimentos que contenham transgênicos: “Pessoalmente, acho que seria desnecessário, porque esses alimentos não causam nenhum risco”. 

Em sua primeira reunião plenária após a mudança do comando, no dia 11 de fevereiro, a CTNBio aprovou a liberação comercial de uma levedura transgênica que permite a produção de diesel usando a cana-de-açúcar. É a primeira vez que um transgênico desse tipo é aprovado pela comissão. A comissão também aprovou o uso comercial de duas espécies de soja modificada, resistentes ao agrotóxico glufosinato de amônio. As sojas foram produzidas pela Bayer. 

ADIAMENTO 

O arroz Liberty Link, também desenvolvido pela Bayer, que seria o primeiro item a ser votado na reunião, acabou sendo retirado da pauta, mas voltará a ser discutido na próxima reunião da CTNBio, agendada para o dia 18 de março. Vale lembrar que em audiência pública que reuniu agricultores, empresários e cientistas em 2009, representantes da Embrapa foram contrários à liberação do arroz. Após o encontro o assunto não foi mais discutido pela CTNBio. Paiva diz que o tema deverá ser retomado. “Não houve tempo no ano passado. Faremos tudo com calma, não há pressa”. 

Além do arroz transgênico, Paiva deverá enfrentar outro assunto polêmico: a revisão de uma resolução da CTNBio de 2008 (a Resolução nº 5) sobre o monitoramento de transgênicos liberados no mercado. A proposta, feita no ano passado, foi retirada da pauta de votação após repercussão negativa. Mesmo com recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para que as regras atuais sejam mantidas, o novo presidente avalia que o assunto precisa ser mais bem discutido. “O ideal é que a resolução seja mais bem detalhada. Não há como fazer monitoramento de tudo”, defendeu. 

A Bayer CropScience informa que o processo de aprovação do arroz Liberty Link segue o curso de análise científica por parte da CTNBio e não tem como prever quando este será concluído. Se aprovado, a empresa reitera que seguirá conversando com os elos do setor produtivo brasileiro de arroz para obter consenso sobre o melhor momento para disponibilizar as sementes aos agricultores. A tecnologia Liberty Link é uma alternativa para o controle de plantas daninhas resistentes, que é um problema crônico na lavoura arrozeira.

 
Inov CL une rentabilidade e qualidade de grãos

 A cada safra o produtor de arroz tem novos desafios, que vão desde instabilidade do mercado até modificações climáticas inesperadas. Esses fatores aumentam a demanda por tecnologia e segurança na lavoura. Na vanguarda desta tendência está a RiceTec Sementes, empresa líder no segmento na América Latina. 

De todos os produtos comercializados pela RiceTec, um chama muito a atenção pela rentabilidade e qualidade: o Inov. “É o nosso carro-chefe”, resumiu Helvio Missau, gerente de comercialização e marketing da empresa. Segundo o dirigente, a procura por este produto sempre surpreende e vem aumentando a cada safra. 

“Como principais características apresenta alta produtividade, qualidade industrial e de consumo, boa tolerância às manchas foliares e também é tolerante à toxidez de ferro”, comenta Álvaro Schwanke, gerente de desenvolvimento de produtos.
Com o sucesso desta semente entre todos os integrantes da cadeia produtiva do arroz, a RiceTec decidiu lançar para a safra 2010/2011 o híbrido comercial Inov CL, uma versão Clearfield do produto. Esta tecnologia permite o controle do arroz vermelho, a maior praga nas lavouras de arroz. 

Helvio Missau destacou que o produto possibilita ter mais produtividade com segurança. “O mercado busca esta tecnologia. Vai ao encontro das necessidades do arrozeiro de ganhar em produtividade e entregar um produto de melhor qualidade na indústria”.
Segundo o dirigente, já há reservas de compra de sementes para a próxima safra tanto de produtores como de indústrias de beneficiamento que priorizam a qualidade de grãos. “Será o principal produto da RiceTec nos próximos anos”. 

O Inov CL está no estágio de farm test nesta safra e os resultados parciais impressionam. “As lavouras deste híbrido já encontram panículas com até 320 grãos, o dobro em relação à variedade, e isto é um indicativo de alta produtividade”, revelou Missau. 

SAIBA MAIS

Graduado em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (Ufla) na década de 70, Edilson Paiva é mineiro de Nepomuceno e fez mestrado em Fisiologia Vegetal pela Purdue University (EUA) e doutorado em Biologia Molecular de Plantas (também na Purdue). Aposentado há um ano da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), onde trabalhou por 35 anos, ele tem atuado em pesquisa na área de genética, com ênfase à genética molecular e celular de plantas e micro-organismos. 

Na CTNBio, Edilson Paiva já exercia a vice-presidência nos últimos dois anos, mas antes disso atuava como membro da comissão. O nome do ex-pesquisador da Embrapa compunha uma lista tríplice elaborada pelos membros da CTNBio e enviada ao ministro Sérgio Rezende. Além do nome dele também estavam o do professor Aluízio Borem e o do químico Antônio Euzébio Santana. Paiva ocupará o cargo por dois anos, podendo ser prorrogado uma única vez.

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