Novos horizontes

Com estoques baixos e preços altos, área mudou quase nada

A produção e arroz nos quatro países que integram o Mercado Comum do Sul (Mercosul), Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai deve cair pelo menos 3,54%, ou 519 mil toneladas em base grão em casca, na temporada 2020/21, que já está sendo colhida. Isso acontecerá apesar de um avanço que soma 0,58%, segundo as estatísticas dos ministérios da Agricultura das nações do bloco econômico. O países deverão registrar um avanço de 12,2 mil hectares na área plantada no atual ciclo, somando 2.171,9 mil hectares, embora a área colhida deva ser menor por causa de algumas áreas pontuais afetados pela falta de água para a irrigação em pontos do Rio Grande do Sul, Uruguai e, principalmente, no Paraguai.

A colheita do Mercosul deverá somar 14.155.100 toneladas, representando média produtiva de 6.514 quilos por hectare. O Brasil central e algumas zonas de sequeiro e de variedades especiais nos demais países interferem negativamente na média, enquanto as áreas irrigadas de alta tecnologia as puxam para cima.

Uma das surpresas é a previsão do governo argentino de que a área plantada deve alcançar os 195 mil hectares, novamente, 15 mil acima dos 180 mil hectares que eram inicialmente indicados como intenção de plantio – ainda mantido pela cadeia produtiva. O aumento do consumo local – que já somaria perto de 50% da produção anual – e a política de criação de sobretaxas para exportação, além das dificuldades de logística, tornaram o arroz argentino pouco competitivo. Atualmente, mais de 50% da produção do país vizinho está na mão de grandes indústrias. A iniciativa privada não considera que a área deva aumentar, mesmo com bons preços internacionais, uma vez que elevou-se o custo de produção e ainda há dificuldades de acesso ao crédito e climáticas interferindo no desenvolvimento das lavouras.

URUGUAI
Um diferencial do Uruguai na safra 2020/21 foi que pela primeira vez em muito tempo o plantio de parte da área atrasou por causa da falta de umidade do solo, e isso deve alongar não apenas a colheita, mas também o ciclo de produção de suas variedades. Ainda assim, com estoques muito baixos, o país espera um ano de boa comercialização. O Uruguai exporta 90% do que produz, e representa apenas 10 a 15% das compras do Brasil, por exemplo. Alfredo Lago, brasileiro que foi reconduzido à presidência da Associação dos Cultivadores de Arroz (ACA) considera que o clima não deve permitir uma colheita tão espetacular como ocorreu recentemente, quando o país inteiro chegou a ter média de colheita superior a 8,6 mil toneladas por hectare. “O clima, desta vez, não esteve tão favorável no início do ciclo e tivemos algumas áreas com baixa reserva de água nas barragens”, avisou.