Novos produtos à base de arroz misturam milho, soja, caju e café

Tendência de alta dos preços estimula aproveitamento de quirera.

Tentativas de aproveitamento dos subprodutos do arroz fazem parte do escopo de diversas entidades de pesquisa, sobretudo nesses tempos em que “biocombustível” é a palavra da moda. O aquecimento do mercado de agroenergia pode levar a uma corrida por grãos e cereais, que se verão diante do aumento da demanda e, conseqüentemente, dos preços. Por isso é importante transformar subprodutos de baixo valor de mercado em alimentos que podem ser consumidos por toda a população.

É nisso que acredita a Embrapa Agroindústria de Alimentos, no Rio de Janeiro. A instituição vem pesquisando e desenvolvendo produtos a base de quirera, para a preparação de farinhas instantâneas ou semi-instantâneas.

“A quirera é resultado da quebra dos grãos de arroz durante o beneficiamento. Neste caso, toda a produção de quirera pode ser utilizada, desde que sejam tomadas condições higiênico-satinárias na sua coleta”, afirma o pesquisador José Luis Ramirez Ascheri, da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Segundo Ascheri, o arroz como matéria-prima pode ser aproveitado para a obtenção de uma série de produtos derivados, misturados com outros grãos e cereais. Entre as opções de mistura com os arrozes citados pelo pesquisador estão café, milho, inhame, amaranto, quinoa, soja, caju, entre outros, para a preparação de farinhas instantâneas; além da soja, com a qual podem ser feitos pellets com alto teor de proteína.

Para o pesquisador, cada uma das misturas, nas proporções desejadas, responde a um determinado consumidor: “Com exceção da mistura com trigo, todas as outras misturas podem ser consumidas por celíacos”, completa. Além disso, os produtos apresentam alto teor de fibras, como os casos do arroz com a farinha de caju e pó de café; alto valor biológico e alto teor de proteína, combinado com a quinoa, amaranto ou soja; e baixa digestibilidade com a mistura de arroz com inulina, café e inhame.

O processo utilizado na preparação das farinhas é baseado numa tecnologia chamada extrusão termoplástica, onde a mistura é submetida a um tratamento térmico que produz o cozimento do material até um determinado ponto que permite o uso como farinha instantânea ou semi-instantânea.

– Na maioria dos casos, a percentagem de arroz na formulação da farinha está entre 60 a 70%. Implica, portanto, que o principal ingrediente é o arroz – complementa.

As farinhas misturadas possuem propriedades de absorção e solubilidade em água e podem ser utilizadas em bebidas, adicionadas com leite, e em preparos com sopas – caso em que a absorção deve ser maior para dar mais palatibilidade ao consumidor. Segundo Aschieri, várias empresas estão demonstrando interesse nos novos produtos. Na mistura de arroz com café, duas empresas do setor alimentício estão preparando amostras de revenda para outras indústrias, e outras esperam para adquirir os conhecimentos dos processos.

O pesquisador José Luis Ramirez Ascheri, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, estará participando do V Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado (CBAI), que acontecerá de 07 a 10 de agosto, na cidade de Pelotas, com a palestra “Novos produtos industrializados de Arroz”.

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