O agro gaúcho grita por soluções ao endividamento e reconstrução

 O agro gaúcho grita por soluções ao endividamento e reconstrução

Cerca de duas mil pessoas já estavam no Parque da Fenarroz nas primeiras horas da manhã. Foto: Maurício Vieira da Cunha

(Por Cleiton Evandro, AgroDados/Planeta Arroz) Milhares de produtores agropecuários, lideranças setoriais, políticos e pessoas ligadas ao agronegócio gaúcho se encontram hoje, em Cachoeira do Sul para uma grande manifestação setorial que clamará pelo auxílio do governo federal para superar o endividamento e os prejuízos das perdas climáticas das últimas quatro safras no Rio Grande do Sul. Cerca de duas mil pessoas já estavam no parque da Fenarroz às 8h. São esperadas pelo menos cinco mil pessoas segundo os organizadores do SOS Agro RS, movimento espontâneo surgido em grupos de whatsapp e redes sociais, mas que rapidamente angariou o apoio das instituições representantes do agronegócio, como Farsul, Fetag, Federarroz, Ocergs, UCR, sindicatos rurais, entre outros.

O movimento tem como foco principal mostrar a força de organização do produtor rural gaúcho e sensibilizar os governos federal e estadual para a necessidade de pactuar dívidas da produção agropecuária que no momento, com a terceira perda de safra em quatro anos, tornaram-se impagáveis. “Para o custeio 2023/24 em instituições oficiais de crédito, o governo federal prorrogou os vencimentos de 15 de julho para 15 de agosto, mas muito além deste custeio os produtores têm dívidas com fornecedores de insumos, cooperativas, empresas, indústria e outros financiadores. E isso precisa de uma solução”, explica Graziele de Camargo, uma das coordenadoras do SOS Agro RS.

Os coordenadores do movimento reuniram-se ontem, no final da tarde, no sindicato rural, para finalizar os preparativos da manifestação e avaliar o Plano Safra 2024/25, de quase R$ 477 bilhões, lançados pelo governo federal para a agricultura familiar e empresarial. “Não fomos contemplados em nossas reivindicações, mas já esperávamos por isso”, explicou Graziele. Segundo ela, as tratativas que envolvem as reivindicações do movimento, mas que são lideradas pela Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), buscam um plano específico para a agropecuária estadual.

“A nossa preocupação é que já faltam 60 dias para semear a safra de verão e a de inverno já está prejudicada pelo acúmulo de dívidas e da impossibilidade de acesso ao crédito oficial e privado, aos insumos, e ainda não há solução para este impasse. A agropecuária gaúcha está fragilizada pelas perdas em sequência provocadas, inicialmente, pela seca extrema e, agora, pelo excesso de chuvas e inundações. Precisamos de uma resposta efetiva, que solucione o problema que é grave e alcança todas as nossas comunidades, municípios e o Estado”, explica Lucas Scheffer, outro líder do segmento.

Gedeão Pereira, presidente da Farsul, aponta que as tratativas têm sido feitas em todos os níveis de governo, do Estado e da União. “Tratamos com bancos públicos, privados, superintendências, deputados estaduais, federais, senadores, ministros das áreas afins. Estamos buscando um pacto setorial para pagamento das dívidas com juros de 3% ao ano, e com prazo adequado para que a agropecuária gaúcha se recupere. Precisamos do agro de pé, novamente, pois o Rio Grande é agro”, resumiu o dirigente.

Pereira entende que o Plano Safra 2024/25 lançado ontem, traz um suporte importante à agropecuária nacional, mas ainda está aquém do que o setor merece, dada a sua importância para a economia nacional, e não contempla a específica demanda de recuperação do produtor rural gaúcho e, muito menos, da reconstrução das propriedades afetadas pelas inundações. “Para o Rio Grande é preciso um Plano Safra específico, estruturante, que recupere crédito e condições de produzir”, acrescenta.

CLIMA

O clima, que não deu trégua para a agricultura e a pecuária gaúchas nos últimos anos, mais uma vez se fará presente. A meteorologia marca previsão de chuva para esta quinta-feira, o que tem feito os coordenadores recomendarem aos manifestantes que levem capas e guarda-chuvas.

FIQUE DE OLHO

O movimento SOS Agro RS é apartidário e proibiu o ingresso no parque com bandeiras e outras manifestações que sejam consideradas político-partidárias. “Nossa bandeira é o agro”, é um dos slogans, considerando que neste momento o agronegócio gaúcho precisa de união de todas as lideranças para sensibilizar o governo federal. Foram convidados políticos de todos os partidos e representantes de todos os governos. No parque, não haverá venda de bebidas alcoólicas e haverá praça de alimentação e almoço servido no CTG José Bonifácio Gomes. O Sindicato Rural de Cachoeira do Sul e a União Central de Rizicultores (UCR) estão entre os apoiadores do evento.

PROGRAMAÇÃO DA MANIFESTAÇÃO SOS AGRO RS

8:00H INÍCIO
8:30H INSCRIÇÃO PARA PERGUNTAS
9:00H ABERTURA OFICIAL
Cerimônia oficial das autoridades presentes juntamente com as entidades Farsul, Fetag. Ocergs, Federaroz. Aprosoja
9:20H PALESTRA CIDADANIA-EXERCENDO SEUS DIREITOS NA POLÍTICA
Ruy Pratini
9:40H PALESTRA-O AGRO EM NÚMEROS
Vinicius Dutra
10:00H MOMENTO DO PRODUTOR
Roda de conversa com produtores
11:00H PARLAMENTARES APOIADORES DO AGRO
Deputados que apoiam e defendem o agro
12:00H INTERVALO Intervalo para almoço
13:00H MANIFESTAÇÃO DE DEPUTADOS E SENADORES
16:00H ELABORAÇÃO DE CARTA ABERTA COM AS REIVINDICAÇÕES DOS PRODUTORES
18:00 ENCERRAMENTO

Fonte: SOS Agro RS

FIQUE DE OLHO

Ontem o Governo Federal lançou o Plano Safra 2024/25, oferecendo linhas de crédito, incentivos e políticas agrícolas para médios e grandes produtores. Neste ano safra, são R$ 400,59 bilhões destinados para financiamentos, um aumento de 10% em relação à safra anterior. Foram destinados mais R$ 108 bilhões em recursos de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), para emissões de Cédulas do Produto Rural (CPR), que serão complementares aos incentivos do novo Plano Safra. No total, são R$ 508,59 bilhões para o desenvolvimento do agro nacional. Dos R$ 400,59 bilhões em crédito para a agricultura empresarial, R$ 293,29 bilhões (+8%) será para custeio e comercialização e R$ 107,3 bilhões (+16,5%) para investimentos.

Já o Plano Safra 2024/25 para a Agricultura Familiar, destina R$ 76 bilhões ao crédito rural, via Programa nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) um recorde. O volume é 6,2% superior ao anunciado na safra passada. Somadas todas as políticas de apoio, o total a ser ofertado pelo governo para os pequenos produtores chega a R$ 85,7 bilhões. Mesmo somando até R$ 594 bilhões em créditos, o plano não trouxe nenhum incentivo direto à reconstrução do agro gaúcho e nenhuma solução para o endividamento.

1 Comentário

  • Tá mas com esses juros caros dos bancos vale a pena reparcelar e seguir plantando! Securitização e Pesa duvido que esse Governo que ai está e os Bancos aceitem fazer! Na minha opinião vai virar bola de neve! Acho que a solução é diminuir área plantada para ter bons preços e com o lucro pagar as contas que der!!!

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