O arroz e a capacidade administrativa
Autoria: Henrique Osório Dornelles.
Assumir um Estado ou um País, apesar da complexidade, é administrar um grande negócio. Para isto são necessários diretores, gerentes, encarregados, operadores, etc. O ideal é que todos estes conheçam o produto, da essência à potencialidade.
Neste ano a lavoura de arroz do RS produzirá quase 70% do que é consumido no Brasil. Segundo analistas, se fosse um país, seria campeão em produtividade no mundo. Mas como esta lavoura pode estar em tremenda crise com tamanha eficiência? O que querem estes produtores reunidos em Uruguaiana?
Aí é que entra a capacidade administrativa. O Senhor Governador Tarso Genro assumiu o governo e ditatorialmente empossou o Presidente do IRGA, inclusive modificando todo o estatuto, com justificativa de ter o órgão em seu poder para resolver os problemas do arroz. Na campanha, afirmou que o alinhamento com o Governo Federal seria definitivo para o sucesso de sua estratégia, que de forma geral, incluía a Metade Sul no centro de suas atenções, visto que o arroz é uma das principais locomotivas econômicas desta região pouco desenvolvida.
O Governo Federal, que está alinhado com o Estadual, propagandeou o lançamento de vários mecanismos de suporte de preço. Propagandeou, porque no produtor nada chegou. Propaganda, porque para a opinião pública o suporte foi dado!
O mesmo órgão que deveria buscar o equilíbrio e as soluções dos problemas parece estar em outro mundo. Na Expoarroz, um técnico da CONAB chegou a comentar que estão fomentando a produção no Brasil Central, aumentando o preço mínimo. A justificativa seriam os custos do transporte do arroz gaúcho.
Coincidentemente o Mercosul atravessa grave crise, em especial com a Argentina. Estamos diante de fatos que desencadearão uma avaliação e talvez uma repaginação do bloco. Fábricas fechando ou ameaçando mudar-se do RS para a Argentina. Certamente se a terra (solo) não fosse imóvel, a lavoura de arroz pegaria carona.
Mas o problema não é a Argentina! O problema é o Brasil e o Rio Grande do Sul! No caso do arroz gaúcho, os custos de produção são os mais altos do mundo, e o Uruguai, Argentina e Paraguai cultivam a lavoura da mesma forma que nós. O trator custa 60%, herbicida 50%, diesel 70%, peças 50% do valor pago no Brasil. Para ajudar, o Rio Grande do Sul cobra 12% de ICMS para a exportação do arroz a outros estados, sendo que o mesmo grão de outro pais do MERCOSUL chega à Bahia, Minas Gerais, São Paulo, etc, até com 0%. Alguém acredita que um nordestino irá comprar arroz 12% mais caro só porque é gaúcho?
Para demonstrar que o arrozeiro possui capacidade administrativa, convido a todos a participar da IV Semana Arrozeira de Alegrete. Informações nutricionais, medicinais e os desafios do setor, juntamente com a mais refinada gastronomia do país serão os destaques deste evento da Associação dos Arrozeiros de Alegrete, durante as datas de 29 de maio a 04 de junho.
* Presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete
2 Comentários
despresível a atitude do IRGA diante da publicação deste artigo. Todos tem o direito de expressar a sua opinião com liberdade e segurança. A retaliação que o irga fez, retirando a sua participação na semana arrozeira foi baixa. Prejudicou diretamente aqueles que o Irga precisa ajudar, o produtor.
De qualquer forma, só ouvi elogios sobre o evento. Mostra, que o produtor está acima disso tudo. Infelizmente, não pude participar, mas estarei nos próximos.