O desafio das águas
Intensificação passa pela macrodrenagem e a suavização das várzeas
Tornar o ambiente de várzeas capaz de receber cultivos de sequeiro, como soja e milho com alta produtividade, é o grande desafio da intensificação agropecuária em terras baixas. O manejo das águas é fundamental para controle e gestão dos recursos hídricos e o uso mais racional das terras orizícolas, em particular em relação a drenagem.
O entendimento dos volumes de água gerados por chuva, áreas de contribuição, pontos de drenagem tipo e uso do solo são parâmetros observados para dimensionar adequadamente a infraestrutura de drenagem. Assim, com o uso das tecnologias adequadas, será possível alcançar um patamar de estabilidade produtiva neste ambiente, segundo o engenheiro agrícola Antoniony Winckler, da WR Consultoria Agronômica, palestrante do painel do 12º Congresso Brasileiro do Arroz Irrigado, que debaterá a irrigação.
“A macrodrenagem é muito requisitada pelo avanço da cultura da soja sobre áreas arrozeiras. Se o arrozeiro era especialista em irrigar, agora precisa ser eficiente na retirada da água das lavouras”, observou o especialista. A safra 2022/23 deve ter uma área superior a 450 mil hectares em terras baixas, mas a estrutura de drenagem, na maioria dos casos, está subdimensionada para as vazões necessárias às culturas de sequeiro neste ambiente. “A infraestrutura foi projetada para irrigar, reter a água, não para dar vazão”, explicou.
Winckler avaliou que para diversificar culturas em terras de arroz, esse tema é prioritário. “É a chave do sucesso na produção de soja e milho”, afirmou. Essas infraestruturas são, além de promover o escoamento superficial da água pluvial, responsáveis pelo controle da altura freática, promovendo a estabilidade produtiva neste ambiente.
SUAVIZAÇÃO
Antoniony Winckler também abordará a suavização de microrrelevo para a intensificação de cultivos nas terras baixas, técnica complementar na gestão de água no campo, que tem como principal objetivo regularizar a superfície do solo eliminando lagoas e as coroas, zonas críticas de drenagem e irrigação e que afetam a produtividade das lavouras.
“A suavização usa sinais satelitais para executar um projeto em determinada superfície, elaborado digitalmente por meio de dados planialtimetricos coletados com alta precisão (RTK) da superfície do solo”, relatou. O diferencial é sua capacidade de ajustar-se à superfície original do terreno, com menores movimentação de terra e impacto no custo da operação.
Questão básica
Diferentemente da sistematização, que utiliza o laser e executa apenas superfícies planas – com e sem declividade – a suavização, além de corrigir problemas de fluxo das águas sobre a lavoura, também tem custo operacional mais acessível e sem gerar efeitos de perda da produtividade nas áreas de corte, se utilizado adequadamente no projeto. A técnica permite redução do número de taipas em até 50%, favorecendo a colheita no seco e potencializando a semeadura direta em resteva.