O filtro da vida

 O filtro da vida

Ecossistema agrário em equilíbrio é um dos objetivos das entidades técnicas do arroz

Embrapa monitora impacto de defensivo ao agroecossistema

.

Um trabalho pioneiro está sendo desenvolvido pela Embrapa Clima Temperado de Pelotas (RS) para monitorar o impacto de defensivos agrícolas ao agroecossistema do arroz irrigado à beira da Lagoa Mirim e várzeas da zona sul do Rio Grande do Sul. A pesquisa é coordenada pela especialista em microbiologia agrícola e do ambiente do CNPCT (Pelotas-RS), Maria Laura Mattos, e avalia o comportamento ambiental e o destino de herbicidas e inseticidas utilizados na cultura do arroz. Uma das conclusões é a de que a lavoura de arroz serve como um grande filtro para os mananciais.

A principal preocupação da Embrapa é produzir um pacote tecnológico para a cultura do arroz que não prejudique os recursos naturais (água e solo). A pesquisa também permite alertar os laboratórios para os efeitos negativos provocados por seus produtos no meio ambiente, possibilitando a alteração das fórmulas. "O desejável é que a formulação do produto permita uma ação eficiente e que, depois disso, ele desapareça do ambiente sem provocar impacto negativo", explicou Maria Laura.
Os estudos da Embrapa são realizados em parceria com os laboratórios fabricantes. A integração tem o objetivo de reduzir a presença de resíduos de agroquímicos poluindo os sistemas. O ponto positivo é que, se conseguir identificar resíduos ou outros problemas nesta área, a pesquisa poderá interferir no processo de produção. "Com base no nosso trabalho, os laboratórios podem reduzir os efeitos negativos do produto melhorando as formulações", explicou.

Informação Básica

Os estudos realizados até agora indicam que há uma evolução nos herbicidas e inseticidas lançados para a área do arroz irrigado. O perigo, alerta Maria Laura Mattos, pode estar na aplicação ou no descarte de embalagens. Segundo ela, a forma com que os produtos estão sendo aplicados precisa ser analisada. "É preciso saber quem aplica (qualidade da mão-de-obra e respeito às regras), como preparam a calda e como são descartadas as embalagens".

 

Lavoura orizícola não é poluidora

Aos poucos os especialistas em meio ambiente estão conseguindo provar que as lavouras de arroz irrigado não são grandes poluidoras e, ao contrário, agem como grandes filtros dos mananciais a que estão ligadas. A especialista do setor da Embrapa Clima Temperado, Maria Laura Mattos, afirma que com práticas bem integradas a lavoura de arroz se constitui num grande filtro de água, pela formação de um ambiente especial na lâmina d’água.

As raízes se cruzam e os microorganismos rizosféricos, bactérias e fungos associados às raízes das plantas, têm uma grande capacidade de degradação de moléculas orgânicas. O ambiente é rico em fonte de carboidratos, favorecendo a multiplicação dos microorganismos. Multiplicando-se, eles degradam com maior eficiência, consumindo as moléculas e eliminando os resíduos que poderiam contaminar os mananciais.

Um dos fatores positivos apontados pela pesquisadora é o fato da lavoura orizícola não usar os mesmos volumes de agrotóxicos de antigamente. Os próprios laboratórios fabricantes estão mais preocupados com o impacto negativo ao ambiente e as moléculas lançadas no mercado são mais fáceis de serem degradadas.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter