O preço da discórdia
Schardong: prejuízo nas operações
Decisão sobre o novo valor do preço mínimo desagrada a cadeia produtiva do arroz
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No final de julho, os produtores de arroz do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina conseguiram uma promessa do governo federal sobre a revisão dos parâmetros e critérios de definição da política de preços mínimos.
A Conab apontava inicialmente um aumento para R$ 29,70, que foi confirmado em R$ 29,67 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 9 de julho. A decisão sobre o novo PM causou polêmica entre os representantes da cadeia produtiva que vinham pleiteando com a ministra Kátia Abreu, em Brasília (DF), um valor próximo a R$ 32,00. Uma reunião em 14 de julho, diretamente com a ministra, deu novas esperanças ao setor.
O vice-presidente de mercado e política agrícola da Federarroz, Daire Coutinho, explica que o preço mínimo normalmente é baseado no custo variável, que hoje em dia é de R$ 33,00. Segundo ele, levantamentos paralelos realizados no final de março em quatro municípios do estado identificaram médias entre R$ 30,50, em Uruguaiana, e R$ 33,95, em Santo Antônio da Patrulha.
Por outro lado, o custo real de produção se aproxima de R$ 38,00. “Com base nesta reflexão, o preço mínimo deveria ser R$ 31,50 ou R$ 32,00. Surpreende que a Conab tenha vindo com valores muito diferentes, indicando o mínimo de R$ 29,67 para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, afirma.
O presidente da Câmara Setorial Nacional do Arroz e da comissão do arroz da Farsul, Francisco Schardong, lembra que atualmente o PM é tido como referência para operações como os empréstimos do governo federal (EGF).
Este instrumento, segundo ele, permite ao produtor aguardar uma melhor época para a venda da produção, evita ofertas muito excessivas, capazes de induzir quedas bruscas nos preços, e serve de capital de giro.
“O preço mínimo é apenas uma proteção que o governo estabelece. Se colocarmos um preço mínimo de R$ 38,00, que é o preço de custo atual, o governo não teria dinheiro para bancar. No entanto, esse preço de R$ 29,67 não pode ser aceito, pois significa prejuízo nas operações bancárias”, argumenta.
REAJUSTE
Os preços mínimos das culturas de verão da safra 2015/16 que fazem parte da política de garantia de preços mínimos foram reajustados com base nos custos médios variáveis elaborados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A decisão foi tomada na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) de 25 de junho, mas sua a publicação no Diário Oficial ocorreu apenas no dia 9 de julho.
Com o reajuste, o arroz longo fino em casca (agulhinha/irrigado), para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, teve o preço aumentado em 8,88%, passando de R$ 27,25 para R$ 29,67 a saca de 50 quilos. Para as regiões Sudeste e Nordeste e os estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás, a elevação foi de 7,89%, passando de R$ 33,00 para R$ 35,60 a saca de 60 quilos.
Segundo a portaria publicada pelo Mapa, os preços mínimos do arroz longo em casca (sequeiro) nas regiões Sudeste e Nordeste e nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás foram unificados aos da região Norte e de Mato Grosso. Eles apresentaram alta de 14,79%, a maior da tabela que foi divulgada.