O que será o amanhã

“O certo é que o cenário é obscuro e dependente de uma conjuntura absolutamente instável”
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A dimensão da próxima safra brasileira de arroz é uma incógnita. Raros analistas e órgãos oficiais, principalmente do Rio Grande do Sul, arriscam uma posição convicta. Afinal, a área vai aumentar ou diminuir? E a produção, como reagirá? Pode-se apurar que, no restante do Brasil, a área reduzirá e a produção tende a ser menor. Mas, representando quase 65% da safra nacional, a lavoura gaúcha definirá o próximo quadro de oferta do país e, por tabela, do Mercosul.

Atualmente, projeta-se que a safra pode reduzir até 15%, segundo os mais pessimistas, e a área baixar de um milhão de hectares. Para os otimistas, pode até aumentar, pela melhora de preços. O certo é que o cenário é obscuro e dependente de uma conjuntura absolutamente instável, que soma o clima e a capacidade de crédito e investimento dos produtores, a política doravante adotada pelo governo federal com relação ao mercado, o endividamento setorial e a política cambial, além do desempenho das exportações – e importações – e a adoção de culturas alternativas, como a soja e o milho em várzea. O cálculo é complexo e dependerá da realidade de cada agricultor.

Não pense a cadeia produtiva que a tomada de decisão, faltando pouco para iniciar o plantio, será fácil. Apesar da informação científica da chegada do El Niño, com chuvas acima da média a partir de setembro, as barragens e rios gaúchos não se recuperaram da pior estiagem em décadas e os volumes de água são os mais baixos da história recente. Se chover acima da média de setembro a dezembro, como os especialistas projetam, o plantio deve atrasar e, em alguns casos, acumular perdas de áreas e insumos. Isso, para alguns arrozeiros, pode representar a exclusão do processo produtivo. E falando em clima, não podemos esquecer que excesso de chuva aumenta os riscos para as culturas alternativas na várzea, caso da soja, que pode ser a tábua de salvação dos rizicultores.

Muito se espera de um plano de repactuação das dívidas arrozeiras, já anunciado pelo Mapa, mas a história da orizicultura ensinou a esperar do governo federal bem menos do que é prometido. E isso se aplica a mecanismos de comercialização, redução da carga tributária, incentivos à exportação, restrições às importações e, até mesmo, à gestão dos estoques. Tudo indica que o Brasil terá uma safra mais ajustada, muito mais pelas circunstâncias climáticas e de crédito do que por determinação do arrozeiro, que, afinal de contas, tem como missão de vida produzir, e é especialista nisso!
Boas escolhas e uma boa leitura!

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