O Semeador

Autoria: Gilberto Mauro Scopel de Morais – Médico e Agropecuarista.

Mesmo os descrentes não negam que os ensinamentos de Jesus atravessaram os séculos de uma maneira milagrosa. Seus discursos na Palestina, uma das mais atrasadas províncias de Roma, para pastores e pescadores incultos que não sabiam ler nem escrever, permanecem preservados na íntegra. A língua aramaica morreu, mas as mensagens não. Falava por parábolas porque o sentido da pregação era entendido pelos humildes e o diabo não conseguia distorcer os ensinamentos. A do semeador aquece o coração de quem a lê. Fala que a palavra de Deus é como a semente espalhada sobre a terra. Umas caem no caminho e as aves do céu as comem. Outras, em lugares inférteis, secam ao sol. Outras ainda, entre os espinhos que as sufocam, mas há as que caem em bom solo e dão frutos; uma 100, outra 60 e outra 30.

Os arrozeiros

Com eles acontece o mesmo. Combatem as pragas já antes de plantar. Pacientemente preparam o solo, lavram, discam, compactam a terra e refazem caminhos d’água e taipas. Plantam e replantam. Colocam adubo, ureia, corretivos e remédios. Colhem quando o tempo deixa.

Perdas

A quantidade de grãos que escapa das colheitadeiras é impressionante, assim como das carretas a granel, estacionárias e no transbordo destas para os caminhões. Igual às palavras de Cristo, as aves do céu continuam seu banquete nos tempos de colheita. Muito se perde nas moegas, elevadores, secadores e silos e, de novo, no transporte destes para os grandes depósitos urbanos. Piores são as perdas quando os grãos precisam cair nas moegas da indústria e se transformar em reais. Não todos, é claro, mas neste momento começa a colheita daqueles que se dedicam com prioridade à usura, os que financiam produtores a juros inviáveis. Mas os verdadeiros demônios são os que bicam como abutres cobrando impostos sobre impostos, ao longo de todo o percurso.

Quando Jesus caminhava

Um homem chamado Zaqueu, cobrador de impostos, subiu numa árvore para vê-Lo, pois era baixinho. – "Desce daí, Zaqueu, disse-lhe o Nazareno, pois hoje vou jantar contigo!". A multidão não gostou, pois ele era um pecador. À noite, Zaqueu Lhe falou: -"Senhor, darei metade da minha fortuna aos pobres e se tenho cobrado a mais nos impostos, restituirei quatro vezes esse valor". Jesus disse: – "Foi pessoas assim que eu vim buscar e salvar". O mínimo que se esperaria num país agrícola como o nosso, seria uma política agrícola a longo prazo a ser respeitada por décadas, como a importância do assunto exige. No Brasil, ao contrário, inexiste política agrícola e as decisões são eleitoreiras e incompetentes. Só sabem cobrar impostos e importar indevidamente para recalcar os preços para os produtores. Zaqueu se salvou, mas seus muitos descendentes nunca jantaram com Cristo.

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