Oferta e demanda muita apertada para o arroz em 2008/2009
A projeção é de estoques finais para a safra 2008/2009 de apenas 729,4 mil toneladas, ou 20 dias de consumo interno.
Caso se confirme a previsão divulgada no 1º Levantamento da Safra 2008/2009, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nesta semana, o mercado de arroz terá mais um ano de oferta ajustada em 2009, indicando tendência de sustentação dos preços em níveis elevados. No início do ano-safra 2008/2009, os estoques iniciais de arroz (base casca) devem recuar para 930,0 mil toneladas, contra 2,022 milhões de toneladas de estoques iniciais da safra ainda em curso (2007/2008).
A projeção é de estoques finais para a safra 2008/2009 de apenas 729,4 mil toneladas. Esse volume seria suficiente para apenas 20 dias de consumo no final do ano-safra 2008/2009. A demanda está prevista em 12,850 milhões de toneladas e a Conab projeta a produção nacional em, na faixa média, em 12,149 milhões de toneladas, que será complementada com importações projetadas em 900 mil toneladas, o dobro do estimado para a safra 2007/2008 (450 mil toneladas).
Por outro lado, as exportações para o ciclo 2008/2009 estão projetadas em 400 mil toneladas, contra a estimativa de 700 mil toneladas no ciclo atual (2007/2008). Na faixa máxima, a Conab admite uma produção brasileira de 12,251 milhões de toneladas. Os preços baixos em anos anteriores desestimularam o arroz de sequeiro nos Estados Centrais.
Segundo a própria Conab, os principais fatores que podem interferir na variação de área do arroz de sequeiro são a rentabilidade em comparação a outros produtos e a maior liquidez em alguns Estados. No Mato Grosso, a maior rentabilidade da soja e a redução na abertura de novas áreas diminuíram a previsão de área plantada para 8% a 10% abaixo da safra passada, segundo o 1º Levantamento da Conab. Embora tenha crescido 30% nos últimos quatro anos, a produtividade pode subir novamente em 2009 no Rio Grande do Sul, com a introdução de novas tecnologias, se não houver problemas climáticos importantes.
A demanda projetada em 12,850 milhões de toneladas representa uma leve queda em comparação ao ano anterior (12,900 milhões de toneladas), apesar do aumento da população. Embora não haja risco iminente de desabastecimento, a tendência é de que os preços se mantenham em níveis elevados, com média da safra nova superior à registrada no ano-safra atual (2007/2008).
As importações podem continuar dificultadas. A Argentina e o Uruguai, tradicionais fornecedores de arroz ao Brasil, indicam, em média, um aumento de 10% na produção na próxima safra 2008/2009. A variação cambial será importante para determinar se o produto poderá ingressar por preço competitivo no Brasil.
Ao mesmo tempo, o mercado mundial deve continuar atrativo, já que não houve aumento relevante de produção para 2008/2009. O custo de produção da safra de arroz 2008/2009 será superior. A Conab estima o custo de produção do arroz irrigado entre R$ 28,95 por saco de 50 Kg a R$ 36,56 por saco de 50 Kg, em quatro diferentes regiões produtoras do Rio Grande do Sul.