Operação apreende arroz plantado de forma ilegal em assentamento
Cerca de 150 famílias utilizam produtos químicos durante o plantio.
Incra e Polícia Federal fizeram operação no Rio Grande do Sul para apreender arroz plantado de forma ilegal em assentamento. A ação ocorreu no assentamento Filhos de Sepé, no município gaúcho de Viamão.
As autoridades chegaram no inicio da tarde ao assentamento para comunicar os agricultores sobre a decisão da justiça federal.
Nenhuma outra carga vai transitar sem ser autorizada disse um dos policiais.
Das 200 famílias que produzem arroz na propriedade, 152 utilizam produtos químicos durante o plantio, o que é proibido de acordo com o termo de ajuste de conduta assinado por elas quando foram transferidas para a fazenda. Além disso, os canais que irrigam a área são todos interligados e o Incra teme que o plantio irregular contamine as lavouras orgânicas e a água distribuída para as famílias.
O agricultor José Valdir Corrêa foi um dos produtores autuados pela justiça. Ele diz que sabia das regras do assentamento, mas recorda que há sete anos planta arroz usando produtos químicos e nunca foi repreendido. Mostrou até os documentos que comprovam que estava buscando a certificação ecológica para a sua plantação, e culpa a certificadora por não ter orientado sobre o manejo.
Nas próximas 48 horas, o Incra irá monitorar todas as lavouras do assentamento. Onde o arroz não tiver sido colhido e tiver sido considerado ilegal, o instituto vai contratar máquinas para realizar a colheita. Até o julgamento do mérito da ação, o produto ficará estocado nos armazéns da Conab.
O produto que já foi colhido está armazenado em silos da região. A apreensão do produto só será feita quando a justiça autorizar. Valdir criticou a decisão da justiça.
Querer prender o nosso arroz para distribuir para o Fome Zero é sinal de que não tem problema. Eu vou ter que entrar no Fome Zero para comer o meu próprio arroz diz Correa.
Ele afirma que se a decisão não for revertida, terá problemas para continuar na atividade.
O Instituto de Mercado Ecológico (IMO) não quis gravar entrevista, mas a assessoria comercial disse que em janeiro estiveram na área visitando as lavouras. Segundo a certificadora, todos os prazos foram cumpridos dentro dos padrões normais. O instituto esclarece também que não recebeu nenhuma reclamação formal por atraso nas vistorias.