Ora, pombas!!
Estudo vai gerar
método de controle
da pomba-de-bando .
Perdas importantes vêm sendo registradas nas lavouras de arroz e soja da Campanha do Rio Grande do Sul pela ação das pombas-de- bando (Zenaida auriculata), aves que têm se proliferado de forma intensa na região e também no Uruguai. Uma comitiva de produtores de Dom Pedrito e Bagé pediu ajuda ao Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) para controlar os pássaros, que já causam danos significativos nos arrozais, sob o argumento de desconfiarem de algum desequilíbrio ambiental. A partir desta demanda foram realizadas reuniões com produtores e com especialistas e formado um grupo de trabalho técnico interinstitucional coordenado pelo diretor administrativo Renato Rocha.
“A ave chega aos bandos e não só come o grão, mas arranca as panículas e também provoca a debulha batendo as asas. É uma situação que só quem está dentro da lavoura tem capacidade de dimensionar. Precisamos de um estudo, dentro do que permite a legislação ambiental, que identifique a dimensão do problema e métodos de controle da população, que cresce de forma notória na região”, relata Rocha.
O grupo reúne ainda a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema), Fundação Zoobotânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e Embrapa Clima Temperado. Além disso, o grupo conta com o apoio do Instituto Nacional de Investigação Agropecuária (Inia), do Uruguai, onde também ocorre estudos sobre os ataques destas aves às lavouras. O estudo será custeado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que garantiu uma verba de R$ 500 mil a ser repassada por meio da Embrapa Clima Temperado. O chefe-geral da unidade de pesquisas, Clenio Pillon, e o pesquisador Júlio Centeno, que já realizou diversos estudos sobre as aves na lavoura de arroz e os danos provocados pelo pássaro-preto (anu ou garibaldi), reforçam a equipe.
O biólogo Jan Karel Mahler, da Fundação Zoobotânica, explica que o estudo técnico prevê a realização de um censo para mensurar a população destas aves nas lavouras de arroz e soja do Rio Grande do Sul, enquanto o professor Demétrio Luís Gadagnin, da Urfgs, enfatiza a existência de critérios e metodologias que podem definir a dimensão dos danos. Os dois levantamentos devem começar ainda na safra atual. Para o biólogo João Carlos Dotto, chefe do setor de fauna da Sema, este trabalho é oportuno, pois a queixa sobre os danos causados por aves às lavouras gaúchas é antiga. “Temos a chance agora de medir esses danos e, a partir disso, pensar em um projeto para mitigá-los”, acrescenta Dotto.
FIQUE DE OLHO
A expectativa é de que paulatinamente sejam recomendados métodos de controle da pomba-de-bando e outras aves que porventura sejam identificadas com o mesmo padrão de ataque às lavouras (casos da caturrita e do próprio pássaro-preto). Mas, a recomendação consolidada só deve ficar pronta em três safras, segundo os técnicos.