Orgânicos atingem r$ 1 bi nos supermercados

Arroz orgânico é um dos produtos que ganham destaque nas gôndolas dos melhores supermercados.

A venda de alimentos orgânicos, sem defensivos agrícolas ou hormônios — no caso das carnes — nos supermercados deverá ultrapassar R$ 1,25 bilhão em 2007, um crescimento de 25% sobre o desempenho de 2006, quando os produtos orgânicos deverão atingir R$ 1 bilhão no segmento, marca alcançada pela primeira vez no varejo.

– Os supermercados estão se organizando e trabalhando melhor com os orgânicos e o consumidor tem comprando mais, pois o preço em relação ao produto tradicional vem caindo – argumenta João Carlos de Oliveira, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Para aumentar as vendas, as grandes redes supermercadistas incentivam os fornecedores a entrar no negócio, fazem ações promocionais nos pontos de venda para informar os consumidores dos benefícios dos produtos e buscam ampliar a base de consumidores nas classes mais baixas da população.

– Geralmente quem consome os produtos orgânicos são pessoas das classes A e B, mas nos últimos tempos, com a diminuição no preço, as classes C e D passaram a consumir também – diz Sandra Caíres, gerente de compras de frutas, legumes e verduras (FLV) do Grupo Pão de Açúcar.

Em 2006, a expansão do segmento deverá se manter em 20% sobre a de 2005. Hoje, os orgânicos custam em média 30% a mais que os alimentos com defensivos ou hormônios. No ano passado, a diferença de preço entre o orgânico e o tradicional chegava a 60%. O Carrefour mantém uma gôndola exclusiva para produtos orgânicos, com doze metros de extensão, em cada um dos seus cem hipermercados.

– A gôndola oferece de derivados de leite a carnes e verduras. Dependendo da sazonalidade, 250 itens podem estar disponíveis – afirma Arnaldo Eij-sink, diretor de agronegócios do Carrefour no Brasil.

Os produtos orgânicos representam de 2% a 8,5% do volume total das vendas da rede, dependendo do bairro onde a loja está localizada. Em 2005, o segmento cresceu 35% em relação a 2004, e a expectativa para esse ano é que o setor apresente expansão de 50% em relação ao ano passado.

Cereais, arroz, óleo de oliva, geléia, queijo, leite, iogurte, mel e hambúrguer congelado: o hipermercado oferece um variado leque de opções, mas o setor de frutas, legumes e verduras (FLV) é o que mais vende.

– Neste segmento o consumidor tem maior conhecimento do risco de contaminação por agrotóxicos. É a porta de entrada para que ele experimente a qualidade do produto – explica Eij-sink.

No Carrefour, os alimentos orgânicos custam em média 30% mais do que os produtos tradicionais. Toda semana o hipermercado oferece três ou quatro produtos com preços semelhantes aos convencionais, para estimular as vendas.

– O Carrefour é grande comprador de produtos orgânicos e, quando houver outras opções no mercado, vamos colocá-las à disposição dos clientes – indica.

A empresa é também produtora de alimentos orgânicos, e possui fazendas no Centro-Oeste. Lá, a companhia produz carne bovina e suína de forma natural. Além disso, o Carrefour produz uvas orgânicas no Vale do São Francisco, em Petrolina (PE). Esses alimentos também são exportados para alguns países da Europa e para os Estados Unidos. As exportações ainda não somam um volume significativo, mas a empresa pretende expandir sua atuação nessa área.

Cerca de 300 fornecedores trabalham com o Carrefour. Eij-sink diz que o grupo está em contato constante com as certificadoras, para se manter aberto a novas oportunidades.

O Grupo Pão de Açúcar, há mais de dez anos, trabalha com sortimento de produtos orgânicos, onde atualmente tem mais de 400 itens. Apenas no segmento de FLV orgânicos são 250 produtos e as vendas cresceram 11,3% no ano passado, em relação a 2004.

Na comparação dos onze primeiros meses de 2006, esse segmento cresceu entre 20% e 25% sobre igual período de 2005. Para viabilizar o incremento, a companhia promove diversos tipos de ações como descontos nos preços dos alimentos orgânicos e degustação no ponto de venda da fruta, legume ou verdura da estação.

– Fizemos degustação de bolo de cenoura nas lojas na safra desse legume e as vendas passaram de 250 bandejas por dia para 2,5 mil bandejas; com um preço atrativo e ações para conhecimento do consumidor as vendas acontecem – diz Sandra.

Pesquisas do Grupo Pão de Açúcar apontam que o consumidor de produtos orgânicos tem alto nível de escolaridade e renda familiar mensal acima de R$ 5 mil, mas um dos focos da empresa é ampliar a base consumidora para as classes de renda mais baixas.

– As pessoas têm vontade se alimentar melhor e com preços competitivos conseguimos atingir os consumidores das classes C e D, mas para isso temos de ter uma alta demanda de produção – argumenta a gerente.

As frutas, as verduras e os legumes orgânicos representam 2,5% do faturamento total da seção de FLV, e o segmento deve crescer 25% nesse ano, no Grupo Pão de Açúcar.

AMPLIAÇÃO

O Wal-Mart tem cerca de 150 produtos orgânicos no mix de produtos e pretende ampliar para 600 itens até o final do primeiro semestre de 2007. Este ano, a rede americana aumentou o mix em 50% na linha de orgânicos. Na área de FLV, o incremento das vendas foi de 25% em 2006. Para 2007, o Wal-Mart pretende introduzir pelo menos um item orgânico em cada uma das 150 categorias de produtos comercializadas nesse segmento. Para aumentar as vendas, a empresa criou o sábado orgânico e semanalmente oferece 15 produtos do sortimento de orgânicos com preços 20% menores.

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