Orizicultura no vermelho. Cotações chegam a R$ 23,00 no Rio Grande do Sul

As cotações do arroz em casca no mercado gaúcho chegaram ao ponto crítico. O mercado fechou cotando um saco de arroz de 50 quilos com 58% de inteiros a R$ 23,00 em Dom Pedrito, Alegrete, Rosário do Sul e Santana do Livramento.

O Brasil poderá registrar em fevereiro de 2005 as piores cotações para o arroz em cinco anos. A expectativa para a evolução dos preços do produto no mercado interno não é nada animadora. Nesta sexta-feira o mercado fechou cotando o produto a R$ 23,50 na Depressão Central gaúcha (Cachoeira do Sul, Agudo, Santa Maria) e na Zona Sul (Pelotas). A cotação ficou em R$ 23,00 na Campanha e em alguns mercados da fronteira (Dom Pedrito, Bagé, Rosário do Sul, Alegrete e Santana do Livramento).

Ninguém arrisca prever cotações para a safra que está sendo plantada, mas os valores podem ser significativamente menores do que os praticados neste momento se ações efetivas não forem adotadas. Neste momento, o setor está completamente dependente da intervenção do Governo Federal com mecanismos para enxugar o mercado, como a imediata liberação dos contratos de opção privados, para comercializar 600 mil toneladas do produto.

Para a safra, os produtores consideram vital que o Governo brasileiro entre com Aquisições do Governo Federal (AGFs) para pelo menos 800 mil toneladas e contratos de opção privados e públicos para, pelo menos, 1,5 milhões de toneladas.

Cerca de 20% da safra gaúcha ainda não foi negociada e permanece estocada nas cooperativas e nos armazéns das fazendas. Como este produto pertence a produtores mais capitalizados, a expectativa é de que seja mantido fora do mercado por mais tempo. Vai depender do fôlego de cada produtor.

A tendência de queda, no momento, porém, está forçando a venda de produto, gerando um efeito bola de neve. Quanto mais é ofertado o arroz, mais baixam as cotações. Pela cotação do dólar de sexta-feira, um saco de arroz em casca vale 8,4 dólares.

Para os produtores brasileiros, há dois grandes vilões para a situação do mercado: os excedentes do Mercosul e a omissão do Governo Federal em tratar a questão com seriedade. “A questão chave é o Mercosul. E, exceto em um ou outro segmento, não percebemos boa vontade do Governo Federal em resolver este assunto”, frisou o presidente da Federarroz, Valter Pötter. Para ele, o diferencial de preços do arroz brasileiro, neste momento, é exatamente o excedente do Uruguai e da Argentina.

– Os desafiei a parar de enviar arroz para o Brasil por 30 dias, para mostrar que os preços reagiriam. Mas, eles nem quiseram conversar, avaliou.

A preocupação aumenta com relação aos preços para a próxima safra porque dois fenômenos estão sendo registrados. Recentemente o IBGE previu uma produção brasileira de 12,7 milhões de toneladas de arroz, quase igual à da safra 2003/04 no Brasil. No Rio Grande do Sul, com a recuperação parcial dos mananciais pela volta das chuvas no início de novembro, a área plantada sofreu novo avanço, principalmente em Uruguaiana e São Borja. Estima-se que a redução de área gaúcha, se houver, poderá ser inferior a 50 mil hectares.

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