Os dois lados da moeda que projeta safra de verão 70% maior no RS
(Por Gisele Loeblein, GZH) Depois de uma colheita de verão duramente impactada pelos efeitos do tempo seco no Estado, era previsível que a safra seguinte trouxesse uma perspectiva de expansão. Feito com base na intenção de plantio e nas médias históricas dos últimos 10 anos de produtividade e produção, o primeiro levantamento de safra da Emater, divulgado nesta terça-feira (30) na Expointer confirma essa expectativa e mostra o tamanho do tombo provocado pelo clima. O volume a ser produzido em2022/2023 pode ficar 70%, ou mais precisamente, 69,93%, maior do que o do ciclo 2021/2022.
_ Era esperado esse crescimento, pela estiagem, mas é preciso lembrar que essa projeção inicial é feita com base em uma média histórica, ou seja, não reflete só as perdas _ pondera o diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri sobre o prognóstico apresentado.
É uma observação que evidencia sim, a recuperação da produção perdida, mas também aponta um avanço real, principalmente no quesito área cultivada. Que vem puxado pelo grão dourado da soja, a ocupar históricos 6,57 milhões de hectares, alta de 2,8% sobre a safra passada. E onde a planta está encontrado espaço para crescer?
Na Metade Sul, em áreas de rotação com o arroz, como sinalizava a intenção de plantio divulgada pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) _ serão mais de 500 mil hectares dentro desse sistema. Mas o grão avança também sobre o sequeiro, nessa que se constituiu como a nova fronteira agrícola gaúcha.
_ Tudo isso avançando muito em função do preço da soja e do avanço tecnológico nessas áreas _ completa Rugeri.
A soja não é, no entanto, a única que terá mais espaço no cultivo do próximo verão. O milho, hidratado por uma combinação de fatores, dos benefícios agronômicos à valorização do grão, acentuada pelo conflito do Leste Europeu, vai se espalhar por uma área 5,91% maior do que a anterior, alcançando 831,79 mil hectares. Expansão que ganha uma pitada a mais de um “ingrediente” que já vem sendo testado no campo: a entrada do grão dentro do sistema produtivo das lavouras de arroz. A então dobradinha com a soja passa a ser um trio, com o milho ampliando as oportunidades de rendimento na várzea.