Pacote desagrada a produtor gaúcho
Lideranças criticam distribuição de recursos entre as regiões e prometem realizar novas mobilizações.
Os R$ 1,408 bilhão anunciados, esta semana, pela União para socorrer o setor primário não atenderam às expectativas dos produtores gaúchos. Apesar do volume de recursos destinados desde abril já somar, no total, R$ 2,65 bilhões, o segmento contesta a falta de clareza das medidas e o desequilíbrio da divisão da verba entre os estados.
Os produtores do Centro-Oeste deverão ser mais beneficiados pelo R$ 1 bilhão para o escoamento da oleaginosa. Segundo o diretor da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, José Maria dos Anjos, a verba será viabilizada conforme a produção e a distância dos portos. Neste caso, segundo o último levantamento da Conab, o Mato Grosso receberia a maior fatia, pois responde por 16,47 milhões de t da safra da oleaginosa, estimada em 55,23 milhões de toneladas. O Rio Grande do Sul ficaria em terceiro lugar pois detém 8,01 milhões de t do grão, atrás do Paraná.
O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, reclamou dos critérios de distribuição de recursos. ‘O governo está dando preferência a quem está fazendo mais barulho’, ressalta. O dirigente também destacou que as declarações pingadas são uma estratégia para desmobilizar o setor. ‘Os anúncios são obscuros para serem implementados com morosidade’, disse. De acordo com ele, o segmento não discutirá o plano Safra 2005/2006 antes de definir saídas para esta safra.
O pacote anunciado ontem motivou ainda mais mobilizações no Estado, que ocorrerão durante toda a semana que vem. O presidente da Fetag, Ezídio Pinheiro, aposta as fichas no ato nacional previsto para a próxima terça-feira em Brasília, juntamente com o Grito da Terra. Segundo ele, as medidas apenas serviram para fortalecer as manifestações.
– São uma repetição e não atendem, tanto a compra proposta pela Conab quanto os preços mínimos que estão defasados até 45% – justificou.
O presidente da Fecoagro, Rui Polidoro Pinto, espera por resultados no ato de terça-feira.
– Ainda é cedo para avaliar. É preciso escutar o pessoal que estará mobilizado na semana que vem.
A inconformidade com o pacote fez com que mais de 300 arrozeiros decidissem, ontem, reunidos em São Sepé, manter os protestos programados para a próxima semana.
O agricultor está revoltado. Vamos demonstrar a nossa inconformidade com o pacote – disse Polidoro.
Estão previstas ações pelo RS, duas delas em conjunto com a Fetag, em Pantano Grande e Tapes. A Fetraf-Sul reunirá produtores no RS, SC e PR do dia 15 a 19.
Segundo o coordenador geral da Fetraf-Sul, Altemir Tortelli, os R$ 204 milhões para a comercizalização de produtos da agricultura familiar são sinalizações importantes, assim como a criação do Pronaf-Comercialização.