Para garantir arroz no prato
A lógica é a de que, se não houver renegociação, muitos arrozeiros ficarão sem acesso ao crédito, com reflexo direto sobre o plantio da próxima safra.
É para afastar o risco de desabastecimento futuro que a Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz-RS) reforçará a necessidade, junto ao novo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, de uma repactuação do passivo de produtores do Rio Grande do Sul atingidos pelos efeitos do El Niño.
O desafio de convencimento é uma das metas para a diretoria escolhida ontem para o triênio 2016/2019. O presidente Henrique Dornelles assumirá seu segundo mandato à frente da entidade, após receber os votos das 15 associações – de um total de 29 – aptas a votar na eleição, ontem, com chapa única.
A lógica é a de que, se não houver renegociação, muitos arrozeiros ficarão sem acesso ao crédito, com reflexo direto sobre o plantio da próxima safra. Os gaúchos respondem por 70% da produção do arroz.
– Considerando que a maioria dos Estados produtores está diminuindo a área de arroz em detrimento de outras culturas, se não fortalecermos o setor produtivo, para fevereiro de 2017 poderemos ter, sim, problemas de abastecimento – afirma Dornelles.
Neste ano, o clima colocou, literalmente, água nas lavouras de arroz do Rio Grande do Sul. O resultado será um encolhimento da produção – que deverá ficar entre 7,1 milhões e 7,4 milhões de toneladas, ante uma expectativa inicial de 8,1 milhões e 8,24 milhões de toneladas. A produtividade e qualidade também ficarão aquém. Agora, não há risco de faltar o ingrediente de um dos pratos mais tradicionais do brasileiro. Para o próximo ano, a conversa poderá ser outra – e fevereiro é o mês decisivo, porque é quando termina a comercialização da atual safra.
É claro que a entidade precisa ser enfática para convencer, ainda mais em tempos de dificuldades econômicas e necessidades de cortes nos governos federal e estadual. Mas os números em descompasso – custos em alta e preços que não acompanham o ritmo – são razões reais para o agricultor rever parâmetros das lavouras. O valor de R$ 48 para a saca, que já foi considerado dos sonhos, hoje é tido apenas como o da necessidade, para empatar os gastos do ciclo atual, em plantações onde a produtividade ficar em torno de 7 mil quilos por hectare. Na realidade, o preço, conforme o indicador Cepea-Esalq, fica abaixo disso: na última sexta-feira, somava R$ 41,44.
Outras compromissos também estão no horizonte da Federarroz. Um é ajudar a tornar o Instituto Rio Grandense de arroz (irga) um órgão com maior independência financeira do caixa único do Estado. O outro é a busca por um novo modelo de comercialização.