Paraguai dá o start para a nova safra com aumento de 3,7% de área

 Paraguai dá o start para a nova safra com aumento de 3,7% de área

Desarrollos del Sur, no Paraguai, se preparando pra novo plantio

Área prevista é de 168 mil hectares e 1,12 milhão de toneladas em produção.

O Paraguai deu o start para a nova safra de arroz esta semana, intensificando as operações de construção de taipas e nivelamento das áreas que devem receber, a partir do próximo dia 10 de agosto, as sementes do ciclo 2020/21. Estima-se que mais de 70% das áreas receberam preparo antecipado e até o final de agosto quase a totalidade das superfícies estejam prontas para receber sementes. O plantio deve ocorrer de 5 de agosto – nas regiões mais próximas de Assunção, a 13 de novembro mas zonas mais ao Sul. Em pontos localizados as barragens não recuperam totalmente a capacidade para dar suporte à irrigação, depois de uma das piores secas da história recente do país vizinho.

A estimativa é de que os agricultores guaranis plantarão 168 mil hectares, com aumento de 3,7% sobre os 162 mil hectares cultivados na temporada passada, segundo informações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, baseada na intenção de plantio em abril deste ano. Localmente acredita-se que o crescimento pode ser um pouco maior a depender do fluxo de negócios e preços, em especial os praticados no Brasil.

A produção prevista é de 1,12 milhão de toneladas em base casca (750 mil t beneficiado), praticamente estável com relação às 1,1 milhão colhidas na temporada anterior, com produtividade estável em 6,7 mil quilos por hectare. O suprimento total será de 771 mil toneladas (branco), ainda pela projeção do USDA, e as exportações devem somar 630 mil toneladas. Vale lembrar que esta expectativa é referente a uma pesquisa realizada na fase inicial do surgimento de casos de coronavírus nos países do Mercosul.

Com isso, a previsão era de uma queda no consumo paraguaio de 110 para 105 mil toneladas (base beneficiado), que pode não se confirmar. A expectativa local é de um consumo entre estável e 5% maior, segundo agentes de negócios consultados. Localmente se estima o consumo entre 200 e 230 mil toneladas por ano no país.

Maurício da Rosa, brasileiro de Dom Pedrito (RS), é gerente da Desarrollos del Sur S.A, de San Juan Bautista, no Departamento de Misiones, no Paraguai, e vai coordenar o cultivo em uma área de 6 mil hectares de arroz. Ele está otimista, considerando que há uma expectativa de repetir produtividade próxima de 8,8 mil quilos por hectare – se o clima ajudar – e de bons preços frente ao cenário atual do mercado. “Estamos concluindo o preparo para entrar semeando a partir do dia cinco”, afirma.

Cerca 850 mil toneladas de arroz (base casca) são exportadas anualmente pelo Paraguai, sendo 60% para o Brasil e 40% para outras três dezenas de destinos. Na atual temporada as exportações começaram muito bem, ainda durante a colheita, com demanda da América Central, no entanto a seca atrapalhou bastante a logística que utiliza barcaças pelo Rio Paraná até o porto de Nova Palmira, no Uruguai. Baixo, o rio perdeu condições de navegabilidade.

Ainda assim, o arroz paraguaio teve ótima demanda no Brasil, na Bolívia e no Chile, este em especial o Tipo 2, adquirido para formação de cestas básicas após os primeiros casos de infecção por coronavírus no país da costa do Pacífico. Quase a totalidade do arroz produzido no Paraguai usa cultivares e métodos idênticos aos do Sul do Brasil, do Uruguai e da Argentina, com a produção de um grão de ótima qualidade.

O custo de insumos químicos é até mais alto que no Brasil – pois chegam em boa parte por Paranaguá, no Paraná, e têm mais um alto custo de frete, mas a produção paraguaia se torna muito competitiva por conta das diferenças abissais nos custos de energia elétrica, mão de obra, da terra e da água e da carga tributária. O acesso ao crédito também é bem mais difícil, segundo consultores técnicos e produtores brasileiros que se encontram no Paraguai.

Algumas das principais empresas paraguaias do ramo têm capital e gestores e consultores gaúchos e catarinenses, mas o número de argentinos e uruguaios também aumentou nas últimas temporadas.

Mário Bergallo, produtor de Uruguaiana há muitos anos radicado no Paraguai, do grupo Eladia/AgroAlianza, avalia que 70% da produção da última safra paraguaia já está vendida e o volume remanescente tem boas possibilidades em razão dos preços competitivos e da qualidade do grão. Há 10 dias a tonelada de arroz em casca estava cotada a US$ 250,00 para carga direta e rápida ao Brasil, mas houve valorização desde então. O Brasil tem importado pouco mais de 650 mil toneladas anuais de arroz (base casca) do Paraguai, volume equivalente a 6,2% do consumo projetado pela Conab no ano passado.  

2 Comentários

  • A ”nossa pedra no sapato” diga-se Paraguai, continua o seu processo alucinado de aumento de área.
    Com o custo de produção notoriamente mais baixo, vai continuar nos inundando com seu arroz mais barato, bagunçando como sempre o nosso mercado interno.
    Se não é o dólar mais elevado do momento, estavamos como sempre ”ferrados” em valor do saco, pois viabiliza as exportações, escoando nosso excedente. Sem falar na área que reduzimos para adequar ao consumo, que é substituída pela maior entrada do arroz dos ”hermanos” paraguaios.
    O problema MERCOSUL persiste, ainda não foi resolvido, está adormecido em função do dólar e a pandemia, precisa de solução, pois acredita-se que em breve poderá voltar com muita intensidade.!!

  • Se plantarmos entre 900.000/950.000 hectares o arrozinho dos hermanos não faz nem cócegas!!! 20 dias do nosso mercado interno!!! Nosso problema maior é os “olho grande” aqui do RS e SC que querem se atracar a aumentar área!!! Ai é que mora o perigo!!! O Paraguay aprendeu a vender pro México, Venezuela, Peru e América Central!!! Não tão nem ai mais para nós!!! Soja meus amigos… Esse ano vai ser normal de chuvas!!!

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter