Paralisação de caminhoneiros afetará PIB agropecuário no 2º trimestre
Movimento provocou interrupção na moagem de cana-de-açúcar e na produção de carnes.
A agropecuária vai bem e, mais uma vez, sobressai na evolução do PIB (Produto Interno Bruto). O início deste ano, porém, não foi tão bom como o de 2017.
O PIB da agropecuária teve uma retração de 2,6% de janeiro a março em relação a igual período do ano passado.
A paralisação da economia neste segundo trimestre, devido à manifestação dos caminhoneiros, fará com que a agropecuária perca ritmo também de abril a junho.
Boa parte das usinas do centro-sul, cujo início de safra ocorreu em abril, diminuiu o ritmo ou até suspendeu a produção nos últimos dez dias. Pelo menos 19% da safra de cana-de-açúcar ocorre no período de abril a junho.
A participação do milho também é importante, atingindo 33% no período. A falta de circulação do produto afetou não só produtores e tradings como a produção de ração, o que trouxe uma desestruturação na produção de proteínas.
A greve não permitiu a circulação do milho. A ausência deste nas granjas afetou a produção de animais e, consequentemente, a de carnes.
A cadeia de café, cuja colheita atinge 61% no segundo trimestre, também apresentou problemas. Indústrias tiveram atraso no recebimento de matéria-prima e exportadores ficaram impedidos de colocar o produto nos portos.
Tudo isso vai refletir na evolução do PIB neste segundo trimestre.
Arroz, mandioca e soja também têm peso na composição do PIB no segundo trimestre, embora a participação seja maior no primeiro.
A soja foi o grande amparo do PIB nos primeiros meses do ano. O país voltou a obter uma safra recorde, próxima de 119 milhões de toneladas, e 61% desse volume é colhido no primeiro trimestre do ano.
Outro componente importante é a participação do fumo em folha, que tem uma concentração de 51% da colheita no primeiro trimestre.
Se a evolução do PIB agropecuário do primeiro trimestre foi beneficiada pela produção recorde de soja, perdeu ritmo, no entanto, com a queda no volume de milho produzido.
A redução nas produções de arroz (menos 7%) e de fumo em folha (6%) neste ano, em relação ao anterior, também ajudou a derrubar a taxa do PIB agropecuário em 2,6%.
Essa queda estava prevista porque a base de comparação com os dados do ano passado era muito elevada. 2017 foi um período de produtividade elevada e de safra recorde —240 milhões de toneladas, e o PIB agropecuário de janeiro a março de 2017 havia crescido 18,5% em relação ao de igual período de 2016.
A agropecuária, que teve valor adicionado de R$ 94 bilhões no PIB do primeiro trimestre, cresceu 1,4% em relação ao trimestre imediatamente anterior e acumulou evolução de 6,1% nos últimos quatro trimestres, em relação ao período anterior.