Parceiros pela tecnologia

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Beatriz Pinheiro, Kanemoto e Pedro Arraes: tecnologias para desenvolver

Lei de Inovação fortalecerá tecnologias para o setor do arroz.

O estímulo à inovação, na geração de tecnologia ou no desenvolvimento de produtos e serviços, é um dos assuntos fundamentais para a sobrevivência das organizações empresariais e das instituições de pesquisa, incluídas aí aquelas ligadas à orizicultura. Nesse sentido, a chefe-geral da Embrapa Arroz e Feijão, Beatriz da Silveira Pinheiro, considera que a Lei de Inovação Tecnológica, regulamentada no final de 2005, promoverá e facilitará parcerias estratégicas entre instituições públicas e privadas, com importantes avanços para a orizicultura brasileira. 

Ela cita como pontos relevantes desta norma o compartilhamento de recursos humanos e de infra-estrutura pública e privada no desenvolvimento de projetos estratégicos, alinhados com a política industrial e tecnológica do país. Segundo Beatriz, a regulamentação e a aplicação da Lei de Inovação levarão ao desejável crescimento do número de empresas de base tecnológica, capazes de traduzir os conhecimentos obtidos pelos institutos de pesquisa e universidades em produtos acabados, bem como elevar o número de patentes registradas anualmente no país. Além disso, poderá permitir que o pesquisador detentor da invenção receba pelos ganhos advindos da exploração comercial dos produtos. 

A inovação tecnológica foi um dos temas amplamente discutidos durante o II Congresso da Cadeia Produtiva de Arroz e VIII Reunião Nacional de Pesquisa do Arroz, realizados em Brasília, e presididos por Beatriz Pinheiro. 

O coordenador do laboratório virtual da Embrapa nos Estados Unidos, Pedro Antonio Arraes Pereira, salienta que já existem muitos trabalhos de cunho inovador que vão ao encontro de mudanças radicais no cultivo do cereal. 

O pesquisador se diz impressionado com os estudos de genômica em arroz, que avançam a grande velocidade, com o depósito de muitas novas seqüências de genes. Arraes Pereira acredita que há, contudo, necessidade de maior aprimoramento na área de bioinformática para organização dos dados e interação entre os diversos grupos que atuam no setor. 

Fique de olho
O coordenador do laboratório virtual da Embrapa nos Estados Unidos, Pedro Antonio Arraes Pereira, cita a transformação do arroz, via manipulação genética, de uma espécie C3 para C4, como uma pesquisa que pode ocasionar enormes repercussões na adaptação do cereal a ambientes inóspitos e no que se refere à produção de grãos. Segundo ele, essa pesquisa pode modificar a capacidade de fotossíntese da planta de arroz, de tal maneira que o impacto dessa alteração pode ser imenso e até difícil de ser visualizado. 

Arraes pondera que outro grande desafio para a cultura do arroz será a utilização dos princípios da agricultura de precisão, como sensoriamento remoto e a obtenção de parâmetros biofísicos que monitorem as mudanças temporais e espaciais no crescimento da planta, levando a um melhor planejamento das práticas culturais, minimização dos fatores climáticos e previsão da produtividade.

 

Visão de futuro

Novas fronteiras são vislumbradas, além do âmbito da produção agrícola, também no que tange à inovação tecnológica. O setor industrial aponta rumos para além do beneficiamento do grão. Em uma panorâmica sobre o que a indústria japonesa Satake tem a oferecer, no que se refere ao processamento do arroz, o diretor Sigeharu Kanemoto apresentou a concepção de sistema de produção integrada. Enfatizou que, além da segurança e do sabor do alimento, o moderno consumidor japonês também almeja a conveniência do preparo e a exploração do valor funcional do arroz. 

As novas formas de processamento resultam em produtos ainda pouco conhecidos dos brasileiros. Há o arroz germinado integral, que possui o ácido gama-amino-butírico em concentração três vezes maior do que no arroz integral. Esse aminoácido possui propriedades medicinais reconhecidas no tratamento preventivo a males do coração e ao cérebro. O integral germinado possui ainda maior concentração de lisina, vitamina E, magnésio e fibras alimentares, podendo ser considerado como alimento funcional, isto é, capaz de atuar na prevenção ou redução do risco de algumas doenças. 

Kanemoto destacou ainda as propriedades do óleo virgem extraído do farelo de arroz, rico em substâncias como o tocotrienol, que tem efeito antioxidante para o metabolismo humano; o oryzanol, que possui atuação preventiva à arteriosclerose e hiperlipidemia; e o esterol, que previne a absorção do mau colesterol. Do farelo desengordurado podem ser ainda extraídos o inositol, vitamina do complexo B, com efeito sobre a arteriosclerose; o ácido fítico, que tem propriedades antioxidantes; e o ácido aminobutílico, que previne a hipertensão. 

Questão básica
Como convém a um sistema integrado de produção, a japonesa Satake Corporation apresenta alternativas de aproveitamento de subprodutos da industrialização do cereal. A forma mais inovadora é a recomposição do grão com a utilização dos grãos quebrados revestidos com os componentes extraídos do farelo e do germe, dando origem ao arroz funcional. O diretor Sigeharu Kanemoto destacou ainda o aproveitamento dos quebrados na panificação, confeitaria, indústria de massas e bebidas. Já a casca do arroz, além do seu uso como fonte de energia para combustão, no sistema integrado pode dar origem a briquetes para construção, carvão e vinagre.

Falou & disse
“Todas as possibilidades que se abrem ao cultivo e ao aproveitamento do cereal, na produção ou no processamento da matéria-prima, seguramente serão mais rapidamente concretizadas no âmbito da cadeia produtiva de arroz se houver o adequado estímulo às parcerias público-privadas preconizadas pela Lei de Inovação”, Beatriz Pinheiro.

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