Passos de gigante

Camil segue ampliando sua participação no mercado de arroz do Brasil e do exterior
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São poucas as empresas do segmento de arroz que sabem antecipar as necessidades de mercado e criar vantagens competitivas. Um case de sucesso nessa área pode ser ilustrado pelo crescimento da Camil. 

Fundada em 1963 como Cooperativa Agrícola Mista Itaquiense Ltda (Camil) na cidade de Itaqui (RS) – região de fronteira com a Argentina -, a empresa iniciou suas operações em um armazém de 2.700 metros quadrados comercializando arroz em sacos e outros cereais. Ao longo das três décadas seguintes consolidou-se como a maior empresa de arroz do Brasil em empacotamento, distribuição e comercialização de arroz e feijão. 

O crescimento através de várias aquisições permitiu a internacionalização da empresa e como consequência a ampliação em sua participação de mercado nos países da América do Sul. Este processo teve início em 2007 com a compra da uruguaia Saman, líder no mercado interno uruguaio, ampliando sua base exportadora para mais de 60 países. 

Com a aquisição da chilena Tucapel em dezembro de 2009, principal beneficiadora de arroz do Chile e detentora de cerca de 50% de participação no mercado local, consolidou sua liderança com a expectativa de faturamento de R$ 1,7 bilhão em 2010. 

Além de comprar rivais, a aquisição de fábricas também foi estratégica para a Camil no sentido de ampliar a capilaridade da empresa, que hoje conta com oito unidades industriais no Brasil, distribuídas entre o Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais e Pernambuco. 

Em 2001 a Camil fez duas compras: uma termelétrica que funciona a partir da queima de casca de arroz, em Itaqui, e uma planta industrial em Camaquã (RS) para beneficiar arroz branco. Em 2003 foi adquirida uma unidade de beneficiamento de feijão verde em Minas Gerais. Recentemente foi a vez da beneficiadora de arroz Pampasul, de Rio Grande (RS), ir parar nas mãos da Camil. 

Em 2009 a Camil foi escolhida pela revista Exame como a Empresa do Ano do Agronegócio. A companhia planeja manter a estratégia de crescimento tanto no mercado doméstico como externo. O presidente da Camil, Jairo Santos Quartiero, confirma que a companhia continua a prospectar novas oportunidades de aquisição tanto no Brasil como no exterior. 

Ainda de acordo com a revista Exame, outra prova de que apesar da longevidade a empresa mantém-se “antenada” com as novas tendências é o fato de a Camil ter sido uma das pioneiras a receber em 2006 por créditos de carbono gerados na termelétrica, que ao queimar casca de arroz evita a produção do gás metano resultante da decomposição. 

O ROTEIRO DA EXPANSÃO

1963
A Camil é fundada em 30 de julho, no município de Itaqui (RS), em um armazém de 2.700 metros quadrados.

1974
Passa a distribuir arroz empacotado em embalagens plásticas de cinco quilos. Até então, o produto era comercializado em conchas nos pontos-de-venda.

1975
Inaugura em São Paulo o primeiro centro de armazenagem, distribuição e atendimento para suprir pontos-de-venda em outros estados.

1985
Instala um engenho de arroz na capital paulista, onde o cereal é empacotado. Isso contribui para melhorar a distribuição e reduzir o prazo de entrega para até 48 horas.

1991
Transfere sua sede administrativa para a capital paulista, visando ao crescimento da capacidade instalada e à intensificação da distribuição.

1997
Torna-se uma sociedade anônima e um ano depois passa a atuar em sociedade com a TCW, empresa norte-americana voltada à administração de recursos.

1999
Faz sua primeira aquisição com a incorporação de 18,2% da Josapar.

2001
A segunda aquisição: Saman, de Recife (PE), segunda marca mais vendida no Nordeste. Adquire ainda a marca Pai João, uma das líderes em vendas no Ceará. Também adquire uma planta industrial em Camaquã (RS) para o beneficiamento de arroz branco.

2002
É incorporada a segunda parte da planta industrial em Camaquã, exclusivamente para produção de arroz parboilizado. Também adquire a marca Príncipe, uma das mais vendidas no RJ.

2005
Investe em expansão da estrutura logística, abrindo unidades e centros de distribuição no Sudeste, Nordeste e Centro-oeste.

2006
Recompra as ações em poder do TCW e concentra seus investimentos na produção industrial.

2007
Adquire a Saman, maior empresa de arroz do Uruguai com oito plantas produtivas. Atualmente 95% de sua produção é destinada a exportações, abrangendo mais de 50 países.

2008
Adquire mais uma unidade produtiva, desta vez na região de Rio Grande (RS). Sua função logística privilegiada contribui na competitividade para o mercado externo, além de ampliar sua capacidade na produção de arroz parboilizado.